09/06/2009

Museu dos Coches previsto para zona vulnerável a sismos e inundações

In Público (9/6/2009)
Ana Henriques

«"A obra a executar e a intervenção nos espaços exteriores devem reflectir as preocupações da Protecção Civil", defende vereador Manuel Salgado

O novo Museu dos Coches está previsto para uma zona vulnerável a sismos e inundações. É isso que diz o departamento de Protecção Civil da Câmara de Lisboa. Por isso, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, leva à reunião de câmara de hoje uma proposta no sentido de a autarquia emitir um parecer favorável condicionado relativamente à sua construção.
Planeado para defronte da estação de comboios de Belém, entre a Av. da Índia e a Rua da Junqueira, o projecto do premiado arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha assentará parcialmente em terrenos "de aluviões e aterros, que são especialmente favoráveis a fenómenos de amplificação de efeitos sísmicos", referem, em parecer, as técnicas superiores que analisaram a questão.
Embora a parte do novo edifício mais afastada do Tejo esteja prevista para terrenos de baixa vulnerabilidade sísmica, o mesmo não acontece com a sua metade virada ao rio, que avança por uma zona de aterro e de aluvião também vulnerável a inundações em dias de temporal, especialmente quando chover muito em alturas de maré cheia.
"Convém realçar que (...) nesta zona a rede de saneamento é servida por um sistema de colectores unitários que drenam simultaneamente águas domésticas e pluviais", diz ainda o mesmo parecer, que inventaria os troços da rede de colectores que se poderão tornar mais problemáticos, por se localizarem nas mesmas áreas vulneráveis a inundações. E aqui surge uma vez mais o terreno do futuro museu, que ocupará mais de 15 mil metros quadrados. Por fim, as técnicas da Protecção Civil referem ainda que a zona "constitui ponto de passagem de inúmeros transportes rodoviários de mercadorias perigosas".
"A obra a executar e a intervenção nos espaços exteriores devem reflectir as preocupações da Protecção Civil", defende Manuel Salgado, citado pela agência Lusa. Para o autarca, a entidade responsável pela construção, a Sociedade Frente Tejo, deve ainda "submeter à apreciação dos serviços municipais um projecto de obra de urbanização da rede viária, para análise das alterações a efectuar no sistema viário local", como o reperfilamento da Avenida de Brasília".
Manuel Salgado faz igualmente depender a emissão de parecer favorável de a entidade responsável pelo equipamento cultural assegurar a "manutenção e a gestão do espaço público da praça do museu, bem como de todas as instalações pertencentes ao seu programa". A Sociedade Frente Tejo deve ainda "promover o cumprimento das normas técnicas de acessibilidade", estabelece a proposta do vereador do Urbanismo. O novo Museu dos Coches custará 31,5 milhões de euros e será pago com contrapartidas do Casino Lisboa.
Entretanto, conta já com 2500 assinaturas uma petição online do movimento Fórum Cidadania, intitulada "Salvem os museus nacionais dos Coches e de Arqueologia e o monumento da Cordoaria Nacional" e que defende que o novo edifício é desnecessário e que o dinheiro poderia ser aplicado na renovação de outros museus.
Petição do Fórum Cidadania pode ser subscrita em http://www.gopetition.com/petitions/salvem-o-museu-dos-coches.html»

8 comentários:

Anónimo disse...

Agora são os terramotos. Força. Tenham cuidado com os asteróides, também. E naquele sítio há uma florzinha rara que é essencial para o eco-sistema universal.

S.O.S. disse...

...
Há inergúmeros que são capazes de vender os pais apenas pelos seus sagazes interesses.

Há quem não mereça o esforço dos seus antepassados, nem queira saber do futuro dos seus filhos.

Mal está o povo que não faz respeitar o seu património a estas aves de rapina.

Anónimo disse...

Bem esta é para rir! O edificio, que é muito feio, é sobre uns pilotis bem gordos, e portanto justamente estaria salvaguardado de inundações.
Assim um parecer condicionado nem peixe nem carne sempre vai dar para não recuar quando necessário.
Estamos em crer mesmo estando a afiar o lapís no atelier de Gregoti deveria ter apurado o gosto.
Patético, este executivo está a fzer lindas figuras, o António Costaque teria um futuro brilhante está a manchar o seu nome a custa de dois incompetentes Salgado e Sá Fernandes. É pena!

Ferreira arq disse...

http://cumprirquioto.pt/documents/List.action

Relatório sobre “Energia e Alterações Climáticas”,
publicado em 2008/07/07, do Ministério da Economia e da Inovação, orgulho do Ministro António Pinho, e por si subscrito.

