26/01/2007

Largo de São Carlos é armazém a céu aberto

In Público (26/1/2007)

«Na minha opinião, a esplanada do restaurante do Teatro de São Carlos tem um impacto visual negativo no Largo de São Carlos.
As pequenas dimensões do Largo de São Carlos não comportam uma esplanada de grandes dimensões como aquela. A esplanada ocupa 1/4 da totalidade do espaço do largo. Nunca deveria ter sido licenciada uma esplanada com aquela escala.
No período do Verão, as 65 mesas (e chapéus de sol de grandes dimensões) têm um carácter muito intrusivo. O aspecto geral assemelha-se mais a uma feira do que a um largo histórico, num bairro que tem aspirações a ser classificado como Património da Humanidade.
Durante o Inverno o cenário é igualmente negativo: todas as mesas e restante equipamento de esplanada é deixado pura e simplesmente no largo como se este fosse um armazém privado a céu aberto. As mesas metálicas já estão a manchar com ferrugem as pedras que revestem o piso do Largo de São Carlos. Nos dias de vento, os grandes chapéus de sol são atirados ao chão, criando assim um cenário ainda mais desarrumado.
Não deveria o proprietário do restaurante armazenar fora do local todo o equipamento da esplanada durante o período de Inverno? Deixá-lo ali a sujar e a atravancar o Largo de São Carlos é que não me parece correcto. Afinal, o Largo de São Carlos ainda é um espaço público. O Teatro de São Carlos, classificado monumento nacional, merece um enquadramento digno da sua importância patrimonial para o país.
Este não é o único caso de ocupação desorganizada e desqualificadora do espaço público em bairros históricos de Lisboa. As esplanadas dos restaurantes na Rua das Portas de Santo Antão e na Rua dos Correeiros são casos considerados graves que só envergonham a cidade. São já referidos em alguns guias turísticos internacionais como "pontos negativos" de Lisboa.
Já fiz um apelo, por escrito, à Junta de Freguesia dos Mártires, Câmara Municipal de Lisboa, Ippar e ATL (Associação Turismo de Lisboa) para que tomem todos um papel mais activo na promoção de boas práticas de utilização dos espaços públicos nos bairros históricos da nossa cidade. Lisboa só tem a ganhar se houver um regulamento, e uma fiscalização, mais rigoroso nesta matéria.
Joaquim Lara
Lisboa
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1 comentário:

Anónimo disse...

Meu amigo, é Grupo Silva Carvalho e está tudo dito. Lembremo-nos das esplanadas de Verão na Praça do Comércio e no Parque Eduardo VII