19/03/2009

A água não se fabrica


Decorre esta semana em Istambul na Turquia o Vº Fórum Mundial da Água para debater o problema da escassez de água.

Prevê-se que dentro de 20 anos, cerca de 2/3 da população mundial sofra com a escassez de água. Os próximos conflitos e guerras no mundo serão em função do controle de rios e albufeiras e da distribuição da água. Também em Portugal, a permanência dos actuais padrões de consumo de água poderá provocar a escassez de água.

Quem vive em locais onde basta abrir a torneira para obter água potável, esquece que essa água sofreu um processo de tratamento e transporte dispendioso.

A Matriz da Água de Lisboa elaborada pela Agência Lisboa E-Nova em 2006, reúne informações surpreendentes: O consumo anual de água é de 74,5 milhões de m3. As perdas são de 19,5 milhões de m3. Cerca de 42% do consumo de água corresponde a usos domésticos. Destes, 49% é gasto em duches e 22% em autoclismos. A câmara consome 7 milhões de m3 de água para regas e lavagens de ruas e cerca de 59 milhões de m3 de águas residuais tratadas não têm qualquer aproveitamento.

É urgente mudar comportamentos no uso da água. O gesto de cada um conta.

É necessário continuar a investir na diminuição das perdas ainda significativas em Lisboa. Por outro lado, é urgente aplicar uma política integrada para o uso racional da água, através da generalização de sistemas de rega automática racional, da adopção de plantas com baixas exigências hídricas nos jardins, mas também pelo aproveitamento da água residual tratada para a rega e lavagem de ruas. Lisboa pode e deve dar o exemplo no uso sustentável da água.

A água não se fabrica. Urge promover o uso racional e sustentável de um recurso tão valioso como é a água.
António Prôa


texto publicado no jornal Meia Hora

1 comentário:

A.lourenço disse...

É também absolutamente necessário lutar contra a privatização da água. Esta possível privatização será um crime contra o País.