19/10/2007

Bairro 2 de Maio exige melhorias nos esgotos e nos arruamentos

Ratos e baratas enormes, esgotos entupidos e a deitar por fora, muito mau cheiro, passeios esburacados. Estas são algumas das queixas de moradores do Bairro 2 de Maio, na Ajuda, em Lisboa, que exigem à Gebalis - Gestão dos Bairros Municipais de Lisboa - a realização "das obras prometidas há um ano" e rampas de acesso para quem anda de cadeiras de rodas "não ter de continuar preso em casa". Responsáveis da Gebalis afirmam estar a aguardar verbas da Câmara de Lisboa para executar as obras em falta.
Maria da Graça Mendes mora ali desde que os prédios do bairro "foram tomados e ocupados, no dia 2 de Maio de 1974", por pessoas que viviam em barracas na zona envolvente. Conta ao DN que a sua vida se tornou "num suplício há três anos".
"O meu marido teve um AVC e ficou numa cadeira de rodas. Como morávamos no terceiro andar e era muito difícil carregá-lo na cadeira pelas escadas - o prédio não tem elevador -, pedi à Gebalis para nos mudarem para um rés-do-chão. Em três anos, não resolveram nada", contou."Só mudei em Outubro de 2006, porque a vizinha do rés-do-chão acabou por ter pena de mim e trocou a casa dela com a minha", referiu, protestando que "a Gebalis aproveitou logo para aumentar a renda de 21 para 113 euros".
Tornou-se mais fácil sair do prédio com o marido na carreira de rodas, mas lá fora continuam os problemas. "As ruas estão todas esburacadas e as rodas ficam lá presas", queixa-se Maria da Graça, adiantando já ter pedido à Gebalis para construir uma rampa de acesso, "mas dizem que não se pode fazer nada".
A mesma falta de acessos prejudica a vizinha do lado, que se desloca de cadeira de rodas. E também Beatriz Mateus, que mora na mesma rua: "O meu marido não tem pernas. Com as ruas todas esburacadas, não se pode andar com a cadeira de rodas."
Joaquim Granadeiro, presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, sublinhou ao DN que "a rede de saneamento básico tem falta de escoamento e a água volta para trás".
Recorda que "o bairro não estava concluído quando foi ocupado. Destinava-se a alojar funcionários camarários ou governamentais, da PSP ou GNR. A Gebalis só começou a gerir o bairro em 2003. Antes disso, era a junta que fazia as pequenas reparações e tudo se resolvia mais rápido".
"Em Novembro de 2006, a Gebalis apresentou o plano de requalificação, anunciando que as obras começavam em Janeiro de 2007 e terminavam no fim do ano. Mas só o fizeram na envolvente à capela", diz o autarca. Salienta haver "zonas em que só há caminhos de terra batida. Falta fazer os arruamentos". Adianta que "a junta tem feito vários contactos com presidentes da câmara e vereadores a pedir intervenções no bairro, que tem mais de 600 fogos, com cerca de três mil moradores. É preciso substituir as canalizações das casas, portas e janelas".
O morador Helder Martinho denuncia que "há quatro anos puseram campainhas nos prédios e intercomunicadores. Mas não serve para nada, porque não fizeram as ligações". O vizinho Acácio Gouveia Soares protesta, porque "os contentores do lixo já não são lavados há anos. É um pivete que não se aguenta. E há baratas voadoras enormes e ratazanas do tamanho de gatos".

in Diário de Notícias de hoje

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