31/08/2008

ESPECIALIDADES do TERREIRO DO PAÇO: « churros e porras »





Iniciamos hoje uma série dominical de divulgação, intitulada «AS ESPECIALIDADES DO TEREIRO DO PAÇO», no âmbito do primeiro aniversário do projecto municipal «AOS DOMINGOS O TERREIRO DO PAÇO É DAS PESSOAS».

Especialidade Nº1: BARRACA DE "CHURROS E PORRAS"

Também disponível: «churros com chocolate quente, farturas, porras c/ recheio, waffles, pipocas e neve doce»

O projecto “Aos Domingos Terreiro do Paço é das Pessoas” é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa que teve o seu início há um ano, a 26 de Agosto de 2007.

O Fórum Cidadania LX convida os lisboetas a recolherem imagens do Terreiro do Paço que não queremos! Por favor, enviar fotos/mensagens com o título "Especialidades do Terreiro do Paço".

30/08/2008

“Viver num condomínio privado muda os comportamentos políticos?”


Eis um estudo, ainda em curso, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa a seguir com atenção. Também na capital, onde os condomínios fechados estão a crescer como cogumelos, em particular nos bairros históricos, desvirtuando a sua lógica de vizinhança e proximidade.


“Viver num condomínio privado muda os comportamentos políticos?”

in Público, 24.08.2008
Natália Faria

“Porque a segregação promove a intolerância, sociólogo do Instituto de Ciências Sociais diz que autarcas têm que começar a pensar nas consequências políticas dos condomínios fechados


Um indivíduo que mora num condomínio privado tem práticas de participação política diferentes de alguém que vive num aglomerado social? E os autarcas podem, através da organização do espaço urbano, influenciar o comportamento político dos cidadãos? O sociólogo Filipe Carreira da Silva, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, acredita que sim. E por isso lidera uma equipa de investigadores que está a estudar a influência da metrópole na participação política, num projecto intitulado Cidade e Cidadania em Portugal.

"Nós sabemos que o rendimento, o sexo e a religião têm importância no comportamento político dos cidadãos, essas são as variáveis clássicas para perceber como votam as pessoas. O que estamos a fazer, pela primeira vez em Portugal, é estudar de que modo é que a variável espaço, o local de residência ou de trabalho das pessoas, tem influência sobre isso", adiantou Carreira Dias

O sociólogo acrescenta que "o facto de se viver numa cidade promove a cidadania, não em termos de afluência às urnas, mas enquanto conjunto de direitos reclamados por via de manifestações, comícios, participação em fóruns e em sindicatos".

Os investigadores propõem-se, através desta análise da influência do espaço cidade na participação política dos cidadãos, fornecer pistas sobre como deve ser feita a governação de uma cidade, nomeadamente ao nível do planeamento urbano. "Não é à toa que muitos colegas desta área de investigação nos Estados Unidos trabalham como consultores do poder local", lembra Carreira Dias.


Segmentação do território

O projecto - financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e com conclusão aprazada para 2010 - incide sobre os 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. E, no caso de Cascais, os investigadores vão comparar os valores políticos dos residentes em condomínios fechados por oposição aos habitantes dos bairros sociais.

"Em Cascais existem mais de 50 condomínios privados, e os autarcas têm que começar a, quando aprovam a construção de mais um desses condomínios, ter consciência das consequências políticas que daí advêm".

E que consequências são essas? "Cria-se um problema de segmentação do território, em que as pessoas tendem a agrupar-se com outras que pensam da mesma maneira. Essa ausência de confronto com os outros, a falta de exposição a opiniões diversas, torna-as menos democráticas e tolerantes", responde Carreira Dias.

Em Portugal, essa realidade não está estudada. Mas lá fora, sim. "Há estudos nos EUA e no Brasil que indicam que é essa a realidade, numa tendência que é contrária à ideia de cidadania, à luz da qual todos os cidadãos são iguais perante a lei". O investigador não hesita ainda em afirmar que "ao permitir que as pessoas se enclausurem por detrás de muros, numa tendência muitas vezes motivada por um sentimento de insegurança desproporcional à criminalidade, os autarcas estão a criar obstáculos à partilha da cidadania".

Apontando o exemplo de S. Paulo, onde a segregação económica é muito mais marcada, o investigador do ICS recorda que naquela cidade brasileira "há uma geração inteira que nunca conviveu com a pobreza e com o diferente: crianças que nascem em condomínios a que só têm acesso pessoas do mesmo extracto social e que não saem dali porque ali tudo existe: desde a igreja ao centro comercial, passando pelos empregos".

Aliás, "esses paulistanos pagam ao condomínio mais do que pagam ao Estado brasileiro em impostos", nota, para concluir que o desafio que se coloca hoje aos autarcas portugueses é precisamente perceber que "não é de todo indiferente permitir--se a construção de um condomínio ou de um bairro social do ponto de vista do comportamento político dos cidadãos".


Arrendamento pode evitar novas "Quintas da Fonte"


É à luz da tendência segregacionista que se traduz na adesão cada vez maior aos condomínios privados que o sociólogo Filipe Carreira Dias analisa as reacções que se seguiram aos desacatos ocorridos em meados de Julho na Quinta da Fonte (Loures).

"À esquerda, houve quem defendesse que uma solução seria os bairros sociais desaparecerem e os seus habitantes espalhados pela cidade; à direita, houve quem dissesse que o problema se colocava ao nível da responsabilidade individual." Na sua opinião, nem uma coisa nem outra.

Quanto à responsabilidade individual, "o ciclo de pobreza afecta gerações da mesma família, logo há aqui um processo de reprodução social, e, por outro lado, a percentagem de pessoas que cometem fraudes com o Rendimento Social de Inserção é equivalente à de pessoas que não pagam impostos, pelo que não se pode olhar para ali como se se tratasse de um grupo de malandros que quer aproveitar-se do Estado".

Quanto a disseminar as populações pela cidade, Carreira Dias confirma que é o que se passa, por exemplo, em Inglaterra, onde a lei prevê que uma percentagem das habitações de qualquer condomínio seja para fins sociais: "É uma forma de mitigar o problema." Mas não é solução que atenda à realidade de aglomerados como o da Quinta da Fonte, porque "pegar numa comunidade cigana, cabo-verdiana ou caucasiana e pulverizá-la pela cidade é absolutamente não-democrático".

A solução "está na escola". Mas, "como a aposta na educação é de longo prazo e as pessoas precisam de comer hoje, o Estado tem que manter as suas funções sociais". E, já agora, de promover o mercado de arrendamento, de maneira a que as pessoas "que começam a sua vida activa e que têm uma enorme dificuldade em comprar casa deixem de ser empurradas para os subúrbios". N.F.”


Na imagem, empreendimento do antigo Colégio dos Inglesinhos, ao Bairro Alto


«MY BEAUTIFUL, LATE-NIGHT LISBON»

...alguns excertos de uma opinião sobre a nossa cidade:

My beautiful, late-night Lisbon
Financial Times, 30 August 2008
By York Membery

Name: Ana Marques; Age: 25; Occupation: English teacher at an international school in Lisbon; Born in: Portugal but moved to Toronto, Canada, with her parents as a child; Now living in: Lisbon

«I’d always wanted to live in Portugal because both my parents are Portuguese. We emigrated to Canada when I was four years old. I moved to Lisbon three years ago after finishing a degree in European studies and English linguistics at university in Toronto.

Somewhat to my surprise, I experienced something of a culture shock on arriving, despite speaking Portuguese (my parents enrolled me in Portuguese classes as a child). Everything was just so different. However, speaking Portuguese isn’t “a must” if you live in Lisbon nowadays. Most of my foreign friends at the language school, who only speak English, can usually find someone in the city who speaks English at the bank or the telephone company. I found it difficult adjusting to the bureaucracy and the lack of politeness in shops and service areas. In the beginning, going to the bank without a rehearsed agenda was quite an ordeal. Coming from a place like Toronto where courtesy and kindness are the order of the day it was something of a shock.

Even finding a suitable room or apartment posed a challenge on arriving. Most Portuguese people seem to think a few square metres are liveable. And privacy doesn’t seem to be a priority when living in close quarters. A lot of the locals seem quite happy living in small apartments with lots of people. My first room was so small I couldn’t even completely walk around the bed. Thankfully, I soon found a nice place of my own.

I arrived in Lisbon in late August although in Portugal that is midsummer. Moving when it was warm made it easier to make friends because people are out socialising until late, be it on weekdays or weekends. In contrast, the winters are quite rainy. It’s also cold indoors in the winter because most houses don’t have central heating – so you have to carry a small portable heater around the house with you. However, winters are a good time to catch up on the latest films. Movies tend to premiere later here than in North America but they are never dubbed so you can enjoy them in English. People love American movies; most Portuguese films are flops.

