25/03/2014

Residência de estudantes no Intendente

O projecto, apresentado pela Estamo à Câmara de Lisboa, prevê 239 quartos, espaços comerciais, "áreas de estar, de leitura, de estudo e de refeições".
Por Inês Boaventura, Público de 25 Março 2014


A Câmara de Lisboa discute esta quarta-feira a construção de uma residência de estudantes, com 239 camas, no Intendente. O vereador da Reabilitação Urbana, Manuel Salgado, considera que este é “um projecto importantíssimo”, porque vai permitir “trazer gente nova para a Mouraria”.
O pedido de licenciamento para esta operação, nos números 57 e 58 do Largo Intendente Pina Manique, foi apresentado ao município pela Estamo, a imobiliária de capitais exclusivamente públicos. Para o local chegou a seu anunciada a instalação do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, projecto que o presidente da câmara anunciou em 2012 que tinha sido abandonado.
Na proposta que vai ser discutida quarta-feira diz-se que o novo equipamento vai ter “uma diversidade de espaços destinados a comércio (loja/bar/cantina), recepção, área administrativa, 239 quartos, áreas de estar, de leitura, de estudo e de refeições”, numa área de intervenção de cerca de 1700 m2.
O edifício em questão, um palacete pombalino, está classificado como Imóvel de Valor Concelhio. Na memória descritiva do projecto diz-se que haverá lugar à “manutenção da actual fachada, inalterada e recuperada como uma ‘memória’ do antigo revestimento em azulejo, funcionando como ‘grande cenário’, atrás do qual se monta um edifício de características bastante regulares, de revestimento em superfícies de vidro e reboco”.
Nesse documento acrescenta-se que “a iluminação posterior da fachada a manter, com efeito cenográfico e a aposta em fundações pontuais e estrutura metálica, garantem grande celeridade de montagem, leveza e menor interferência com a vivência do largo onde se insere”.
A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) deu um parecer de aprovação condicionada a este projecto. Os técnicos desta entidade consideraram que “a obra proposta se harmoniza em termos volumétricos com a envolvente e não prejudica a fruição visual dos bens imóveis classificados próximos”, tendo determinado que “o local deverá ser objecto de trabalhos arqueológicos com plano a aprovar pela DGPC”.
Em declarações ao PÚBLICO, o vereador da Reabilitação Urbana frisou que este é “um projecto importantíssimo” para o “rejuvenescimento” da Mouraria.
Em Abril de 2011 o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, mudou o seu gabinete de trabalho da Praça do Município para o Largo Intendente Pina Manique, com o objectivo anunciado de imprimir a esta zona da cidade “a dinâmica de regeneração” de que carecia.  


6 comentários:

Anónimo disse...

Alguém consegue esclarecer-me como serão as janelas? Parece-me pela imagem que mais uma vez haverá descaracterização das mesmas.

Afonso disse...

Ainda por cima são as de vidro único que são simplesmente as mais feias de todas.

A.lourenço disse...

Acho bem o projecto mas de facto as janelas são horríveis

Anónimo disse...

Mais um contributo para a Disneylândia.
A receita é sempre a mesma:
moradores "de curta duração", desenraizados, mas que dão colorido e juventude ao centro, gente do projecto Erasmus, gente moderna;
Manutenção da fachada e volumetria, para parecer que ainda é o que era, mas... lá por dentro é mais ou menos os interiores de Massamá, só que no centro da cidade e com gente intelectual e estrangeira;
Tudo em nome do repovoamento do centro de
Lisboa;
E claro durante a execução da obra muito festival de luz, para acentuar a modernidade da antiga fachada e fazer brilhar a equipa projectista.

JJ disse...

Ó Anónimo, quer repovoar o centro com quem, então? Com os jovens que este país não produz? Com os velhos que já não conseguem subir escadas? A outra alternativa para a "Disneylândia", como lhe chama, são ruas desertas, uma cidade lúgubre, infraestruturas podres e decadentes e um coro de ressabiados ainda a mandar pedras a quem quer fazer diferente.

Anónimo disse...

Caro JJ, ressabiados como lhes chama preocupados com o tecido urbano e social da cidade, e que não precisam de recorrer ao insulto para expor a sua opinião. Que acreditam na cidade como um elemento vivo capaz de se adaptar ao longo do tempo, de forma sustentada e sem recorrer a artificialismos, como um conjunto intergeracional em que cabe toda a população, uma cidade viva e inclusiva.
Isto diz-lhe alguma coisa?