17/05/2011

Movimento desafia cidadãos a fotografar dejectos caninos para acabar com a praga


Imagens serão usadas para criar painel gigante a colocar num edifício de Lisboa. Iniciativa quer sensibilizar cidadãos e autoridades. Câmara adiou para Janeiro campanha prometida em Abril (por Ana Henriques in Publico)



Um grupo de moradores da freguesia de Belém lançou uma campanha contra os dejectos caninos nas ruas e jardins de Lisboa.
“Alguma vez pisou um ‘presente’ num passeio ou num jardim? Teve de submeter-se à agradável tarefa de limpar cocó de cão dos seus sapatos ou dos seus filhos? Gostava de ter uma cidade mais limpa e civilizada?”, perguntam os activistas do projecto No Sh!t Report na respectiva página criada na rede social Facebook.

Para sensibilizar consciências, o designer Guilherme Almeida Ribeiro criou um logótipo que todos os que quiserem poderão imprimir e colocar nos locais assolados pelo problema. “No primeiro dia tencionamos colocar uma única placa com a sinalética em determinado jardim. Depois aumentaremos gradualmente o número de placas até o jardim ficar pejado delas e isso se tornar incomodativo”, descreve um dos fundadores do movimento, João Rosa.

A ideia passa também por reunir, durante os próximos três meses, o maior número possível de fotos de dejectos caninos, com o objectivo de compor uma tela gigante, a afixar depois na fachada de um edifício da capital. Além da página no Facebook, o movimento criou um site (http:// noshitreport.org). “Isto não é uma campanha anticães”, frisa João Rosa, que também está ligado a outro movimento cívico, o Plantar Uma árvore. “O objectivo é chamar a atenção para um problema antigo que, em Lisboa, nunca foi resolvido de forma definitiva. E não pode haver um polícia atrás de cada dono de cada cão.” O movimento aceita fotografias de outras cidades, mas pede aos autores que a identifiquem com uma legenda.
O vereador da Câmara de Lisboa António Carlos Monteiro, do CDS, já teve o pelouro da Higiene Urbana e concorda: a questão é de difícil resolução. “Nos dois anos em que exerci essas funções, que me lembre os serviços camarários nunca multaram ninguém”, sublinha.

Segundo o regulamento dos resíduos sólidos de Lisboa, quem não limpar a porcaria arrisca-se a uma coima que oscila entre 48,5 e 727,50 euros. “Em 2005, os serviços diziam-me que os fiscais tinham de andar com um polícia municipal atrás para identificarem as pessoas, porque não tinham poderes para o fazer sozinhos. Havia uma certa inoperância.”

Outros métodos, como dispensadores de sacos, também não resultaram: o plástico desaparecia, mas as ruas continuavam sujas. Foi por esta altura que o autarca mandou comprar mais 25 motocães, as motorizadas tripuladas com cantoneiros de limpeza e com equipamento para recolher os dejectos caninos. “Hoje em dia quase não se vêem nas ruas”, observa António Carlos Monteiro, que ignora o que lhes terá sucedido.


O PÚBLICO questionou ontem a Câmara de Lisboa sobre quantos motocães continuam ao serviço. “Ainda existem e funcionam”, disse o porta-voz do vereador do Espaço Público, Sá Fernandes. Este autarca, que prometeu em Abril uma grande campanha sobre este problema de saúde pública, congratula-se com o aparecimento do movimento cívico. Quanto à campanha municipal que prometeu, foi adiada até Janeiro, dado o adiamento da contratação de novos cantoneiros devido à austeridade. Segundo a linha telefónica de apoio ao munícipe, a autarquia recorre ainda a uma empresa privada para limpar os dejectos caninos.

8 comentários:

Julio Amorim disse...

Como de costume...os problemas arrastam-se.
Era assim em 1961..e é assim passados 50 anos!
Só que antigamente existiam muitos cães sem dono por toda Lisboa - esse problema foi resolvido - mas a ***** continua a mesma ?

Anónimo disse...