With my Portuguese ancestry, perhaps I’m biased but I think Lisbon is the most beautiful city I know. My friends and I often spend our weekends wandering around, just taking in the sights, sounds and smells. I love the way the cafés, shops, and restaurants are housed in exquisite, well-preserved old buildings. It makes walking around the city a real pleasure. It’s a very lively city but it feels safe. (...)

The traffic in Lisbon is pretty bad. A lot of Portuguese families have two cars, which makes things worse – and Lisbon’s drivers are mad. They don’t really respect stop signs or pedestrian crossings. You have to throw yourself on to the street and hope for the best. The government has recently started clamping down on such drivers.

Public transport is the best way to get around the city in my opinion. The trains on the Cascais-Lisbon line are pretty good. Lisbon also has a great metro system. Since it’s fairly new, the metro stations are clean and most have mosaic art designed by Portuguese artists. There are only four metro lines, which makes it easy to get around and the stations are well-located. Buses are a bit different. Thanks to the Portuguese laid-back mindset, they are usually late. And the bus drivers are not the friendliest people around.

Salaries here not as high as in Canada and groceries, clothing, petrol are all quite expensive as a result. In common with many countries, Portugal is experiencing a credit crisis and a lot of Portuguese people are living above their means and getting into debt. Personally I find that although I am living on less, I do much more here than I did in Toronto. Stretching your money becomes an artform when you’re a teacher. (...)

What I love most about Lisbon are the culture, architecture and climate. Living in Portugal is way more laid back in every aspect than Toronto and I’m very happy here. It’s become a real home from home.»

Para ler a entrevista completa, clik no título.

A Praça Nobre da Cidade de Lisboa....

Há matraquilhos a mais !

O resto vale a pena ler aqui !

29/08/2008

Lisboa supera expectativas dos turistas estrangeiros

92% dos turistas tencionam voltar a LisboaOs turistas estrangeiros que visitam a cidade de Lisboa vêem as suas expectativas cumpridas (40%) ou superadas (28%) ou largamente superadas (32%) e quase todos (92%) partem com vontade de cá voltar.

Certo é que a percentagem de regressos tem aumentado, atingindo já quase 75% dos estrangeiros na capital, de acordo com as principais conclusões do inquérito ao grau de satisfação, realizado em Junho pelo Observatório do Turismo de Lisboa.

Cerca de três quartos dos turistas em Lisboa já estiveram anteriormente de visita. Cerca de 20% já visitou a capital uma vez, mais de 25% deles visitou duas vezes, três e oito por cento dos inquiridos já fizeram turismo em Lisboa quatro ou mais vezes.

Os monumentos ligados à época dos Descobrimentos, bem como o Castelo de São Jorge são os locais mais visitados.

99% recomenda a visita a terceiros

Além disso, os estrangeiros qualificam Lisboa como sendo uma cidade «bonita», «histórica», «amigável», «calma» e «cultural».

Na avaliação positiva que fazem, a diversidade das atracções, os transportes públicos, o clima e a «qualidade/preço» são os aspectos mais valorizados.

Estas são características que levam 92% dos turistas estrangeiros a tencionar regressar a Lisboa e 99% a recomendar a terceiros uma visita à capital portuguesa.

Estadia média na capital aumenta uma noite

O tempo médio de estadia em Lisboa situa-se em 6,3 noites, um acréscimo de uma noite em relação aos resultados do inquérito de Abril, sendo que as unidades hoteleiras constituem o alojamento escolhido para 90% dos turistas inquiridos.

Para conhecer a cidade, os estrangeiros preferem deslocar-se a pé (acima dos 80%), de transportes públicos (65,6%) e de transportes turísticos (60%).

Cascais, Sintra e Estoril acima das expectativas

A Região de Lisboa também conquista os turistas estrangeiros, com 99% a referir que correspondeu às suas expectativas ou que foram mesmo superadas.

Cascais (47%), Sintra e Estoril (40%) são os locais predilectos dos estrangeiros, destacando-se o Palácio da Pena (30%), em Sintra, e a vila histórica de Óbidos (27%) entre os monumentos e atracções turísticas mais visitados.

In agência financeira

Metro de Lisboa rejeita derrapagem de 44 milhões

Previsão de 196 milhões de euros destinava-se só a escavaçõesO Metro de Lisboa negou esta segunda-feira a existência de uma derrapagem de 44 milhões de euros no custo do prolongamento da Linha Vermelha, afirmando que a previsão de 196 milhões de euros destinava-se apenas às escavações.

Esta posição é uma resposta à notícia do «Correio da Manhã» que avançou que «o Metro actualizou o preço para estender a Linha Vermelha», referindo que «o custo final para a ligação ao Saldanha e S. Sebastião é agora estimado em 240 milhões de euros contra os 196 milhões de euros previstos».

Em declarações à agência «Lusa», fonte oficial do Metro de Lisboa disse que «os 196 milhões de euros, um valor que está disponível no site da empresa, é um valor que diz respeito apenas às escavações, não incluindo as obras, a construção das novas estações [Saldanha II e S. Sebastião II] e os acabamentos».

«Não existe derrapagem. O valor apresentado refere-se apenas às escavações», acrescentou a mesma fonte.

A inauguração das novas estações Saldanha II e S. Sebastião II, que deverá servir mais de 36 milhões de passageiros, está prevista para Julho do próximo ano.

A rede do Metropolitano de Lisboa tem 50 estações, espalhadas por quatro linhas: Azul (Amadora/Santa Apolónia), Amarela (Odivelas/Rato), Verde (Telheiras/Cais do Sodré) e Vermelha (Alameda/Oriente).

In agência financeira


Mais loteamentos


Aviso n.º 22725/2008, D.R. n.º 167, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Abertura do período de discussão pública para operação de loteamento de iniciativa municipal para os terrenos situados no quarteirão da zona ocidental do Bom Sucesso


Aviso n.º 22726/2008, D.R. n.º 167, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Abertura do período de discussão pública da operação de loteamento da urbanização sul - SLB

Lisboa: Novos submarinos forçam obras de milhões na Base Naval

In Diário Digital (29/8/2008)

«Vários concursos públicos para obras na Base Naval de Lisboa, mais conhecida por Base do Alfeite, no valor de milhões de euros foram nas últimas semanas anunciados na imprensa portuguesa.

Estas obras estão relacionadas com a aquisição dos novos submarinos «Tridente e Arpão» pelo Estado português.

O Ministério da Defesa Nacional abriu diversos concursos, pelo menos seis só durante o mês de Agosto, para novas infra-estruturas e fornecimentos em obras e serviços, relacionados com os novos submarinos, de origem alemã, da Marinha portuguesa classe U-209/PN. (...)»

Ainda bem que não se lembraram ainda de comprar porta-aviões, porque ...

28/08/2008

Quinta do mineiro


"A Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai discutir a instauração de uma auditoria interna a setenta procedimentos urbanísticos juntando-se aos que já estão sob investigação na sequência da sindicância. Na lista estão várias obras polémicas de Lisboa.
É o caso do Corte Inglés, Twin Towers, Edifício Saldanha Residence, Torres do Colombo, Restaurante Eleven, Edifícios Euroamer (de Artur Albarran e Frank Carlucci), Aquaparque e a permuta entre o Parque Mayer e a Feira Popular, entre outros.Não são apenas obras de particulares. O Edifício Municipal do Campo Grande (onde estão instalados os serviços de Urbanismo) pertence à autarquia não escapa à auditoria, assim como o Parque de Estacionamento da Praça do Município.O Hotel do Governador, junto a Belém, é outra das obras que serão investigadas, assim como um parque de estacionamento contíguo, igualmente do mesmo promotor.
Em muitos destes processos, a tomada de decisão foi da responsabilidade de João Soares, na altura dos seus mandatos. Algumas obras assinadas pelo actual vereador com o pelouro do Urbanismo, Manuel Salgado, estão igualmente na lista.Dois casos mais surpreeendentes é o do Colégio dos Inglesinhos, em que "desapareceram várias folhas do processo camarário"; e um projecto na Quinta do Mineiro/Rua de Artilharia 1, em que terá havido "triplicação do índice de construção".Os procedimentos urbanísticos que serão objecto de reapreciação técnico-jurídica foram indicados por vereadores de diferentes forças políticas e, à partida, deverá avançar sem problema o lançamento da auditoria interna a todos os processos.
A possibilidade de cada membro do Executivo trazerem novos casos para investigação foi aprovada por unanimidade, no dia 10 de Janeiro. Nessa sessão, a CML aprovou um conjunto de medidas para responder aos problemas e ilegalidades evidenciados pela sindicância.
A deputada socialista Leonor Coutinho e a vereadora Helena Roseta dizem que a Câmara de Lisboa aceitou ser lesada num negócio que fez há três anos com a imobiliária que na altura estava a desenvolver um empreendimento da Quinta do Mineiro, entre a Artilharia Um e a Avenida de Joaquim António de Aguiar, a caminho das Amoreiras.

