In Público (21/6/2010)
Por Victor Ferreira
«Capital portuguesa repete o 25.º e último lugar na lista das cidades com melhor qualidade de vida
Diz-se que não há duas sem três e Lisboa cumpriu, ou melhor, cumpriu a revista mensal Monocle, de língua inglesa, vendida em 50 países e com uma circulação total de 150 mil exemplares, que voltou a colocar a capital portuguesa no top 25 das cidades com melhor qualidade de vida. Argumentos? Pouco crime, a sua posição estratégica no continente europeu, a frente ribeirinha a rejuvenescer e, pela primeira vez, a lei que permite o casamento gay.
Quem, todos os dias, ouve ou lida com as queixas sobre Lisboa, hesitará entre classificar este veredicto como ajustado, simpático ou fora da realidade. Mas vista de fora, Lisboa é "uma cidade cada vez melhor para se viver", afirma a revista na sua próxima edição de Julho (ranking completo em http://www.monocle.com/specials/35_cities/) .
Em 2008, Lisboa ficou no 24.º lugar, em 2009 caiu uma posição e fechou lista no 25.º e este ano repete a classificação numa tabela liderada por Munique. A capital da Baviera ganha pelo seu equilíbrio entre desenvolvimento tecnológico, planeamento ambiental e presença artística e cultural. Factores que, segundo a Monocle, ajudam a explicar por que nascem tantos bebés em Munique, que contraria o declínio populacional de tantas outras cidades, como Lisboa. Ivan Carvalho, autor do texto sobre a capital lusa, destaca "um aumento de dois dígitos" nos espectáculos de música e de teatro, frisa que o Mude - Museu do Design e da Moda é a âncora de "uma nova vida à volta da Praça do Comércio", mas não deixa de reconhecer que os habitantes "parecem menos entusiasmados" com estes factores e que talvez preferissem "investimentos no transporte público, nas ciclovias e uma nova política de habitação". Carvalho lembra que Lisboa perdeu uns 20 mil habitantes nos últimos dois anos, culpando uma "lei das rendas fora do prazo". "O centro da cidade é pontuado por edifícios vazios", conclui.
Em Março, a capital portuguesa havia sido designada como o Destino Europeu em 2010, numa escolha da European Consumers Choice, uma organização não-lucrativa que, na altura, pôs à prova dez cidades europeias e deixou os consumidores decidir, numa votação on-line. Há menos de um mês, a consultora Mercer divulgou a sua lista, figurando Lisboa na 45.ª posição, num universo de 221 cidades. Para a Mercer, um dos aspectos negativos de Lisboa era o aumento do crime violento, factor que acaba por ser desvalorizado pela Monocle. Tem tudo a ver com critérios e recolha de dados, sendo os itens avaliados pela revista inglesa uma mescla de factos (crime, mobilidade, ligações aéreas internacionais, facilidade em começar um negócio ou horas de sol) e dados subjectivos (tolerância, arquitectura e a beleza da paisagem, vida cultural).
Para a Monocle, por exemplo, um dos aspectos positivos de Lisboa é o ser um "ponto de passagem para a América do Sul". Porém, parece ter-se esquecido que a recuperação do Parque Mayer, factor elogiado no ranking de 2009, continua a marcar passo.»
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2 comentários:
Tá bem visto, Lisboa é um excelente ponto de passagem para a América do Sul e depois os viajantes ficam a conhecer o magnífico aeroporto da Portela.
muito giro. vista com um monóculo Lisboa está sem dúvida no top. também é interessante que a pessoa que escreve o artigo de Lisboa é a mesma que escreveu o artigo do ano passado, para além de ter raízes cá.
posso garantir que para o ano vamos estar no top 25 outra vez.
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