O que se passa com o Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto, é sintomático quanto ao estado do património histórico-arquitectónico de Lisboa e serve de "case study": referenciado como estando em estudo a sua protecção (nº 1106150422) pela DGEMN, foi vendido pela Santa Casa da Misericórdia ao Grupo Amorim, o qual apresentou à CML, ainda no anterior mandato camarário, um projecto, que dá agora os seus primeiros passos, segundo o "Público". Como é que é possível que um edifício tão bonito, ainda em relativo bom estado, que poderia ser um foco cultural daquela zona de Lisboa - que se pretende rejuvenescida - se vê ameaçado na sua integridade histórica? Por outro lado, para que serve classificar um determinado imóvel como sendo de interesse público, ou mesmo monumento nacional, se ele continua a estar sob a alçada do direito privado? E que destino dar a um edifício como o Convento dos Inglesinhos? Será que a CML tem dinheiro para o comprar, numa altura em que também ela aliena o seu património? E o Patriarcado, não se pronuncia sobre um convento? E os lisboetas, como possibilitar que desfrutem daquele espaço? Como será possível compatibilizar os vários interesses em jogo? Legalmente, não há nada a opôr em relação à Santa Casa, que pode alienar o seu património como bem entender, e ao Grupo Amorim, que pode comprar o que bem entender, a quem bem entender. E a DGEMN e o IPPAR tudo fazem, certamente para zelarem pelo interesse público, nomeadamente no que toca à protecção legal do nosso património. Sendo assim porque continuam ao abandono edifícios como o Convento dos Inglesinhos? Será que tudo quanto temos de valor arquitectónico se tornará mais cedo ou mais tarde em "hotel de charme" ou condomínio de luxo? Porque não o MC adquirir o Convento dos Inglesinhos e dotá-lo de uma verdadeira escola de artes e ofícios, ou uma escola-museu, à imagem do que as cidades italianas e francesas fazem desde há anos?!
PF
27/09/2004
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