Em causa está o pagamento do Imposto Municipal de Transmissões de Imóveis (IMT), a antiga
sisa, de que a imobiliária em causa, a Moldura - que pertence ao grupo Temple, do empresário Vasco Pereira Coutinho - ficou isenta quando adquiriu os terrenos em causa.

Parte desses terrenos, 1270 metros quadrados, foram comprados à própria autarquia, que os vendeu por ajuste directo, sem qualquer espécie de concurso, alegando que eles eram indispensáveis à concretização da urbanização. A escritura refere que a Moldura ficou isenta dos 96 mil euros que teria de desembolsar de IMT por os terrenos em causa se destinarem a revenda, um benefício que a lei confere às imobiliárias caso a nova transacção tenha lugar nos três anos seguintes.

Vizinha do terreno onde há-de surgir o empreendimento e presidente de uma associação de moradores da zona, o que Leonor Coutinho diz é que, uma vez que o negócio se destinava à obtenção de mais-valias por parte da imobiliária, que havia solicitado à autarquia um alvará de loteamento, nunca poderia ser isento de IMT que, como o nome indica, é uma receita municipal. "Se aquilo que a Moldura vendeu aos fundos imobiliários já não era o mesmo bem, se já estava transformado por mais-valias decorrentes da emissão do alvará de loteamento, não pode ter havido isenção", defende.

"Crime" e "monstruosidade urbanística" foram alguns dos termos usados pelos autarcas de PS, PCP e Bloco de Esquerda para descrever em 2006 o projecto imobiliário, do gabinete de arquitectura Broadway Malyan, ligado a outros projectos em Lisboa, como a recuperação da Estação do Rossio e o centro comercial Alvaláxia - apesar de a sua aprovação inicial ter sido da responsabilidade de uma governação camarária socialista coligada com c
omunistas, em 2002. O PSD permitiu mais tarde o aumento da densidade de construção. "


Fonte; expresso


Será...

(foto roubada no Lisboa S.O.S)
..... que o "Código da Estrada", em breve será substituído por um Código do Passeio ?

Videovigilância travada



Pareceres da CNPD já mereceram várias críticas do secretário de Estado que tutela a pasta. Os anunciados planos de videovigilância podem vir a esbarrar na interpretação restritiva da Comissão Nacional para a Protecção dos Dados (CNPD).

O Governo já alerta para os "problemas que a concretização enfrentará". O tão falado Programa Nacional de Videovigilância está a ter algumas dificuldades em passar do papel para a prática. Se, num momento inicial, as autarquias não pareciam muito interessadas em aderir ao programa, agora, com os Contratos Locais de Segurança e talvez também por causa do aumento da criminalidade, os candidatos sucedem-se. Lisboa, Loures, Amadora, Coimbra, Bragança, Fátima, Sintra, Albufeira, Almeirim, Faro, Estarreja, Loulé e Vilamoura, já manifestaram intenções em montar sistemas de videovigilância no espaço público.

Porém, a implementação pode ser apenas uma miragem. O alerta vem do próprio Governo: José Magalhães, secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, num artigo publicado no site do Ministério, é claro até na recusa de responsabilidades: "Em matéria de videovigilância de locais públicos não há decisão livre do Governo". Com efeito, o MAI só pode autorizar a instalação de um sistema de videovigilância com um parecer positivo da CNPD. E aqui é que reside o problema, sendo que a actuação da comissão não tem agradado ao ministério.

No passado dia 16 de Junho, José Magalhães já se tinha queixado da "drástica redução" que o plano de videovigilância para a Praia da Rocha (Portimão) tendo avisado os autarcas interessados na videovigilância para os "problemas que a sua concretização enfrentará". Referia-se não só aos necessários compromissos burocráticos e técnicos, mas também à interpretação restritiva que a CNPD faz da lei que regula a videovigilância.

O presidente da Câmara da Amadora, José Raposo, referiu que o clima de insegurança está a aumentar nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e precisamos de meios para fazer face a essa situação", explicou ao JN. O autarca espera que os recentes acontecimentos venham suavizar as exigências da comissão. "Nós queremos vigilância durante 24 horas. Até porque estes últimos problemas têm acontecido em períodos normais, não só de noite. É que, mais até do que as garantias dos cidadãos (que são importantes) é o seu direito à segurança", explicou.

Também Loures se prepara para apresentar o seu projecto de videovigilância O chefe de gabinete e coordenador municipal da Protecção Civil, António Baldo, afirmou ao JN que a autarquia irá concluir a 02 de Outubro o concurso público para a aquisição e contratualização do sistema e só espera pelo resultado da candidatura ao QREN para finalizar o processo. Diz que este foi um plano "lançado muito antes destes acontecimentos recentes e combinará a vertente da segurança contra a criminalidade, mas também contra os incêndios florestais".

Até ao momento apenas dois sistemas mereceram parecer positivo da comissão: o da Zona Histórica do Porto e o da Praia da Rocha, este com muitas alterações ao inicialmente planeado. Segundo o JN apurou, estão actualmente três projectos em apreciação: Coimbra, Bragança e Fátima. Como já foi referido, o projecto da Batalha foi recusado por falta de elementos e por ser "desproporcional aos seus objectivos", afirmou ao JN Isabel Cruz, secretária-geral da CNPD. Para esta responsável, a actual "lei tem todos os elementos necessários e apela muito à proporcionalidade".

Publicado no Jornal de Notícias a 27 de Agosto de 2008, por Tiago Rodrigues Alves

Anúncio de Concurso n.º 876/2008. D.R. n.º 166 Série II de 2008-08-28


EPUL-EMPRESA PÚBLICA DE URBANIZAÇÃO DE LISBOA
ver imagem em formato PDF
No âmbito do Concurso Público da Empª. 4/2008
Reabilitação de um Edifício na Rua do Corpo Santo nºs. 2 a 8.

CHIADO: NOSTALGIA E FUTURO

In Diário de Notícias (28/8/2008)
Maria José Nogueira Pinto
jurista

«Nos vinte anos do incêndio do Chiado, neste abrir de memórias, comecei por ir buscar o retrato. É que, na minha cabeça, o Chiado, a Baixa e o retrato tornaram-se uma e a mesma coisa. O fotógrafo a la minute fixou-nos para sempre num rectângulo de papel: a minha Mãe, muito elegante, de tailleur preto, cintura fina, luva de pelica e um chapelinho janota na cabeça levava-me pela mão numa daquelas inesquecíveis incursões à Baixa. Teria cinco anos, não mais, e para a ocasião vestiram-me a rigor, de saia plissada, camisa de vaiela e sapatinho de presilha. Chegar ao Chiado era chegar a um sítio cheio de montras, ver (sem tocar) os brinquedos da Quermesse de Paris, subir no elevador do Ramiro Leão, entrar no Sousa, onde a minha Mãe desarrumava tudo desenrolando metros de seda e veludo, cheirar os perfumes e aviar pó-de-arroz lilás nos Armazéns do Chiado e receber decalcomanias da mão do empregado do Rei das Meias.

Todas as gerações que conheceram este Chiado e guardam o seu retrato a la minute, não podem senão ser assaltadas por uma onda de nostalgia.

Considerada a maior catástrofe ocorrida em Lisboa depois do terramoto, o incêndio destruiu, irremediavelmente, os sinais, os símbolos e os rituais de um espaço que ao longo de gerações significou "ir à cidade", o cosmopolitismo possível, a novidade das ideias como da moda. Há vinte anos, sobrou apenas o futuro. Difícil? Muito. Eu estava no Algarve e vi as imagens na televisão. Pensei, recordo-me, como Lisboa era afinal tão vulnerável e como era possível estar a ver, em directo, a paragem do seu coração.

A reconstrução arrancou num forte clima emocional, o que acarreta sempre consequências negativas. Pensou-se que a mera reconstrução constituiria uma resposta suficiente à enorme afronta daquela destruição... Julgo - é uma mera opinião - que não houve tempo para pensar aquele espaço à luz de uma nova vocação, do seu futuro, da sua sustentabilidade, no que ele poderia e deveria ser, no que queríamos nós que ele fosse. As obras demoraram muito tempo, e esse tempo destruiu os hábitos e rotinas do quotidiano e toda aquela área iniciou um inevitável processo de declínio que alastrou até à Baixa, Rossio, Restauradores e apanhou parte da Avenida da Liberdade. A fazer fé no último censo e nos dados disponíveis, o repovoamento não foi conseguido. A reconstrução atingiu custos elevadíssimos e os espaços destinados a habitação atingiram preços incomportáveis para os cidadãos normais.