Vejam o capítulo 5:
.
"V.
Eficiência Energética
Apesar da desaceleração do consumo total de energia nos últimos anos, o consumo de energia nos edifícios continua a crescer significativamente, tendo-se verificado para este sector um aumento médio de 3,9% entre 2000 e 2005. Esta tendência é em parte explicada pela aproximação dos níveis de conforto habitacional à média europeia (nomeadamente com o aumento do número de casas com aquecimento central), mas também pela ineficiência energética nos edifícios (Figura 17).

O aumento do consumo energético nos edifícios tem particular reflexo ao nível dos consumos de electricidade, uma vez que este sector é um dos principais utilizadores de energia eléctrica. De facto, se em termos de energia primária por unidade do PIB ou por crescimento, Portugal se aproxima dos níveis médios europeus, ao nível do consumo de electricidade, as taxas de crescimento verificadas nos últimos anos encontram-se entre as mais altas da Europa

Com as medidas já implementadas, o Governo veio imprimir uma alteração relevante no sentido duma trajectória de desenvolvimento sustentável. Para além disso, o Governo acaba de fixar uma nova meta a implementar até 2015, definindo medidas adicionais de redução do consumo de energia equivalentes a 10% do consumo energético (Figura 19).
Nesse sentido, e a curto prazo, o Governo prevê:

Harmonizar fiscalmente o gasóleo de aquecimento com o gasóleo rodoviário, desincentivando, de forma progressiva, a utilização do primeiro para o aquecimento doméstico e permitindo, simultaneamente, financiar o Fundo Português de Carbono para cumprimento de Quioto;

Aprovar um Plano de Acção para a Eficiência Energética com o objectivo de implementar medidas de redução de consumo de energia equivalente ao consumo energético verificado entre 2000 e 2005.”
.
.
Afinal os políticos sabem o que é eficiência energética e porque se deve agir!
Mas isto é só para os privados? E para apertarmos o cinto com os encargos disto tudo?

O estado está obrigado a cumprir como todos! E não devia até dar o exemplo?

Não há programa que justifique minimamente, neste caso, 15000m2 de edifício novo e todos os encargos económicos e ambientais daí resultantes.

Esta obra contraria estupidamente todas as decisões governamentais quanto a eficiência energética e objectivos de redução determinados pelo governo, constituindo isto, por si só, motivo mais que suficiente para que tal edifício não possa ser aprovado, para não falar de todos os outros restantes motivos para os quais temos vindo a alertar.

Não temos que pagar do nosso bolso as asneiras de quem afirma uma coisa e faz outra!

É DE RECUPERAR O ACTUAL MUSEU DOS COCHES e de chumbar esta avantesma, perfeitamente ILEGAL.

Anónimo disse...

2500 assinaturas é muito pouco, se fosse umas 25000 já era outra coisa.

Lesma Morta disse...

Lamento profundamente a primeira intervenção que a coberto do anonimato desconheça ou finja desconhecer a carta sísmica da cidade onde é claro que a zona é considerada de elevada perigosidade. De pouco contribui para o dialogo de cidadania o escarnecer. Tem todo o interesse o debate saudável de opiniões ainda que possam ser divergentes. No meu caso bato-me desde a primeiro hora contra e argumento contra a falta de necessidade, haver muito mais a fazer pela museologia em Lisboa com as verbas do Casino, a volumetria absolutamente monstruosa, a parede cega que complementa estes 15.000 m2 virada para o Tejo (um absurdo arquitectónico, um edifício parcialmente em vidro cuja eficiência energética não foi ponderada logo contraria às disposições legais em vigor e obviamente a integração deste projecto com a transferência do material das Oficinas e do Museu Nacional de Arqueologia para a Cordoaria, que constitui por si só elemento de chumbo liminar.

Jorge Santos Silva

Anónimo disse...

25 000, num assunto de futebol, nem sequer seria significativo.

2 500 assinaturas em assuntos de cultura... já é mesmo muito.
Podiam ser muitas mais se as pessoas fossem mais participativas.
Das muitas pessoas que tenho ouvido defender o actual museu dos coches, boa parte não se deu ainda ao trabalho de subscrever a petição.
Há muito a fazer na nossa cultura.

Ferreira arq. disse...

Lisboa: Adiado parecer camarário para novo Museu dos Coches

http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9775620.html
09 de Junho de 2009, 19:56
Lisboa, 09 Jun (Lusa) - A discussão sobre a emissão de parecer favorável condicionado ao projecto do Novo Museu dos Coches pela Câmara Municipal de Lisboa foi hoje adiada.
A vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa Helena Roseta tinha apresentado uma proposta alternativa para a realização de uma audição pública, mas a pedido dos vereadores do movimento Lisboa com Carmona as propostas foram adiadas.
Helena Roseta disse aos jornalistas que o adiamento foi pedido porque a proposta tinha sido apresentada hoje e os vereadores alegaram falta de tempo para a analisar.