29/09/2012

Da saúde para o conhecimento, colina de Santana descobre nova vocação.


Muita Atenção e Vigilância para este Processo!!
"O debate agora é como utilizar estes espaços? Para isso constituímos uma equipa alargada de arquitectos para cada território, que será coordenada pela arquitecta Inês Lobo. Vamos propor a reutilização dos edifícios de valor patrimonial reconhecido, e a demolição de tudo o que não tem valor, aumentando o espaço público permeável e completando a malha. Trata-se da regeneração de um território obsoleto e o grande desafio que agora que se coloca é descobrir uma nova vocação para aquela que era a "colina da saúde"."
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Da saúde para o conhecimento, colina de Santana descobre nova vocação
Por nuno ferreira santos Carlos Filipe in Público
A construção do Centro Hospitalar Oriental, em Chelas, poderá levar à regeneração dos antigos hospitais da "colina da saúde", para onde a câmara quer atrair pólos culturais e do conhecimento

É ainda informal, mas já tem slogan: a colina da "saúde" deverá passar a ser conhecida como a colina do "conhecimento". Zona consolidada, central, uma das sete colinas de Lisboa, a de Santana, está encravada entre dois grandes vales, os da Avenida da Liberdade e Almirante Reis, mas é urbanisticamente considerada obsoleta, ocupada por vários hospitais com fim de ciclo anunciado assim que for construído o Centro Hospitalar Oriental de Lisboa, em Chelas. A ideia é ocupar alguns dos espaços libertos com equipamentos municipais ligados ao conhecimento, à cultura, à academia de Lisboa, às actividades criativas. Porque têm um impacte económico muito importante na economia do país, sintetizou, quinta-feira à noite, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado.

Para uma assistência composta por estudantes de Arquitectura do Instituto Superior Técnico, e a finalizar um conjunto de conferências de reflexão sobre a cidade (e como deverão os arquitectos compreendê-la), o autarca, também arquitecto, dirigiu particular enfoque ao tema da regeneração da cidade, que a par da reutilização e da reabilitação das infra-estruturas e edificado são as peças-mestras do novo Plano Director Municipal. "A cidade é muito mais que a sua estrutura física, são as pessoas que a habitam e nela trabalham e as actividades que nela ocorrem", destacou Manuel Salgado, precisando que 82% do território de Lisboa está "consolidado, está fechado", afirmando que resta agora aplicar-lhe algum daqueles três "r".

Cabia-lhe falar do desenho urbano, mas o arquitecto orientou a sua exposição para a intervenção na cidade existente, e dissertou sobre as obras em curso, na Ribeira das Naus, ou a construção da nova sede da EDP, na Av. 24 de Julho, e sobre as implicações que aquela terá no tecido urbano local. Mas deteve-se particularmente na regeneração, descartando novas extensões de cidade - que não tem para onde crescer -, dando o exemplo da colina de Santana, um território de 183 hectares.

"É um território resiliente, sobreviveu ao terramoto de 1755, mantendo-se ali um conjunto de conventos e suas cercas que não foram apanhadas pelo nova malha pombalina nem pelo plano de Ressano Garcia, que desenhou para o planalto. É um território quase virgem, todo ocupado e estável. Só os conventos mudaram de uso, adaptados para hospitais - Miguel Bombarda, Capuchos, São José, Santa Marta, São Lázaro e Desterro."

Preservação e abate

O vice-presidente da câmara anunciou que está em curso a reinvenção de tais espaços, perspectiva viabilizada assim que construído o novo grande hospital em Chelas, que acolherá todos os serviços daquelas unidades históricas. "Há estruturas completamente abandonadas, outras ainda a funcionar, mas que mantêm património extraordinário herdado dos antigos conventos - há azulejos fabulosos -, mas têm um conjunto enorme de anexos sem qualquer qualidade que foram preenchendo todos os espaços vazios, única forma de permitir que os hospitais persistissem até hoje", precisou Salgado. E lançou uma interrogação: "O debate agora é como utilizar estes espaços? Para isso constituímos uma equipa alargada de arquitectos para cada território, que será coordenada pela arquitecta Inês Lobo. Vamos propor a reutilização dos edifícios de valor patrimonial reconhecido, e a demolição de tudo o que não tem valor, aumentando o espaço público permeável e completando a malha. Trata-se da regeneração de um território obsoleto e o grande desafio que agora que se coloca é descobrir uma nova vocação para aquela que era a "colina da saúde"."

Segundo o autarca, já existe debate com a Universidade Nova - a escola médica situa-se ali, o Instituto Câmara Pestana (projecto de Gonçalo Byrne, pronto para inaugurar) também, e há "já estudos prévios da intervenções para seis locais, que são de elevada qualidade, e que, quando realizados, serão um grande ganho para a cidade".

Mais elevadores

O arquitecto disse que haverá ali lugar para nova construção, mas serão necessárias novas ligações entre os vales, e que estas serão feitas com recurso a percursos pedonais assistidos, sendo vencidas as diferenças de cota com recurso a elevadores, a exemplo do que está a ser feito na Rua dos Fanqueiros, para o acesso ao Castelo de São Jorge.

O senão chama-se economia e a sua (falta de) aceleração: "Se estivéssemos em crescimento da economia, obviamente que haveria, no imediato, ocupações para o terreno que vai ficar livre." Mas, acrescenta "já existe slogan para a colina, que deve ser do conhecimento. Significa isto envolver a universidade, localizar ali equipamentos municipais ligados a esse conhecimento, sejam arquivo histórico, biblioteca e outros, e em articulação com a academia diversificar a economia do conhecimento e desenvolver ali actividades criativas. Pequenas actividades, para pequenos espaços, mas que mobilizam muita gente. A cultura tem um impacte no PIB [produto interno bruto] superior a 2%, e isto é algo de que as pessoas não têm a noção, mas é um investimento muito importante para a cidade e para o país."

2 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Vereador,

chamar à colação o Instituto Câmara Pestana é passar um atestado de mediocridade a este que parece ser um bom processo de intenções a que chamou Colina da Saúde.
É que o que o tal de Byrne - que desenhou os monstros em Cascais que ninguém gosta além de quem lá comprou apartamentos - fez aí, no Instituto Cãmara Pestana (o Pasteur português) mais um monstro de pseudo-design num edifício que tinha tudo para se manter um charme.
Eu conheço por dentro os edifícios centrais e pergunto-me: o que é feito dos laboratórios do séc. XIX e principio do Séc. XX, maravilhosos, que davam um museu único em Lisboa? E o magnífico retrato da fundadora, a Raínha D. Amélia?
E já agora, o Hospital Miguel Bombarda também faz parte da Colina da Saúde? É que não está a ter muita sorte com o que projetam para ele!

Anónimo disse...

MUITA ATENÇÂO:

http://www.youtube.com/watch?v=d7BKsOqT1Lw&feature=player_embedded#!