Depois do terramoto, a opção de Pombal não foi fazer renascer dos escombros uma réplica do que lá estava, mas antes algo cheio de modernidade e funcionalidade, uma maravilha iluminista a que se chama "Baixa Pombalina" com candidatura a Património da Humanidade. Presumo que tenha sido tudo muito mais racional do que emocional. Obviamente que havia de refazer-se a matriz do Chiado, mas era inevitável pensar na sua nova vocação. Porque não basta reconstruir quarteirões numa zona fortemente atingida no seu âmago sem estabelecer a respectiva ligação às áreas adjacentes (vejam-se a estagnação desordenada da Baixa, o estado lamentável do Bairro Alto, os riscos emergentes do Martim Moniz...). A menos que nos contentemos com um cenário e uma animação efémera. Mas podemos ser muito mais ambiciosos, pois tudo aquilo que faz a diferença está lá, ainda está lá!

Por isso, quando me perguntaram que Chiado desejaria eu ver daqui a vinte anos fui dizendo: um Chiado (e uma Baixa...) consolidado após um programa de revitalização, cumprindo o desafio de devolver este espaço aos portugueses com a sua "marca de água" intocada, mas apropriando-se dos sinais dos novos tempos. Respirando, vivo, a todas as horas de todos os dias do ano. Um Chiado repovoado: moradores, famílias, comerciantes, trabalhadores, espectadores de teatro e de ópera, gourmets, turistas, pessoas que vão às compras. Gente que nidifique e recrie os rituais do quotidiano, o único antídoto contra o declínio»

Totalmente de acordo com MJNP, à excepção da referência à Quermesse de Paris - que ficava debaixo do Hotel Palace, aos Restauradores: os brinquedos eram para tocar e levar, sim. Abençoada casa que tantas alegrias ainda me deu (e dá).

A noite a Oriente



"Durou pouco o amor dos lisboetas pela noite da Expo.

Passa agora uma década desde que Lisboa ganhou a zona do Parque das Nações. E como em qualquer zona viva da cidade a diversão nocturna não ficou esquecida.

Foi, aliás, a primeira promessa da exposição universal: deixar aos lisboetas uma nova área de animação nocturna, com boas instalações, espaços ao ar livre e o toque de modernidade que fazia falta à cidade. E no entanto... dez anos depois o encanto esmoreceu. E hoje em dia o ambiente da noite na Expo não é só fraco. Chega mesmo a ser pouco recomendável.

Para se ter uma ideia do ostracismo a que a Expo foi votada basta referir que uma das grandes referências da noite no Parque das Nações, desde a inauguração, já fechou as suas portas. Muitos irão lembrar-se: chamava-se Bugix e ficou conhecido por se poder dançar em cima das mesas (que era uma maneira inteligente de sobrelotar ainda mais este bar).

Neste momento, continua a existir uma correnteza de bares e restaurantes na denominada Rua da Pimenta. Os espaços, para além de recentes, até são espaçosos, bem decorados e beneficiam de uma localização privilegiada em frente ao rio, suficientemente afastados das zonas residenciais e com estacionamento fácil. Ou seja, reúne óptimas condições para ser um local de eleição dos alfacinhas. E no entanto... não é nada disso. Não atrai a beautiful people lisboeta, não atrai qualquer people lisboeta. Aliás, não atrai sequer os residentes da Expo.

A grande distinção entre os bares é a presença (ou não) de um porteiro bem dimensionado na porta. Nos bares onde tal acontece é sempre exigido consumo mínimo e todas as pessoas são obrigadas a passar pelo detector de metais quando não mesmo revistadas a duas mãos. Uma coisa... pouco agradável.

Quem se passeia pelo exterior (e até há famílias com carrinho de bebé ou avozinhos com os netos a fazê-lo), tem direito a assistir a uma competição, levada muito a sério, para ver quem tem a música mais alta (numa espécie de o meu bailarico é melhor do que o teu). Com filas de entrada em muitos dos bares (alguns inclusive com bar aberto até determinada hora), faz lembrar a feira popular, em que cada um passeia até encontrar a diversão que mais lhe apraz.

Mas como é que se chegou a esta situação? Filomena Salvação, do bar Cais da Tartaruga, aponta o dedo à segurança: “Desde que deixou de haver o policiamento de outros tempos, esta zona ficou muito menos segura”. Ou seja: de que serve o metro ou o táxi se corremos o risco de ser assaltados?

De facto, o ambiente parece tudo menos seguro. Mas para conseguir conquistar novamente os lisboetas que a deixaram, a Expo (e os seus bares) vai precisar de muito mais do que polícias. Necessita, acima de tudo, de definir que público deseja e o que deve oferecer para o atrair (e não é preciso inventar ‘novos’ conceitos). Mais uma vez, Filomena Salvação é pragmática: “Enquanto cada casa tiver uma estratégia individualista nada mudará. A solução passa por uma união entre as gerências de todos os espaços.” Caso contrário, será mais do mesmo."

fonte - TimeOut
terça-feira, 26 de Agosto de 2008

27/08/2008

Baixa sem trânsito não entusiasma

in Público hoje


O encerramento do trânsito no Terreiro do Paço aos domingos começou há um ano mas ainda não conseguiu apoio de moradores, comerciantes e autarcas, que reclamam melhor animação cultural.
A autarquia estreou a iniciativa Aos domingos o Terreiro do Paço é das pessoas, com o encerramento ao tráfego nas laterais da Praça do Comércio e o troço da Ribeira das Naus entre o Largo do Corpo Santo e o Campo das Cebolas. No entanto, o entusiasmo inicial tem vindo a diminuir. António Rosado, da Associação de Moradores da Baixa Pombalina, revelou que vários habitantes se têm mostrado insatisfeitos com a concentração de trânsito nas restantes ruas, provocando uma intensificação da "confusão" aos domingos em zonas tradicionalmente calmas. Opinião partilhada pelo presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, José Quadros, para quem as iniciativas são "muito aleatórias" e não são o motivo de visita ao Terreiro do Paço.
"A actividade cultural que ali se desenrola não é a desejável, nem cria dinâmica na zona. A escala e a dimensão do Terreiro do Paço não são compatíveis com este tipo de iniciativa", disse o presidente da junta de S. José, João Mesquita (PSD). A câmara devia pensar em estruturas amovíveis para minimizar "a chuva e o vento de Inverno" e "o sol que bate de chapa no Verão". Esta foi uma das dez medidas prioritárias do presidente da câmara, António Costa, para o início do mandato.

Demolição acabadinha de pedir (7)

As demolições acabadinhas de pedir pelo Governo, para que o novo Museu dos Coches avance, sem demoras, a bem da Nação. Parque Expo em acção. Quanta pressa!!! Ninguém os pára?
Anúncio de Concurso n.º 843/2008. D.R. n.º 165 Série II de 2008-08-27

PARQUE EXPO 98, SA
ver imagem em formato PDF

Demolição acabadinha de pedir (6)


Depois de alguns pedidos de demolição e construção nova indeferidos (vá lá!), volta à carga mais um, desta vez de construção nova (Proc. 1025/EDI/2008) para este edifício apalaçado do início da outrora selecta e intocável Avenida António Augusto de Aguiar (Nº 2-6). O promotor é a Sogal, Soc. Gestão e Exploração de Hotéis. Coisa 'linda' em perspectiva, pois. É caso para dizer: o painel publicitário diz tudo.

E mais Planos

Aviso n.º 22240/2008, D.R. n.º 161, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Elaboração do Plano de Urbanização da Área Envolvente à Estação do Oriente

Aviso n.º 22241/2008, D.R. n.º 161, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Elaboração do Plano de Pormenor da Avenida de José Malhoa

Aviso n.º 22242/2008, D.R. n.º 161, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Elaboração do Plano de Pormenor do Campus de Campolide

Muita coisa em consulta pública (prévia): http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/004/

Elaboração do Plano de Pormenor das Amoreiras

Aviso n.º 22185/2008, D.R. n.º 160, Série II
Câmara Municipal de Lisboa
Elaboração do Plano de Pormenor das Amoreiras

26/08/2008

LISBON: «a stark difference between image and reality»


Num artigo do Financial Times publicado no passado dia 18 de Agosto é divulgada a classificação do "branding" das 72 maiores cidades da Europa. O estudo, elaborado pela Saffron Brand Consultants, alerta para o facto de várias cidades se terem promovido internacionalmente como marcas fortes apesar de não terem "assets" e "attractions" de qualidade correspondente.

É dado o exemplo de Edinburgh, Glasgow e Liverpool que apesar de surgirem no grupo das 30 cidades mais atraentes para visitar são fracas em atracções turísticas quando comparadas com outras cidades ainda pouco "excitantes" como Sofia e Hamburg.
Lisboa foi classificada nº 16 em "assets" e "attractions" mas não passa da posição 27 no que toca a "glamour"... Esta contradição não é nenhuma novidade para quem vive e trabalha em Lisboa. Sabemos que Lisboa tem todos os ingredientes para ser uma "world-class city" - o problema é que temos também quase tudo desleixado, abandonado, em mau estado de conservação ou em vias de ser destruído, seja património natural ou construído. Estamos, literalmente, a destruir os ingredientes essenciais para contar a história e carácter únicos de Lisboa. Estamos a deitar fora o "branding" de Lisboa!

