21/05/2009

Museus de Belém querem criar estratégia comum

In Público (21/5/2009)
Alexandra Prado Coelho

«Foi uma reunião inédita: directores de oito museus da zona de Belém juntaram-se terça-feira ao fim do dia, no Museu Berardo, para discutirem a possibilidade de criarem uma estratégia conjunta que lhes permita aumentar o número de visitantes e a qualidade dos serviços.
"Belém é um pólo que merece uma estratégia única e equilibrada", declarou Rui Silvestre, director-geral do Museu Colecção Berardo, que propôs a criação de uma plataforma que representasse os museus "junto das tutelas e agentes culturais que intervêm na zona" e que incluem entidades como os ministérios da Cultura e da Economia, a câmara municipal, o Turismo ou a Sociedade Frente Tejo.
É precisamente um projecto gerido pela Sociedade Frente Tejo que está por detrás da actual necessidade de reflexão dos museus: a construção do novo Museu dos Coches nas antigas instalações das Oficinas Gerais do Exército (junto às actuais instalações do museu) veio agitar Belém. A agitação aumentou quando se levantou a possibilidade de o Museu Nacional de Arqueologia (MNA) ser transferido do Mosteiro dos Jerónimos para a Cordoaria Nacional.
Joaquim Pais de Brito, director do Museu Nacional de Etnologia, foi na terça-feira o mais veemente crítico da ideia e defendeu mesmo a necessidade de se construir um museu de raiz para a arqueologia, porque é aí que "pode ser feita a história intelectual de um país".
Luís Raposo, director do MNA e que, enquanto presidente da comissão nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM) foi o organizador da iniciativa, voltou a defender que se "repense o modelo do Museu dos Coches [um projecto do arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha], reprogramando-o, por exemplo, para um Museu da Viagem".
Uma crítica mais geral partiu de Diogo Gaspar, do Museu da Presidência da República, segundo o qual "o que falta discutir é a requalificação do espaço urbano e dos serviços" em Belém. Gaspar lamentou a ausência "de bons cafés e de lojas", considerando que "o serviço público que se presta ao visitante é cada vez pior".
Foram apresentadas várias propostas - desde um transporte que ligasse os vários museus, até uma articulação das programações - mas não foi tomada, para já, nenhuma decisão.
A construção do novo Museu dos Coches, um projecto do brasileiro Paulo Mendes da Rocha, está a agitar Belém»

1 comentário:

Teresa Pinto disse...

As temáticas abordadas pelos directores foram de facto distintas mas muito actuais o que permitiu um espaço de reflexão e debate que se tornou interessante contudo, não foi encontrado um momento conclusivo.
Isto demonstra que um debate sério e interdisciplinar é urgente para se encontrar pontos de convergência e se determine uma verdadeira visão estratégica para Belém e para os seus Museus. Significa que os problemas são diversos, as tutelas são muitas contudo, as decisões políticas são aceleradas. Em muito pouco tempo - em meses - querem-se alterar vários museus que já contam com décadas de existência entre alguns centenários.
O Museu de Arte Popular foi um dos temas de debate iniciado com uma intervenção de uma ex-conservadora, Dr Luísa e seguido por com uma intervenção do presidente do Conselho de Administração do ICOMOS, arquitecto José Aguiar que explicitou e justificou a importância deste Museu na história da arquitectura e das artes no século XX tendo em conta o contexto da Exposição do Mundo Português de 1940 e a dimensão internacional associada a personalidades que participaram e escreveram sobre o evento como Saint-Exupéry.
O Museu de Arte Popular constituiu assim um tema entre os presentes.