12/09/2008

Moradores do Bairro de Santa Cruz pedem à PGR investigação à Estradas de Portugal sobre obras na CRIL

In Público (12/9/2008)

«A comissão de moradores do Bairro de Santa Cruz (Benfica) pediu ontem ao procurador-geral da República que mande investigar as ligações de responsáveis das Estradas de Portugal (EP) a empresas que fazem estudos na área do ambiente e da arqueologia, relativos a obras da EP.
Citando notícias divulgadas no sábado pelo PÚBLICO, que apontam ligações de técnicos superiores da EP à empresa Geoarque, responsável por grande parte dos estudos de arqueologia encomendados pela EP, os moradores do Bairro de Santa Cruz, afectados pela construção do último troço da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), lembram que já tinham denunciado uma intenção de "ocultar património arqueológico" descoberto na zona da Buraca, envolvendo um daqueles técnicos.
"A serem verdade estas ligações de altos funcionários da EP às firmas a quem são entregues os estudos ambientais e arqueológicos necessários para as obras da responsabilidade daquela empresa, estes trabalhos não nos merecem credibilidade alguma", disse à agência Lusa Jorge Alves, daquela comissão de moradores. "Exigimos que esta situação seja investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que se apure toda a verdade", disse, acrescentando que "alguns funcionários citados nas notícias" fazem parte da fiscalização da obra da CRIL. "Que confiança podemos nós ter nestas pessoas?", questiona Jorge Alves, explicando que os moradores já em Julho tinham revelado uma descoberta que terá sido feita durante as obras da CRIL, junto à parede do Aqueduto das Águas Livres, e que - dizem - "foi ocultada do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar)" por um técnico da EP. De acordo com Jorge Alves, as informações prestadas ao Igespar sobre aquela descoberta por um dos técnicos da EP que, segundo o PÚBLICO, controlam a Geoarque, firma que fez a prospecção arqueológica da obra da CRIL, não coincidem com fotos do local a que os moradores tinham tido acesso.
Na altura, fonte do Igespar confirmou a disparidade de informações, tendo enviado para o terreno um arqueólogo para averiguar a situação. A comissão de moradores pede igualmente ao primeiro-ministro que "mostre as suas preocupações ambientais" em relação à CRIL e acusa o Governo de ter "apenas preocupações eleitoralistas relativamente a esta obra". "No contrato com a Bento Pedroso, a quem foi adjudicado o último troço da CRIL, há uma cláusula que encurta a duração da obra de 700 para 670 dias, precisamente para terminar em Julho de 2009, a tempo de ser usada na campanha eleitoral", afirmou Jorge Alves.
A administração da EP mandou abrir um inquérito às ligações de dois dos seus técnicos à Geoarque depois de, na semana passada, ser questionada pelo PÚBLICO acerca do assunto. »

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