Londres, Paris e Barcelona surgem no topo da lista - continuam a ser os modelos a seguir:

«Saffron Brand Consultants warned that while many of the British cities had created strong brands internationally, other European cities that were underselling their attractions could quickly catch up once they started to promote their strengths. Conversely, British cities such as Manchester, Bristol and Newcastle, which had marketed their revival aggressively, were in danger of overplaying their attractions. “A number of Britain’s regional cities have talked a lot of their efforts to regenerate in the last decade,” said Jeremy Hildreth, head of place branding. “However, achieving a better brand requires more than building a new shopping mall, which is the approach some cities seem to have taken.”

It described the likes of Poland’s historic Krakow as “undervalued stocks” that could become a real threat to UK counterparts once they became better at selling their brands.

“There is a bunch of new European cities that need to get out there and tell their story, and in so doing they can forge ahead of their bland British counterparts,” said Mr Hildreth.

The study was based on a poll of 2,000 consumers to find out what people most wanted from a city. World-class cities such as Paris, London and Barcelona scored highly on both brand and assets, but others revealed a stark difference between image and reality. Berlin was seen as Europe’s third most exciting city, but was ranked 16th in its assets and attractions. Lisbon, Portugal’s capital, was rated equal to Berlin on assets, but only 21st in the glamour stakes.»

What makes a place truly great?

● Pride and personality

● Distinctive environment – landmark buildings, facilities, public transport

● Ambitious vision, with good leadership and buoyant economy

● Worth going out of the way to see

● Easy access and good public transport

● Conversational value – it is fun to talk about Edinburgh but not Bradford

● Location – it is somewhere special or a centre for an interesting area

Para ler o artigo completo: http://www.ft.com/

Foto: O Terreiro do Paço aos Domingos, uma imagem bem esclarecedora da falta de glamour da capital portuguesa.

Demolição acabadinha de pedir (5)


R Coronel Campos Gonzaga 14 (Benfica)

Proc. Nº 997/EDI/2008
Promotor: Paulo Jorge Dias Alves

Reunião Pública Descentralizada - Carnide e São Domingos de Benfica

Nos termos do artº 15-A do Regimento da Câmara Municipal de Lisboa convoco para o próximo dia 3 de Setembro de 2008, pelas 18,30 horas, uma Reunião Pública Descentralizada.
A Reunião realizar-se-á nas instalações da Escola Secundária Virgílio Ferreira, na Rua do Seminário, e destina-se, preferencialmente, aos munícipes das Freguesias de Carnide e São Domingos de Benfica, que se poderão inscrever, para intervirem, no seguinte local, dia e horário:

Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica – dia 27/08 das 10h00 às 12h00
Junta de Freguesia de Carnide – dia 27/08 das 15h00 às 17h00

As inscrições poderão igualmente ser efectuadas pelo e-mail dacm@cm-lisboa.pt ou pelo fax 21 322 70 12, até ao dia 27 de Agosto às 17h00. Sendo este o meio de inscrição utilizado, deve o munícipe informar acerca do assunto a tratar e do contacto telefónico.

As intervenções do público, num número máximo de 20, serão ordenados de forma a priorizar os que incidam sobre os assuntos de interesse da zona, colectivo ou público.

INSCRIÇÕES ATÉ AMANHÃ

Demolição acabadinha de pedir (4)


R Capitão Renato Baptista 78-86 (Anjos)

Proc. Nº 935/EDI/2008
Promotor: Urbanspace - Investimentos Imobiliários Lda.

Moradores do Bairro da Liberdade intimados a deixar as suas casas

In Público (26/8/2008)
Luís Filipe Sebastião

«Câmara ordena desocupação em encosta instável e alega que não pode substituir-se aos senhorios no realojamento dos inquilinos

Maria Emília Fortunato assoma por cima do muro e dispara: "Agora as casas são clandestinas. Mas para pagar às Finanças e o cano do esgoto nunca foram clandestinas." A moradora no Bairro da Liberdade está entre a meia centena pessoas notificadas pela Câmara de Lisboa para que procedam à demolição das casas encavalitadas na encosta de Campolide.
A ordem chegou no final de Julho. O ofício da Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana só muda o nome e os números da porta. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil detectou "fenómenos de instabilidade que tendem a agravar-se" com chuvas prolongadas, "susceptíveis de colocar em perigo a integridade das construções e a segurança da população". Por isso, recomendou a desocupação de uma faixa de 20 metros a contar da crista do talude, bem como de uma "zona de segurança" de dez metros na base da encosta junto à estação de Campolide. A fiscalização confirmou "danos e fendilhações" em edifícios e pavimentos. Veredicto? As construções "estão a contribuir para o agravamento da instabilidade da escarpa".
Nos casos em que não se encontraram registos "da legalidade da construção", a câmara intimou para que sejam "despejadas" em 60 dias úteis. Segundo o despacho do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, "é intenção" da autarquia intimar os proprietários para demolir as edificações no prazo máximo de 90 dias.
"Aonde é que se arranja uma casa com as reformas que a gente tem?", questiona Emília Fortunato, 67 anos, atestados pelos cabelos brancos. A moradora nasceu na Rua Inácio Pardelhas Sanchez, em frente ao portão que dá acesso às "duas divisões e uma cozinha" onde agora mora. Os dois filhos há muito que deixaram os modestos anexos na antiga Rua A. "Não saio daqui", vinca a sexagenária. Joaquim Fortunato, 72 anos, dá força à resistência da mulher e lamenta que sejam realojadas no bairro pessoas de outras zonas e se esqueçam de quem ali mora há mais de meio século.
"Isto parece uma multa aos inquilinos", indigna-se Isabel Santana, 69 anos. Mora nos Olivais, mas cresceu no Bairro da Liberdade. A irmã ainda habita os três anexos alugados pelos pais "há mais de 70 anos". A ordem para demolir não se aplica à casa que dá para a rua. O camartelo só paira sobre os acrescentos no logradouro, incluindo as precárias "instalações sanitárias" no lado oposto do caminho, retrete em cimento e alguidar de plástico para banhos na parede.
O presidente da Junta de Freguesia de Campolide, Jorge Teixeira dos Santos (PSD), estima em 26 os fogos ameaçados, afectando cinco dezenas de moradores. O autarca concede que a encosta está instável, mas não em "risco iminente". Como prova aponta o licenciamento recente de um prédio com quatro pisos no topo da escarpa. Na maioria dos casos, após décadas ali a residir, defende, "a câmara tem obrigação de assegurar o realojamento dos moradores ao abrigo do PER de emergência".
O assessor de imprensa da autarquia afirma que compete aos senhorios "o realojamento dos moradores que tenham contratos de arrendamento em vigor". O realojamento, diz, seria "um precedente perigoso", porque não é vocação do município "realojar permanentemente inquilinos de senhorios particulares".»

25/08/2008

20 anos depois do Incêndio do Chiado: Elevador de Santa Justa - Largo do Carmo




Exactamente 20 depois do INCÊNDIO DO CHIADO é assim que está a ligação pedonal entre o Largo do Carmo e o terraço panorâmico do Elevador de Santa Justa. Um verdadeiro cenário de desleixo, desmazelo, lixo e degradação. Tudo rematado com o já habitual estacionamento selvagem. Seria impossível, se não fosse Lisboa.

No dia do 20º aniversário, a reconstrução da zona sinistrada ainda não está terminada. Para além da zona envolvente às ruínas do Carmo, devemos também recordar outro caso, igualmente chocante.

O edifício "Palmeiras" na Rua do Crucifixo, propriedade da CML, ainda não foi reabilitado/reconstruído. Como nunca mais se decidem com o uso a dar - cada cabeça que entrou na CML desde 1988 tem uma ideia diferente para o imóvel - 20 anos depois ainda lá está a ruína chamuscada (com um restaurante a funcionar no R/C!).

Veremos se o recente protocolo entre a CML e a GNR vai de facto permitir a concretização da ligação pedonal entre o Chiado e o Largo do Carmo. Já nos foi prometido que dentro de um ano e meio poderemos "usufruir de uma das mais deslumbrantes vistas sobre a colina do Castelo a partir de uma área de lazer, com jardim e esplanadas". A Câmara Municipal de Lisboa propõe construir nas traseiras do Quartel do Carmo jardins, os já apelidados "Terraços do Carmo". Todo este civilizado percurso pedonal que ligará as principais ruas do Chiado ao Largo do Carmo vai ser projectado pelo arquitecto Siza Viera. O custo total da obra está estimado em 2 milhões e meio de euros, verbas candidatadas ao Instituto do Turismo.

Mas no entretanto, teremos de aguentar, no mínimo, mais 1 ano e meio deste cenário. Se dúvidas houvessem sobre a importância que a cidade dá à circulação pedonal e ao centro histórico, este seria um bom local para voltar a cair na realidade.

