19/07/2006

Sá Fernandes pede demissão do vereador do ambiente

In Público (19/7/2006)

"O vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa pediu ontem a demissão do responsável máximo pelo Ambiente na autarquia, António Prôa, por este não ter travado o abate de árvores no Convento dos Inglesinhos no dia em que foi conhecida uma decisão judicial nesse sentido.

Segundo José Sá Fernandes, a empresa de construção Highrove, do grupo Amorim, que pretende transformar o antigo convento no Bairro Alto num condomínio residencial de luxo, "abateu um número indeterminado de árvores no empreendimento, deixando apenas três em pé", na segunda-feira, dia em que se conheceu a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa de proibir a remoção do coberto vegetal e a destruição do solo vivo naquele terreno.

"A câmara sabia que estavam máquinas no terreno e foi informada da decisão do tribunal. Mas o vereador dos Espaços Verdes, António Prôa, limita-se a dizer que lamenta o que aconteceu, sem ter fiscalizado o local nem impedido o abate das árvores. Devia demitir-se. Eu, se estivesse no lugar dele, já me tinha demitido", reclamou ontem Sá Fernandes.

António Prôa, surpreendido pelas declarações do vereador bloquista, limitou-se a dizer que o seu gabinete nada podia fazer por o processo estar no Urbanismo, lamentando, porém, o abate. "Como cidadão, lamento que se percam as árvores, mas não me posso acorrentar a elas para impedir que sejam abatidas", disse, acrescentando que os serviços municipais de espaços verdes limitaram-se a participar no acompanhamento do transplante de três árvores - duas palmeiras e um lódão.

A vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara, confirmou que o seu gabinete autorizou o abate de algumas árvores e o transplante de outras no licenciamento que fez aprovar para o Convento dos Inglesinhos, acrescentando que a autarquia só ontem foi notificada da decisão judicial.

José Fonseca e Costa, responsável pela providência cautelar que pretende impedir a transformação do convento em condomínio, contou que na propriedade, há apenas uma semana, existia um jardim frondoso que agora está reduzido a três árvores. "Quanto ao coberto vegetal, apesar da proibição do tribunal, a verdade é que as máquinas continuam a trabalhar no local e é perceptível que ele continua a ser removido", explicou o realizador ontem à tarde.

Rui Alegre, presidente executivo da Amorim Imobiliária, não comenta a decisão do tribunal e diz que apenas foi abatida uma árvore no Convento dos Inglesinhos. Em declarações ao PÚBLICO, garantiu que a área verde e ajardinada do futuro condomínio aumentará em relação à que hoje existe. A.M./D.R
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Amorim dará mais árvores ao Bairro Alto
In Jornal de Notícias (19/7/2006)

NR:

Este é mais um episódio do escândalo que tem sido este processo dos Inglesinhos, desde a venda do Patriarcado à Misericórdia, e desta ao Grupo Amorim, passando pelo desinteresse oficial do Ministério da Cultura (recorde-se que o Conservatório, que está em pré-aviso de abalar para fora do centro de Lisboa, esteve para se alargar, e bem, aos Inglesinhos) e IPPAR, e pela inenarrável posição da CML, desde os tempos de Margarida Magalhães e a vereação de João Soares, até hoje, dia 19 de Julho.

Os Inglesinhos são um daqueles casos paradigmáticos de como se vive em Portugal, onde tudo vale (desde a mentira mais descarada, à hiprocisia barata, passando pela demagogia para inglês ver, e uma dose maciça de medo, incompetência, indiferença e imoralidade), mas onde as opiniões válidas de nada contam.

Neste episódio (que não será o último) as árvores foram-se para sempre (é uma anedota dizer-se que se transplantam árvores, pois para isso é preciso prepará-las um ano antes para o efeito ... ), enquanto a sentença aguardava serenamente que se fossem; fazendo-se letra morta até do que o malfadado projecto de construção apresenta como sendo elementos a preservar. O incrível de tudo isto é ver-se que mesmo após a sentença, o coberto vegetal continua a ser retirado.

Uma nota final para os construtores civis portugueses, pois parece que descobriram forma de plantar e fazer crescer árvores sobre base de cimento. Talvez uma invenção nova? Sendo assim, há que patenteá-la!

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

Omque nao sabem e que foram autorizadas 3 caves de estacionamento e nao duas ...