04/02/2008

Pilaretes e Estacionamento

A propósito dos últimos posts do FJorge e do Mário Miguel com fotos de pilaretes noutras cidades europeias, há um outro promenor bem patente naquelas fotos que também as distingue de Lisboa.

Alguém nota?

A total ausência de estacionamento à superfície... Por cá ainda existe o direito inalienável de estacionar à porta, e muito provavelmente de borla (dada a baixa probabilidade de se pagar multa). Perdem os peões por terem menos espaço, perde a estética e a qualidade de vida da cidade - como é que uma rua ou praça em formato de parque de estacionamento pode ser agradável? - e perdemos todos com mais e mais trânsito, já que grande parte (40%) do tráfego na cidade é causado por automóveis às voltas à procura de lugar para estacionar (video da StreetFilms). E o que não falta por aí é lugar para estacionar em parques.

Descontando as ruas muito estreitas (e mesmo essas...), a Avenida Fontes Pereira de Melo, as praças de Baixa (Rossio, Município e Figueira) e obviamente as vias-rápidas alguém se lembra de mais algum local em Lisboa sem estacionamento à superfície?

3 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

Só em Lisboa é que se contesta este tipo de soluções. Na Europa (a verdadeira) não se contesta, exige-se o respeito da vida citadina e dos peões.

Basta ir a Madrid e ver que o estacionamento à superfície é limitadíssimo.

Não basta dizer que Lisboa ainda não tem parques de estacionamento suficientes e uma rede de transportes á altura de uma capital. É verdade. Mas mesmo ans zonas esplêndidamente servidas por estacionamento subterrâneo e transportes (como a Baixa) ainda se insiste em levar o carro e bloquear as ruas do centro histórico.

E ainda o comércio reclama da faltra de estacionamento como a causa do seu declínio...Esquecem-se muitos que manter lojas do secúlo passado (com o mau quie isso implica) é que leva à sua decadência.

E quanto à habitação, quem quer morar nos centros históricos sabe, conscientemente, que terá dificuldades com o carro. E muitos aceitam-no. Quem não quer procura noutro lugar.

Quanto aos serviços, nem procuram o centro histórico pois têm necessidades de espaço que apenas zonas novas comportam.

Porquê tanto alarido por causa de pilaretes? Ocupam muito espaço aos peões? E os carros nos passeios? ocupam menos?

Anónimo disse...

Só quis referir noutros meus comentários que os pilaretes "milagrosos" causam hematomas e quedas a pessoas de baixa visão (retinopatias, diabéticos, cegos, etc). a sua colocação ao longo do passeio é uma medida acertada (não é a melhor, para mim, pois se os passeios tivassem altura suficiente e os lancis fossem em aresta viva - vide passeios junto à torre das Antas, no Porto). Agora considero abusivo os pilaretes implantados no meio do passeio para protejer acessos a garagens, esses sim são um perigo, tal como bocas de incendio, sinais de transito (que deviam estar ou junto à estrada ou encostados à parede, já para não falar dos paineis de publicidade (mupis). Na esquina da Av da Liberdade com a Duque de Loulé, há muitos outros obstáculos e nem pilaretes há (logo, não é perseguição minha aos pilaretes): uma pequena fracção de passeio que tem a banca de vendedores da clix, o assador de castanhas, um quiosque de jornais que atrai muita gente, e os engraxadores em frente ao quiosque, geram muita perturbação a quem tenha dificuldades visuais. Mas o pior são os pilaretes de cimento, da cor do passeio a protejer caixas técnicas. Também não entendo porque durante décadas as caixas dos ventiladores do metro estão sempre 30 cm mais altos que a calçada... e podia continuar.

Anónimo disse...

Não, os pilaretes "ocupam" muito, demasiado, espaço nas cabeças daqueles cuja visão de cidadania é do tamanho do seu carro, do seu jardim, da sua porta, do seu caixote, da sua janela, do seu espaço. Pessoas que não sabem, definitivamente, conjugar NENHUM verbo na primeira pessoa do plural.