Demolição acabadinha de pedir (2)


Rua dos Ferreiros à Lapa, Nº 12-16

Na Lapa, eis que o promotor Imochicago - Sociedade Imobiliária, Lda acaba de solicitar à CML uma construção nova (943/EDI/2008). Será um prédio à Chicago? Tem a CML a última palavra.

Chegado por email:



Junto envio duas fotos da Praça Paiva Couçeiro que mostram uma situação que se verifica há anos. Água já com verdum do sistema de rega que alaga os passeios onde os peões são obrigados a irem pelo alcatrão para não escorregarem.

Cumprimentos,

Rafael Santos

RMEU Lisboa:

Saiu no início de Agosto, mas ainda é útil. Em discussão até 30 Setembro:

Aviso n.º 21183/2008. D.R. n.º 149, Série II de 2008-08-04
Câmara Municipal de Lisboa - Projecto do Reg.Municipal de Edifi. e Urbanização

Estudo de Impacte Ambiental do ...

Prolongamento da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa entre São Sebastião e Campolide, em http://www2.apambiente.pt/IPAMB_DPP/publico/eia_rnt.asp?id=1343 (o link é só para o Resumo Não Técnico).

Enquanto se demolia um café na Avenida ...


Leia n' O Carmo e a Trindade, Estreia em Setembro o PUALZE Parte II. O café é apenas um fait divers.


Foto: CML

Metro: derrapagens























"A construção da extensão da linha vermelha, que vai fazer a ligação ao Saldanha e S. Sebastião, vai passar de 196 milhões orçamentados inicialmente para 240 milhões de custo final .

Em Julho de próximo ano as estações de Saldanha II e de S. Sebastião II vão ser as próximas inaugurações do Metropolitano de Lisboa.

No entanto, a obra inicialmente estimada em 196 milhões de euros vai ver um acréscimo, segundo o Correio da Manhã, de 40 milhões, ficando o custo final em 240 milhões de euros.
Desta forma, a extensão de 2,2 quilómetros, com duas estações, vai representar um custo de 109 milhões de euros por quilómetro.

A derrapagem no preço da linha vermelha resulta de imprevistos existentes no subsolo e no prolongamento do túnel até à rua Marquês da Fronteira, Segundo o Correio da Manhã.

O crescimento da linha vermelha é uma das grandes apostas do metro, estando neste momento a decorrer as obras para chegar ao aeroporto.

Espera-se também o lançamento do concurso para a ligação da Amadora-Este até à Reboleira, na linha azul, com um custo total de 44 milhões de euros."

fonte: SOL 25/08/2008
imagem1: metro de madrid
imagem2: metro de lisboa
Enquanto o Metro de Lisboa se ocupa de 2 ou 3 pequenas extensões das actuais linhas, Madrid, com uma autoridade metropolitana de transportes, com um metropolitano de 12 linhas avança.
Mesmo a rede de medro está directamente ligada às redes de metro ligeiro e à rede de metro dos subúrbios (metro sur), numa verdadeira rede metropolitana de transportes.

Lisboa constrói uma rede de metro ligeiro na margem sul desconectada do metro da cidade, com interfaces deficientes com a linha ferroviária do eixo-norte sul e vai acabando com linhas de eléctrico (mesmo as existentes não estão ligadas com o metro).

É impensável que numa área metropolitana de 3 milhões de habitantes, um habitante tenha de trocar de transportes diversas vezes para fazer o mesmo percurso recto de um carro.

Haverá limitações, mas como no caso da margem sul, enquanto não existir um percurso fácil e acessível nos transportes públicos, com o mínimo de transbordos, nunca haverá substituição credível e sustentável da utilização do carro.

Começa hoje a remoção da passadeira de Alcântara


In Público (23/8/2008)

«O presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, José Godinho, expressou ontem satisfação pelos trabalhos de remoção, que hoje terão início, da passagem pedonal superior junto à linha-férrea, que responde a uma aspiração antiga da população residente naquela freguesia lisboeta.
Foram "1,2 milhões de euros para o lixo", afirmou José Godinho, que, desde a inauguração daquela passagem pedonal superior, tem demonstrado a sua "total discordância" quanto à obra feita, não só pelos custos elevados da sua construção e manutenção, mas também pelo "impacto visual agressivo" que representa a estrutura. »

Ora aí está uma belíssima notícia. Só falta esclarecer se os responsáveis pela colocação daquela coisa ali vão ser obrigados a indemnizar o erário público por isso ... ou não.


Foto: CMR

Cais das colunas: (início do) regresso à Baixa


Quase dez anos depois de ter sido desmontado para permitir a construção da estação de metro do Terreiro do Paço, o Cais das Colunas voltou esta sexta-feira ao local de origem. Contudo, os lisboetas só o vêem ainda pela vedação.

A colocação das duas colunas e do pequeno cais de pedra em que assentam foi feita nos últimos dias, mas o aterro que foi ali construído para permitir a obra do túnel subterrâneo junto ao rio - que leva o metro até Santa Apolónia - ainda vai permanecer durante mais alguns meses, bem como o estaleiro ali montado. De acordo com a informação que o metro de Lisboa disponibiliza no local, estes trabalhos deverão ficar concluídos em Novembro e estão orçados em cerca de 937 mil euros.

O regresso do Cais das Colunas ao local de origem, onde foi colocado em finais do século XVIII, era há muito aguardado pelos lisboetas. Em meados deste ano, chegou a motivar uma petição na Internet, actualmente com 1365 assinaturas, apelando ao Governo para que o repusesse de imediato. A garantia do ministro Mário Lino é que a zona ficará igual ao que era antes das obras.
fonte: Jornal de Notícias 25/08/2008

Vinte anos depois do incêndio. Chiado atirou decadência pela colina abaixo

In Público Online (25/8/2008)
Ana Henriques

«Quem desce a Rua do Carmo, em Lisboa, repleta de lojas para a classe média, não pode deixar de bater com os olhos nos reclamos fluorescentes à entrada do Rossio. Na esquina de uma das praças mais nobres da cidade há cuecas de homem a dois euros e soutiãs a menos de quatro, num local até há pouco tempo ocupado por uma tabacaria. Tal como lá em cima, no Largo do Chiado, as etiquetas dos preços são o que mais prende a atenção dos transeuntes. E no entanto dificilmente podia ser mais flagrante o contraste das vitrinas da casa Hermès, primorosamente forradas a flores, com as montras do supermercado de lingerie do Rossio.

Cá em cima o vestido pérola de costas em V, rematado por uma barra azul, suscita exclamações de espanto. Não é pelo corte, nem pelo tecido. É que custa quase três mil euros. Na Cartier, uns metros abaixo, há colares a 39 mil. Cá em cima, no Chiado, faz hoje 20 anos que um comércio em parte decadente serviu de pasto às chamas, e é também por isso que os preços subiram em flecha. Como os escombros que atulharam as ruas depois do incêndio, também a maioria dos sinais de decadência do Chiado foram atirados colina abaixo.

Hoje, perante a crescente dinâmica do Chiado, há quem lamente que as labaredas não tenham resgatado também a Baixa ao seu torpor. O homem que fez renascer o Chiado das cinzas, Siza Vieira, lamenta que a revitalização do centro da cidade continue por acontecer, apesar de todas as promessas: "A recuperação que fiz foi apenas de 22 edifícios, e não do centro histórico. Foi muito pouco. A Baixa devia estar cheia de vida, mas à noite morre".

O arquitecto sabe como o seu renascimento faz falta ao Chiado, e acredita que um dia ele sucederá, como já aconteceu em Barcelona e noutras cidades europeias. Sabe também que nem tudo correu bem lá em cima, por muito que o luxo encha o olho a quem passa. "Os preços do Chiado são um entrave tremendo", admite. "As rendas são caríssimas. Não se encontrou um meio jurídico de as controlar". Resultado? "Algumas casas são habitadas permanentemente. Outras pertencem a pessoas de fora de Lisboa", que as deixam vazias grande parte do tempo. O administrador de um banco pagou um milhão de euros por um apartamento num último andar na Rua Garrett. É dos poucos habitantes que não se queixam da falta de estacionamento, porque o edifício tem parque. Mas se quiser um produto de primeira necessidade, terá que descer à Baixa ou subir a Santa Catarina.

Neste Chiado renovado não há espaço para mercearias nem para supermercados. Almoça-se nos restaurantes. Jantar nem tanto, que a vida nocturna ainda não passou por aqui. Os horários do comércio são outro problema, aponta Siza: "As lojas fecham quando as pessoas chegam ao Chiado", depois de saírem dos empregos. Já foi pior: hoje é possível encontrar estabelecimentos abertos até às 20h00. A partir dessa hora começam a chegar os sem-abrigo e o local torna-se corredor de passagem, porque todos os caminhos vão dar ao Bairro Alto. Ou melhor, quase todos: um dos bares mais exclusivos de Lisboa, o Silk, nasceu há pouco tempo na fronteira entre o Chiado e o Bairro Alto, no último andar do centro comercial Espaço Chiado.

