22/11/2018

Martim Moniz - Petição e pedido de anulação da concessão da Praça e proposta de metodologia e concurso público

petição pública:

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT91194


Exmo. Senhor Presidente
Dr. Fernando Medina,
Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado


C.c. AML, JF e media

Há muito tempo (várias décadas) que a Praça do Martim Moniz (MM) se tornou um problema urbanístico quase insanável na cidade de Lisboa, muito por força da transformação radical de que foi alvo nos anos 40 e de que nunca recuperou, tendo, contudo, atingido o “grau zero” nos anos 90 aquando das mudanças efectuadas em termos estruturais na praça, em alguns casos irreversíveis (ex. o estacionamento subterrâneo).

Com efeito, essas mudanças, elas próprias, constituiriam a partir daí mais um forte obstáculo a que o Martim Moniz pudesse vir a ser o que a cidade merece, e continua a não ser. Em certo sentido, a saída do MM do famoso “mercado” foi uma oportunidade perdida em termos do “fazer cidade”. E as medidas e os projectos que a partir daí, e ciclicamente, foram sendo anunciados pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) como “a” solução definitiva para o problema, redundaram num imenso “flop”.

Falharam as previsões, desperdiçaram-se verbas do erário municipal em medidas de cosmética e de utilização do espaço público avulsas e inconsequentes, falhou a aposta na “animação cultural” da zona, e, pior, o espaço público tornou-se miserável, contrariando o efeito multiplicador do chamado “empreendimento EPUL”, que tentava ser um factor de mudança para melhor de toda a Praça. Também a ampliação desmedida do Hotel Mundial não ajudou, transformando o dito num “digno” parceiro dos inenarráveis centros comerciais, que nos anos 90 se tentou demolir, já aí sem sucesso.

Chegados ao presente, tornou-se evidente que o modelo implementado de criação sistemática de eventos e de animação forçada do local o degradaram física e socialmente.

Em certa medida, fez-se um gueto onde não se queria. Tal é notório e denegado pela autarquia e pelas entidades em seu redor e dela dependentes, o que acabou por ser recentemente admitido pelos responsáveis camarários.

E perante o óbvio, o que propõe agora a CML?

A concessão do espaço público do MM e da respectiva “animação” a uma empresa privada, por algumas décadas, empresa essa que ficará incumbida do rearranjo paisagístico da praça, mas, pasme-se, assentando esse rearranjo exactamente no mesmo modelo que comprovadamente falhou, apenas transformando as barracas em contentores com lojas e restauração "gourmet"!

Lamentamos verificar quão terrível é a falta de planeamento estratégico por parte da CML e a falta de capacidade da mesma em reconhecer o erro e de aprender com a experiência acumulado.

Isso e o óbvio:

· De um pequeno largo nos idos anos 30 se demoliu indiscriminadamente edificado e palácios na ânsia de erguer uma praça imperial, de que resultou um terreiro sem jeito.
· A possibilidade efectiva daquele espaço poder ser espaço público de qualidade apenas resultará da sua fruição colectiva, de uma praça, não de um parque de diversões, não de um aglomerado de pequenos parques temáticos, mas de um parque de onde e onde se façam equilíbrios, consensos, harmonias e disfrutes da magnífica paisagem que, todavia, Lisboa proporciona.
· O Martim Moniz só pode melhorar com a acalmia e não com “animação” pois é uma zona da cidade que tem estado permanente em ebulição.
· Essa acalmia só poderá acontecer com a transformação do Martim Moniz numa verdadeira praça, onde haja árvores, bancos de jardim.

Nesse sentido, propomos à CML:

1- A anulação da presente concessão e do projecto em causa, e a reformulação completa do programa de reabilitação da Praça.
2- A abertura imediata de um período de consulta pública sobre os parâmetros paisagísticos (redesenho da praça, definição das áreas verdes e tipo de arvoredo, desenho dos percursos pedonais, características do mobiliário urbano, eventual presença de 1 quiosque, eventual colocação de gradeamento como medida de segurança no caso de se verificar uma manifesta incapacidade de policiamento eficaz por parte dos efectivos da esquadra do Palácio Folgosa) exigíveis no programa (caderno de encargos) com vista ao lançamento de um concurso público.
3- A abertura de um concurso público internacional para a reabitação paisagística da Praça, assente nos parâmetros definidos no ponto 2.
4- Garantir o assento de representantes de moradores enquanto membros do júri respectivo.
5- Levar a referendo local (consultivo) as várias opções listadas pela autarquia.
6- Garantir a boa manutenção da Praça, através da celebração de protocolos com as associações locais.

Mais informamos que tornámos este nosso pedido também em forma de petição pública:

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT91194

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Nuno Franco Caiado, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Barbosa, Rui Martins, Júlio Amorim, Pedro Janarra, Jorge Pinto, Inês Beleza Barreiros, Bruno Rocha Ferreira, Margarida Pardal, Pedro Gomes, Helena Espvall, Fernando Silva Grade, Pedro Malheiros Fonseca, Virgílio Marques, Henrique Chaves, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Vasco Franco

3 comentários:

Alvaro Pereira disse...

Se aquela praça já é feia, agora querem deixá-la mais feia!

Anónimo disse...

Esta praça só vai lá com novas demolições, como o cc da mouraria, aquele edifício do lado esquerdo do hotel mundial, tal como se vê na imagem, que tem umas esplanadas e é absolutamente horrendo, o hotel mundial podem esquecer porque nunca vai sair daqui. O centro da praça precisa de ser coberta com calçada portuguesa bem pensada a nível estético, simples e eficaz. Mas a grande questão que se coloca aqui é: como é que foi possivel tanta asneira? Por quantas pessoas passaram estes projetos? Ninguém disse nada? Gostaram e gostam daquilo que fizeram? E responsabilidades? Enfim....
Em relação ao ambiente, toda a zona apresentava melhorias graduais ao longo dos anos, apesar de lenta, porque estava atrair para a zona gente mais jovem, nacional e estrangeira, que entretanto foi embora porque ninguém pode pagar aqueles preços e a zona está de novo a definhar socialmente. Agora só turistas e o degredo do passado. Boa CML, parabéns .

Anónimo disse...


É assim que se estoura o nosso dinheiro,
não é em conservação !!