Alvalade ganhou uma
biblioteca e em Marvila a construção de um novo equipamento está já em curso.
Mas no caso da Hemeroteca, que vai ser relocalizada na Lapa, o projecto ainda
nem sequer está concluído.
Por Inês Boaventura, Público
de 15 Março 2014
A primeira obra a ser concluída foi a da Biblioteca dos Coruchéus
Foto de José Sarmento Matos
Foto de José Sarmento Matos
Das seis intervenções que a Câmara de Lisboa tinha previsto
realizar na sua rede de bibliotecas até ao fim de 2013, apenas três foram já
concretizadas. A relocalização da Hemeroteca Municipal no antigo Complexo
Desportivo da Lapa é a mais atrasada, limitando-se o município a dizer que a
solução para este espaço ainda está em fase de estudo.
As
intervenções em causa estão contempladas no Programa Estratégico Biblioteca
XXI, que foi aprovado pela Câmara de Lisboa em Maio de 2012, com o objectivo de
promover a requalificação da rede municipal. Esse plano surgiu na sequência de um estudo, realizado dois anos antes, que
identificava como alguns dos problemas a resolver a cobertura territorial muito
insuficiente e a existência de edifícios desadequados à sua missão.
Segundo anunciou a vereadora da Cultura em meados de 2012, até
ao final do ano seguinte a Câmara de Lisboa previa concretizar seis obras:
requalificação e ampliação da biblioteca Palácio Galveias, requalificação das
bibliotecas Camões e de Belém, relocalização da Hemeroteca Municipal na Lapa e
abertura de dois novos equipamentos, no Palácio dos Coruchéus (Alvalade) e na
Quinta das Fontes (Marvila).
De acordo com informações enviadas ao PÚBLICO pelo gabinete da
vereadora Catarina Vaz Pinto, apenas três dessas intervenções foram já
realizadas. A primeira obra a ser concluída foi a da Biblioteca dos Coruchéus, inaugurada em Abril de 2013 com a ambição de ser “a primeira
página numa nova fase da vida das Bibliotecas Municipais de Lisboa”. Este
equipamento, que teve um custo de 40 mil euros, veio substituir um outro,
também em Alvalade, que tinha sido encerrado em 2009 por razões de segurança.
No primeiro semestre de 2013, o município concluiu as obras de
“requalificação e ampliação” da Biblioteca Camões (Misericórdia), que tiveram
um custo de cerca de 25 mil euros. De acordo com informações da Câmara de
Lisboa, na mesma altura chegaram ao fim os trabalhos de “conservação e
requalificação do interior e exterior do edifício” da Biblioteca de Belém
(Santa Maria de Belém), orçados em perto de 108 mil euros.
Mas nem tudo ficou concluído nesse equipamento: por fazer estão
ainda as “obras referentes à requalificação da envolvente, dos espaços
exteriores e a adaptação do antigo espaço da cozinha a cafetaria”. A previsão
da vereadora da Cultura é que esses trabalhos, com um custo de cerca de 72 mil
euros, se iniciem “no início do 2º semestre de 2014”, prolongando-se por dois
meses.
Em curso, desde Dezembro do ano passado, está a construção de
uma nova biblioteca em Marvila, orçada em 2,5 milhões de euros. Os trabalhos de
“adaptação e ampliação do antigo espaço da Quinta das Fontes” deverão estar
concluídos em Dezembro de 2014.
Mais atrasada está a requalificação da Biblioteca Palácio
Galveias (Avenidas Novas), a biblioteca central de Lisboa. Na passada
quarta-feira, a Câmara de Lisboa aprovou uma proposta para a contratação da
empreitada de “requalificação e conservação” do edifício, por um preço base de
1,7 milhões de euros e um prazo de execução de 330 dias.
Na proposta diz-se que “as actuais instalações se tornaram
pequenas para responder às necessidades e expectativas dos utilizadores” e que
as condições de trabalho são “deficitárias”, fazendo-se “com poucos recursos e
tecnologias”.
Mas o caso mais complicado é mesmo o do antigo Complexo
Desportivo da Lapa, onde o município pretende relocalizar a Hemeroteca
Municipal, equipamento que até Setembro de 2013 funcionou no Palácio dos Condes deTomar, no Bairro Alto. Desde essa altura, o Serviço de Referência
Especializado em Publicações Periódicas (que segundo a autarquia “serve para
ajudar a pesquisar, informar e encaminhar os leitores e investigadores
especializados” para locais alternativos) está a funcionar na Biblioteca
Camões. A consulta do acervo da hemeroteca não é possível.
Em Outubro passado, a Câmara de Lisboa transmitiu ao PÚBLICO que
“a solução para o complexo [da Lapa] ainda está em estudo”, acrescentando que o
projecto em desenvolvimento iria incluir duas vertentes: “cultural e
desportiva”. Cinco meses volvidos, a resposta do município é exactamente a
mesma, o que leva a supor que a relocalização da Hemeroteca Municipal que tinha
sido anunciada para 2013 nem em 2014 se concretizará.
O Programa Estratégico Biblioteca XXI previa ainda um conjunto
de obras a curto e médio prazo, por forma a cidade tivesse, até 2024, oito
“bibliotecas âncora” e 18 de bairro. Entre elas a construção de um equipamento
na Alta de Lisboa e de outro em Benfica, na antiga Fábrica Simões.
Há 14 freguesias sem bibliotecas
O concelho de Lisboa tem 24 freguesias e apenas 12 bibliotecas municipais. Isso mesmo foi sublinhado pela deputada municipal Simonetta Luz Afonso, que no mandato anterior presidiu à Assembleia Municipal, na última reunião deste órgão autárquico.
O concelho de Lisboa tem 24 freguesias e apenas 12 bibliotecas municipais. Isso mesmo foi sublinhado pela deputada municipal Simonetta Luz Afonso, que no mandato anterior presidiu à Assembleia Municipal, na última reunião deste órgão autárquico.
“É difícil que numa cidade como Lisboa haja freguesias sem uma
única biblioteca”, afirmou a presidente da Comissão Permanente de Cultura. Para
resolver o problema, Simonetta Luz Afonso defendeu que seria “interessante” que
a Câmara de Lisboa “mandasse uma carrinha” do Serviço de Bibliotecas
Itinerantes para as zonas da cidade com carências a este nível. A vereadora da
Cultura, Catarina Vaz Pinto, não respondeu à sugestão, mas sublinhou que as
bibliotecas “são um equipamento central de acesso ao conhecimento e à cultura”.
Ajuda, Beato, Benfica, Campolide, Estrela, Marvila, Santa Maria
Maior, São Domingos de Benfica, Alcântara, Areeiro, Campo de Ourique, Santa
Clara, Santo António e São Vicente são as 14 freguesias de Lisboa sem uma
biblioteca da rede municipal. As freguesias do Lumiar e das Avenidas Novas têm
duas bibliotecas cada uma.
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