Com menos glamour, o centro comercial Armazéns do Chiado foi, juntamente com a estação de metro, um dos grandes contributos para a revitalização depois do incêndio. Siza Vieira já se conformou, apesar de não terem sido estes os seus planos: "O edifício dos antigos armazéns era para ser todo ele um hotel. Espantou-me na altura não haver uma empresa portuguesa que pegasse na ideia".

FNAC é pólo de atracção

No centro comercial, pegado ao qual foi construída uma pequena unidade hoteleira, é sobretudo a FNAC que atrai a clientela. "É um dos factores de animação do Chiado", reconhece o arquitecto, secundado pelo professor universitário João Seixas. O investigador fala dos "conteúdos cosmopolitas" que esta multinacional da cultura trouxe para a zona e da operação de reabilitação encabeçada por Siza, "coordenada pelos poderes públicos", para chegar à conclusão de que o renascimento do Chiado é um caso de sucesso.

A identidade do local contribuiu para isso: "Apesar da gravidade do incêndio, o Chiado teve músculo para se manter vivo".

Mas é este o Chiado que queremos? João Seixas admite riscos: "Um dos maiores é o da turistificação e da banalização". Os centros históricos demasiado virados para agradar ao turista acabam por parecer-se todos muito uns com os outros. É preciso que os governantes da cidade apoiem o comércio tradicional e de proximidade, aquele que pode fazer a diferença. "A prioridade do Chiado deve ser o usufruto dos lisboetas", frisa.

Os turistas virão por acréscimo. Há quem veja neste novo Chiado um claro caso de gentrificação, com os seus velhos habitantes a serem substituídos por uma nova camada abastada de residentes e lojistas. "Num espaço com estas características é inevitável", observa João Seixas. "Não vejo mal nenhum nisso".

Vinte anos depois das chamas, Siza vai agora completar a reconstrução, ligando um pátio das traseiras da Rua do Carmo ao Convento do Carmo. O elevador do metropolitano para a Rua Ivens também será uma realidade, assegura o arquitecto. "A renovação de toda a zona em seu redor vai conferir ao Chiado o seu papel de zona central, nuclear da cidade".

João Seixas também acredita no futuro: "A Baixa é uma Bela Adormecida à espera de que um beijo a desperte".»

...

Descontando algumas lojas então desconhecidas do Portugal cinzentão, a verdade é que a famosa recuperação do Chiado é um meio-sucesso. Arquitectonicamente, a maior parte das lojas viraram imensos espaços esterilizados, de tão minimalistas, descaracterizadas por aquelas montras altas (totalmente aberrantes para aquela zona), e os pátios interiores 'à la' Siza (nem sequer acabados) nunca funcionaram nem funcionarão, dada a apetência lusitana em torná-los urinóis públicos. A reabertura do eléctrico 24 é uma miragem, e continua a dar-se primazia ao pópó (vem aí mais 'fúria parquista' - PREPAREM-SE!), contra tudo o que é exemplo em centro histórico na Europa civilizada com que nos gostamos de comparar (onde, por exemplo, cafés e restaurantes forrados a ladrilho de w.c. e fotos de menús - onde pára a Pastelaria Ferrari? - ou a continuada não pedonalização do Largo Bordalo Pinheiro são impossíveis de encontrar).

Contas finais, quem ficou a ganhar foi quem ganhou a indemnização ao fim de um processo legal totalmente patético. Nunca se chegou a saber como surgiu o fogo. Os bombeiros foram severamente bloqueados no acesso ao fogo via Rua do Carmo, muito por culpa da aparvalhada esplanada que Abecassis ali permitiu que se fizesse, com canteiros feitos de cimento, etc. Quanto à habitação vs. escritórios tudo como dantes. Em relação aos sótãos repletos de porcarias, tão falados então, e bem, como sendo o rastilho para incêndios graves, a verdade é que tudo deve estar como então... apesar de todos os conselhos dos bombeiros, basta olhar para os últimos andares de uma série de prédios na Baixa.

Alguns metros abaixo, continuamos a ter uma Rua Augusta e um Rossio que são duas tristezas pegadas, só assim não acha quem não os frequenta.

Quanto à 'recuperação' dos Armazéns do Chiado, valha-nos 'Santa FNAC'.

24/08/2008

Esplanadas na Avenida da Liberdade

"Foi com incredulidade que li o artigo no jornal PÚBLICO, de 14 de Agosto, sob o título "Câmara de Lisboa começou a demolir esplanadas da Avenida da Liberdade". Incredulidade pelo fácil aproveitamento político do vereador José Sá Fernandes, quanto às esplanadas da Av. da Liberdade. O vereador António Proa, durante o seu mandato, recorreu aos tribunais para reaver para a CML a posse do Café Lisboa e pensou numa solução para a reabilitação do espaço nesta zona nobre.
A decisão judicial saiu agora, dando razão à CML. Isto ficou a dever-se à intervenção e acção de António Proa e não à do vereador Sá Fernandes, que nada fez. Limitou--se a tirar proveito do trabalho de outro, fazendo passar a imagem de que ele é que foi o promotor da acção. Mais, deu ordem de demolição do espaço e fez disso uma festa (...). Tomou uma decisão, justiça lhe seja feita. Decidiu não fazer cidade!
Sá Fernandes não percebe que fazer cidade não é apenas demolir ou terminar com os elementos ou usos com os quais não concordamos. Fazer cidade é percebê-la e estudar a médio e longo prazo o que queremos para ela. Caso contrário, estamos a construir lugares sem expressão nem significado, estamos a descaracterizar espaços (...).
Quando eleito para a Junta de Freguesia de S. José, uma das primeiras questões que coloquei ao então vereador António Proa foi: "Que futuro queremos para as esplanadas da avenida?". Com um estudo já elaborado, propus a reutilização da estrutura do Café Avenida. Do levantamento feito à época concluímos que bastaria uma limpeza no interior, novo equipamento, decoração e uma pintura exterior. Falámos com os comerciantes, com os hoteleiros e com a população residente e que trabalha no local (...). Trabalhou--se na proposta e encontrou-se um modelo: uma sala de chá com serviço de refeições ligeiras, adequado a um estilo de vida urbano, com uma zona para serviço de almoços e jantar gourmet. Este espaço iria permitir um protocolo com escolas de hotelaria e turismo (...). Tínhamos ainda equacionada a possibilidade de parte dos proveitos serem aplicados em acções e actividades de cariz social, envolvendo as juntas de freguesia e instituições de solidariedade social da avenida.
Sá Fernandes deitou o Café Lisboa abaixo, deixou o entulho nos passeios da Avenida da Liberdade e fez uma festa. Mas já alguém ouviu falar de um projecto para o local? "

João Miguel Mesquita, presidente da Junta de Freguesia de São José
OPINIÃO -PUBLICO-24-08-08

Inquérito aponta para descoordenação na CML no caso de atropelamento mortal

"Inquérito aponta para descoordenação na CML no caso de atropelamento mortal-PUBLICO-SOFIA RODRIGUES
Investigação interna não poupa críticas ao desempenho dos serviços municipais e da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa na sequência de um acidente em frente a uma escola

