Por Marisa Soares, Público de 3 Junho 2014
O grupo do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) na Assembleia
Municipal de Lisboa pediu explicações à câmara sobre as perfurações iniciadas
na semana passada na Praça do Príncipe Real e a eventual construção de um
parque de estacionamento subterrâneo naquele local. Os deputados consideram
que, a concretizar-se, o projecto pode pôr em causa “um dos jardins mais
emblemáticos” da capital.
O PEV
quer saber se o executivo camarário tem conhecimento das perfurações e se está
a acompanhar os trabalhos, em conjunto com a Direcção Geral do Património
Cultural (DGPC). “Pode a Câmara de Lisboa garantir que a construção deste
parque de estacionamento subterrâneo e respectivos acessos não afectará o
jardim do Príncipe Real e as galerias do Aqueduto das Águas Livres?”,
questionam os deputados.
Na semana passada, o grupo Amigos do Príncipe Real alertou no
seu blogue para a presença de máquinas de perfuração na praça. Os membros deste
movimento acreditam que a câmara se prepara para autorizar o “malfadado
projecto” de parque de estacionamento, que tem já 13 anos mas foi sendo
bloqueado pelo protesto de moradores e ambientalistas.
Na sexta-feira, o director-geral da empresa responsável pelo
projecto, a espanhola Empark, explicou ao PÚBLICO que
as sondagens visam o estudo hidrogeológico do local, para incluir no projecto
que ainda há-de ser sujeito à aprovação da câmara. Paulo Nabais garantiu que a
empresa tem autorização municipal para realizar as perfurações, que estão a ser
realizadas com “acompanhamento permanente” dos técnicos camarários.
As sondagens hidrogeológicas foram autorizadas pela DGPC,
segundo disse ao PÚBLICO fonte do gabinete de comunicação deste organismo. A 14
de Janeiro, a DGPC emitiu um despacho desfavorável ao projecto apresentado pela
Empark, referindo que faltava esclarecer “cabalmente” os impactos negativos da
construção do parque no Reservatório da Patriarcal, uma cisterna do século XIX,
cujos pilares estão situados no subsolo do jardim. Na sequência desse despacho,
a empresa apresentou um pedido para realização do estudo hidrogeológico da
zona.
O PEV quer também saber se se confirma a possibilidade de uma
empresa americana vir a construir mais uma cave num edifício na Rua da Escola
Politécnica, de forma a albergar um parque de estacionamento público. Esta hipótese foi avançada ao PÚBLICO pelo ex-vereador da Mobilidade, Fernando
Nunes da Silva, em Julho de 2012.
“Pode a Câmara de Lisboa garantir que a construção destes
parques de estacionamento e respectivos acessos não afectarão a estabilidade
dos centenários edifícios da Praça, muitos dos quais são património
classificado?”, lê-se no requerimento assinado pelos dois deputados do PEV na
Assembleia Municipal, Cláudia Madeira e José Luís Sobreda Antunes.
O partido quer também saber se os moradores e comerciantes da
zona foram informados sobre os projectos e conhecer a política de mobilidade
defendida pela autarquia para o eixo entre o Cais do Sodré - Príncipe Real –
Rato.
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