18/03/2011

Museu da História e da Cultura Judaica está num impasse por falta de financiamento

A criação do Museu da História e da Cultura Judaica, anunciada pelo presidente da Câmara de Lisboa em Maio de 2008, não tem qualquer prazo previsto para a sua concretização. António Costa tem-se referido repetidamente à importância do projecto, mas até agora não há qualquer acordo entre a comunidade judaica e a autarquia para o levar por diante.

Em resposta a perguntas dirigidas ao gabinete do autarca em Dezembro, a câmara respondeu esta semana que não está orçamentada qualquer despesa relacionada com aquele museu. Além disso, "não existe nem foi encomendado pelo município" qualquer projecto para a sua instalação no prédio do Largo de São Miguel, em Alfama, comprado pela autarquia, em 2008, expressamente para o efeito.

A resposta enviada por email nega que haja, no que respeita à câmara, qualquer dificuldade de natureza financeira a entravar o projecto, acrescentando que, "a existir, [essa dificuldade] será da responsabilidade da comunidade judaica".

Esther Mucznick, uma das dirigentes dessa comunidade, disse ao PÚBLICO, em Janeiro, que o problema reside na falta de dinheiro "do lado da autarquia e do lado da comunidade", que "é pequena e não tem meios", acrescentando que é a ela que cabe a recuperação do edifício, actualmente muito degradado.

A partilha das responsabilidades no projecto ainda não foi, porém, contratualizada. "Não chegou a haver um protocolo. Discutiu-se, mas não foi nada assinado porque não tínhamos uma ideia dos custos, nem das possibilidades de financiamento." Esther Mucznick adiantou que está a ser feito um estudo prévio, por membros da comunidade, para avaliar o investimento, e que há contactos com organizações internacionais para saber das hipóteses de apoio financeiro.

Embora a comunidade entenda que as obras serão feitas por sua conta, António Costa anunciou em Janeiro de 2009, na presença do secretário de Estado do Turismo, que entre os numerosos projectos a financiar com as contrapartidas do Casino de Lisboa, se encontrava o da "criação" do Museu da História e da Cultura Judaica em Alfama, cuja candidatura acabara de ser aprovada pelo Turismo de Portugal.

"Não vamos deixar estas verbas a render no banco, vamos aplicá-las em projectos que vão render muito para a cidade", assegurou então o autarca. Um mês antes, em Dezembro de 2008, Costa afirmara, em reunião de câmara, que o museu vinha "reconhecer o contributo excepcional desta comunidade para Lisboa ao longo dos séculos, valorizar o seu espólio e contribuir para reabilitar e revitalizar esta zona da cidade, próxima do futuro terminal de cruzeiros".

Questionado pelo PÚBLICO sobre os prazos da concretização do projecto, o gabinete do autarca informou: "Estamos a aguardar que a comunidade judaica apresente uma proposta para analisar a eventual cedência do edifício e em que condições."

Referindo-se à falta de dinheiro "do lado da câmara e do lado da comunidade", Esther Mucznick considerou "muito triste que Lisboa continue a ser a única capital europeia sem um museu judaico".
In Público

4 comentários:

Anónimo disse...

Primeiro tem de ser a casa da viuda Pilar del Rio Trancão.

Anónimo disse...

LOL qual é o interesse disto?? mais um xupador do contribuinte.

Querem o museu que paguem do seu bolso. judeus sempre a roubar as sociedades a seu favor

Anónimo disse...

o número de iniciativas anunciadas e e que estão num impasse por falta de financiamento faz com que isto acabe por não ser notícia....

Filipe Melo Sousa disse...

Porque não usam simplesmente as verbas do casino para saldar a dívida da CML?

Antes de criar mais museus, o Costa devia dar uma volta pela cidade e aperceber-se das prioridades tais como ruas esburacadas e cheias de lixo que ninguém recolhe.