Houve falta de coordenação e de comunicação entre serviços da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a sociedade privada gestora da Alta de Lisboa na intervenção ao nível da segurança rodoviária junto a uma escola onde se verificou o atropelamento mortal de uma aluna, no passado mês de Junho. Esta é a principal conclusão de um inquérito interno da CML, ao qual o PÚBLICO teve acesso, e que foi aberto para apurar eventuais falhas do município no acidente junto à Escola EB 2-3 D. José I, no Alto do Lumiar.
O relatório conclui que "não existem indícios de infracção disciplinar na actuação dos serviços e funcionários", mas não poupa críticas ao desempenho dos serviços da CML e da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL), promotora imobiliária privada que é a entidade responsável pelo empreendimento e infra-estruturas daquela zona da capital, à luz de um contrato celebrado com a autarquia.
Num extenso dossier de mais de 100 páginas, o instrutor conclui que houve "faltas de coordenação e de comunicação entre os serviços municipais e entre os serviços e a SGAL".
Segundo o mesmo relatório, os departamentos em causa funcionaram como se fossem ilhas: "Cada serviço agia, apenas, de acordo com a sua óptica do problema, considerando que os aspectos que diziam respeito ao serviço do lado lhes era alheio", lê-se no documento que indica também algum desconhecimento da realidade.
O Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego da CML, por exemplo, "não conhecia o projecto pormenorizado das vias para a área envolvente da Escola D. José I". E a Unidade de Projecto do Alto do Lumiar (UPAL) - serviço da CML com objectivo de assegurar a gestão e a reconversão urbanística da zona - "não conhecia a calendarização da abertura do lado sul da avenida" onde se situa a escola (em obras antes do acidente) e que alterou as condições de circulação no local.
Foi também apurado que "a generalidade das infra-estruturas do Alto do Lumiar não estão a ser recebidas pela câmara municipal, apesar de estarem em funcionamento", o que leva a uma "indefinição jurídica" sobre quem é responsável pela sua manutenção.
Os resultados do inquérito denotam também "falta de funcionários em quantidade ou qualificação suficientes para assegurarem algumas funções importantes." No Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego, por exemplo, o técnico responsável pelo Lumiar e outras zonas próximas declarou ser um aprendiz e "nunca ter exercido" as funções.
A comunicação por parte dos serviços também é criticada: "Na generalidade, é pouco clara e, frequentemente, não indicativa do que se pretende".
Por último, o relatório conclui que a intervenção da UPAL é "essencialmente gestionária". O director desta unidade reconhece no inquérito que o acompanhamento à urbanização do Alto do Lumiar é feito numa "perspectiva de gestão e não de fiscalização, que seria impossível".
Perante este relatório, o presidente da CML, António Costa, determinou que fossem executadas as obras propostas pelo autor do inquérito para melhorar a segurança rodoviária na zona envolvente da escola. Em despacho, de 22 de Julho, Costa determina que as intervenções devem estar concluídas até ao início deste ano lectivo, e avisa que "não devem ser adiadas por dúvidas quanto ao âmbito da responsabilidade entre município, SGAL e Estado". As obras recomendadas estão em andamento, segundo a assessoria de imprensa da CML. A SGAL, contactada pelo PÚBLICO, não se quis pronunciar sobre o relatório
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Escola pediu "encarecidamente" uma passadeira
Em meados de Abril, cerca de dois meses antes do acidente mortal de uma aluna de 15 anos, o director da escola EB 2-3 D. José I enviou uma carta aos serviços da Câmara Municipal de Lisboa a "pedir encarecidamente" a colocação de uma passadeira em frente ao estabelecimento.
O alerta consta do relatório do inquérito interno da CML que apurou ter havido outras chamadas de atenção para os riscos que os peões corriam no troço junto à escola, nos seis meses que antecederam o atropelamento. Aliás, segundo o relatório, o troço da avenida Carlos Paredes, onde se situa a escola, "é perigosíssima".
Na carta dirigida ao director municipal de Segurança Rodoviária e Tráfego, o responsável da escola indigna-se com a falta de acessos para os alunos e queixa-se do problema se arrastar "há quatro anos sem resolução".
Foram trocados dezenas de ofícios entre os vários serviços da CML sobre a melhoria da sinalização e das condições de acesso dos alunos à escola, mas nenhuma das diligências resultou em acções concretas no terreno. Até chegou a ser marcada uma reunião entre a UPAL e o Departamento de Segurança Rodoviária da CML para tentar resolver este problema, mas o encontro já se veio a realizar após o acidente.
Existe uma passadeira a 25-30 metros da escola, mas é pouco utilizada pelos alunos, que preferem atravessar em linha recta. Uma das hipóteses mais discutidas entre os serviços foi a colocação de outra passadeira mesmo em frente à escola, mas concluiu-se que era inviável, por ser impossível instalar um gradeamento, já que o portão do estabelecimento de ensino é utilizado por peões e por automóveis. Agora, é parte da solução que vai ser adoptada por ordem do presidente da CML, António Costa.
O presidente determinou ainda que seja estudada a colocação de uma passadeira onde haja melhor visibilidade e protegida por semáforos, tal como recomendava o relatório. "

CML: Licenciamento do edifício do antigo Hospital de Arroios

Comunicado oficial da CML:

«Em relação a uma notícia publicada na edição de hoje do jornal Público sobre o antigo hospital de Arroios, a Câmara Municipal de Lisboa esclarece:
1. Em 2004, deu entrada nos serviços de urbanismo da CML um pedido de licenciamento de obras de construção de um conjunto de edifícios, para a parcela onde funcionava o antigo Hospital de Arroios;
2. Este licenciamento implicava a substituição da quase totalidade dos edifícios existentes no local, com excepção das construções que integram a antiga igreja do Convento de Arroios, imóvel classificado no Inventário Municipal do Património;
3. O projecto de arquitectura foi aprovado em 26 de Novembro de 2004;
4. Em 2005 o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) determinou a abertura de procedimento para classificação do antigo Convento de Arroios. Esta medida implica, nos termos da Lei do Património, a suspensão dos procedimentos de concessão de licenças, obrigando a prévio consentimento do IPPAR (parecer vinculativo);
5. O IPPAR emitiu parecer desfavorável ao projecto de arquitectura anteriormente aprovado;
6. Em Fevereiro de 2008, o requerente entregou novos elementos;
7. Mais se esclarece que, na sequência da sindicância aos serviços de Urbanismo, a Câmara Municipal deliberou (proposta 07/2008, de 11 de Janeiro) submeter a auditoria interna uma lista de processos que indiciam irregularidades na sua apreciação. Este é um dos casos que se encontra em apreciação.»
Lisboa, 20 de Agosto de 2008

23/08/2008

Que cidade é esta?




Num espaço de dez anos, talvez nem tanto, e pensando apenas num passado recente, Lisboa...

… recusou o espólio de Alfredo Keil, deixando-o "fugir" para Torres Novas e negando à família a vontade expressa de que ele aqui permanecesse;

… destruiu, com a mesma deselegância e impunidade, a última casa de Almeida Garrett, mesmo sabendo que ela representara, não mais uma, mas a casa da sua vida;

… desfigurou de forma irreversível a última casa-atelier de José Malhoa, na Travessa do Rosário;

… prepara-se muito provavelmente para fazer o mesmo à casa de sempre do olisipógrafo Augusto Vieira da Silva;

… já este mês, espécimes raros na obra gráfica de Rafael Bordalo Pinheiro, constantes de uma colecção privada, ficaram nas Caldas da Rainha – não há notícia de que Lisboa tenha esboçado um gesto de interesse pela sua aquisição.

Caldas, segunda terra de Rafael Bordalo, fará certamente um belíssimo trabalho com o espólio que acolheu, tal como Torres Novas o fará, no âmbito do projecto "Cidade Criativa", com o legado de Alfredo Keil. Relativamente a este último, resta apenas saber o que fará Lisboa à sua casa da Avenida da Liberdade, agora que os "ventos do progresso" estão a poucos metros dela: a totalidade do quarteirão vizinho tem, desde Julho, um pedido de ampliação nos serviços "competentes". Pudessem as casas mover-se e elas seriam honradas noutros lugares, que não nesta cidade que não quer, nem sabe, fazê-lo.



Nas imagens, fotografia de época do prédio da Avenida da Liberdade, tornejando para a Praça da Alegria, onde Alfredo Keil viveu; o mesmo imóvel na actualidade


22/08/2008

Câmara de Lisboa vai reduzir frota automóvel


in TSF

«A câmara de Lisboa vai reduzir em 170 veículos a sua frota automóvel. Com esta medida, que implica que os funcionários da câmara se passarão a deslocar atrávés de meios alternativos, a autarquia quer poupar 840 mil euros por ano.

A Câmara Municipal de Lisboa vai reduzir a sua frota automóvel de 400 para 230 veículos, o que vai resultar numa poupança de 840 mil euros anuais.
Ouvido pela TSF, o vereador Marcos Perestrello confirmou que começam, esta sexta-feira, a ser abatidos os 170 veículos previstos, o que vai beneficiar não só o ambiente, mas também o orçamento camarário.
«O que é essencial é assinalar uma redução de 40 por cento na frota municipal e uma redução de 360 toneladas por ano de emissões de carbono para a atmosfera», explicou o autarca, que diz que os veículos a vender não vão ser substituídos.
O autarca, que confirmou que alguns dos veículos a abater estão afectos à administração da câmara, explicou que esta redução vai implicar que os funcionários se comecem a deslocar através de metro e autocarro e excepcionalmente de táxi.
«Os serviços da câmara não ficam afectados porque são introduzidos mecanismos alternativos que garantem a circulação de pessoas designadamente o incentivo ao recurso de transportes públicos dentro da cidade», explicou.
Marcos Perestrello adiantou ainda que os funcionários da autarquia poderão vir a utilizar o táxi nas suas deslocações caso haja urgência nos serviços que têm a fazer.»

Fotos: veículo da frota automóvel da CML estacionado em cima do passeio no Largo do Convento da Encarnação - mesmo em frente da entrada da igreja, que estava aberta para um serviço religioso... De facto, se é para darem maus exemplos destes, então é melhor andarem de transportes públicos. Em Londres e Amesterdão, os funcionários de vários departamentos municipais utilizam a bicicleta como meio de transporte oficial. As boas práticas devem começar na autarquia. Como estas imagens provam: menos automóveis oficiais na Câmara de Lisboa = menos automóveis estacionados em cima dos passeios de Lisboa.