-- em dois anos nunca ninguém foi multado? a mim jé me asseguraram da câmara que pessoas já foram multadas no jardim das francesinhas (o jardim que volta e meio peço à CML para fiscalizar)
-- mas aquilo que lisboa precisa é disto: http://uk.reuters.com/article/2008/09/16/uk-israel-dogs-idUKLG37942520080916

canídeo disse...

Também gostava de nadar no tejo mas está tudo cheio de cócó de pessoas. ajudam-me a colocar cartazes?

MCRamos disse...

Bom dia. Cheguei a fotografar cocó de animais, na rua onde eu habitava na Ilha de S.Tomé aos Anjos, um verdadeiro W.C. em via publica, como cheguei a enviar queixa para a câmara, que iam lavar a rua e tudo continuava na mesma. Mas meus caros Senhores eu adoro animais, eles tal como nós têm direito á vida, e quando eu circulo a pé na Almirante Reis posso cheirar bem de perto a urina dos sem abrigo e ninguém faz nada ( e não só). Mas a questão aqui não tem a ver com os animais e sim com a falta de higiene povo Lisboeta, acredite que convivem lindamente com a porcaria ainda que vistam bem e na moda. Pois no meu prédio viviam doutores e etc ( gente aparentemente normal) mas deitavam as beatas do cigarro pela janela.
Nas ruas de Lisboa as coisas não se limitam ao cocó de cão, toneladas de beatas deitadas na rua tal como papeis e escarros que podemos ver ao percorrer Lisboa,bem na nossa cara muitas vezes.
Ora eu acho que afinal o problema aqui não é do cocó de cão, pois eu tenho cães e sempre que os levo a passear, levo comigo não um mas dois sacos de plástico. Por isso que é limpo e asseado, não é obstáculo ter ou não ter o saquinho.
O problema é geral e não tem cor, idade, ou classe. É um problema deste povo especifico de Lisboa, já que eu vou sempre para outros lados do País, e não vejo isto em mais lado nenhum. A situação vai desde o jovem ao mais velho.

Conclusão: Tem tudo de começar a ser reeducado.Não deitar lixo para o chão nem, dejectos na eminência de multas grandes e que ponham ao alcanço das pessoas números onde possamos ligar de imediato (?) mas será que resolve? O povo só funciona na base da repressão. Leis como a do tabaco funcionou(mais ou menos) encontro muita gente que dentro das portas e o fumo entra na mesma...leis como "tolerância 0" nas estradas,( em que a multa era pesada)funcionou só enquanto existiu. Nunca vi as pessoas circularem tão devagar...
Multa pesada é a única palavra lei que o povo conhece infelizmente, desde de que isso não signifique mais abandono dos animais, porque infelizmente é mais uma vergonha o que se passa neste País com os, outro sinal de 3º mundo.Nós não precisamos só de governos precisamos de gente que saiba fazer e aplicar leis com sensibilidade e inteligência.

Xico205 disse...

Eu normalmente fotográfo monumentos, mas há quem ache cocó mais interessante!

Anónimo disse...

Gosto muito de cães. Estou de acordo com a porcaria que temos na rua dos cães. Acho normal que os donos dos cães apanham a porcaria dos cães. Mas mesmo quem não quer apanhar isto: há um meio caminho civilisado. Porque não habituam os cães de fazer as 'necessidades pesadas' na beira do passeio,na parte da estrada.

Gastão de Brito e Silva disse...

Tem graça, quando viva em Campo de Ourique, não precisava de levar um saco para apanhar os presentes dos meus cães, pois encontrava sempre na rua sacos de plástico ou papeis de jornal a esvoaçar na rua...

Este é mais um caso de civismo (ou falta dele) do povinho TUGA!!

Anónimo disse...

Sim estou inteiramente de acordo, com este movimento. Devemos respeitar os animais iracionais. No entanto nós os humanos, tambem devemos poder andar nos espaços publicos, sem termos que ir sempre a olhar, para vermos onde pomos os pés. Eu propio já fui vitima dos ditos presentes.