05/05/2011

Um bom exemplo de reabilitação no Porto: Pensão Favorita ou como a Arquitectura corrente de oitocentos ainda é relevante

Como é que um corrente edifício de habitação oitocentista se transformou na internacionalmente aplaudida Pensão Favorita? Apenas usando bom senso, sensibilidade patrimonial e inteligência. Estão todos de parabéns pela criação deste alojamento de qualidade, original, e muito portuense. Parabéns também ao Arq. Nuno Sotto-Mayor pelo trabalho, ao mesmo tempo sensível e criativo, de adaptação de um antigo imóvel oitocentista do Porto num equipamento hoteleiro que só poderia existir na capital do Norte.

De Lisboa ao Porto vemos cada vez mais falsas obras de reconversão urbana - chamadas de "reabilitação" por muitos autarcas e proprietários - mas que mais não são que construções novas que se escondem, mediocres e envergonhadas, atrás de fachadas antigas: os interiores são integralmente demolidos sem dó nem piedade, pouco restando dos imóveis originais para além da fachada principal. Em Lisboa esse é cada vez mais o triste e pobre protótipo que é imposto aos bairros antigos da cidade.

Mas este notável projecto do Porto prova, mais uma vez, que é técnicamente possível, económicamente viável e mais sustentável - para além de ser bem mais interessante - manter os interiores cheios de carácter que herdámos dos nossos antepassados. O edifício mais ecológico e "verde" que podemos ter é aquele que já existe. A reabilitação de um imóvel é muito mais ecológica que a construção de um novo edifício - por mais credenciais "verdes" que este possa apresentar.

PS: claro que o longo logradouro deste imóvel (tão característico da malha urbana do Porto) não foi destruído e impermeabilizado para dar lugar a essa barbárie urbanística que é transformar solos de jardim em caves de betão armado para estacionamento subterrâneo. Em vez disso o jardim continua permeável e ajardinado - um lugar perfeito para uma bebida ou uma refeição.

22 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

Medonho. Tudo com madeira a ranger, e ainda se leva com um tronco em cima durante o sono. Haja paciência. Eu é que não punha lá os pés.

Anónimo disse...

perfeito, mas é uma pensão, não um condomínio. raras são as vezes que alguém fica numa pensão numa cidade e tem carro para estacionar...

Anónimo disse...

Excelente recuperação e muito bom trabalho do colega que, conforme se refere no texto, só possível na capital do Norte, longe das térmitas de Lisboa

Anónimo disse...

É por isso que o sempre presente Filipe combina tão bem com os subúrbios e com as belezas que se controem por essa cidade fora, em substituição dos prédios com madeira a ranger de que ele tanto odeia.
Dizem que gostos não se discutem mas eu discordo: há bom gosto e mau gosto. E de facto o que se pode ver destas imagens é que foi tudo feito com belíssimo gosto.
O Filipe não gosta? Que pena! Mas não se apoquente que pelo andar da carruagem Lisboa vai ficar a cidade ideal para si, cheia do bom design passpartout que enche os olhos a muita gente mas definitivamente a mim não; e cheia de pérolas arquitectonicas com as suas garagens e os milhares de carros em cima dos passeios ou a atravessá-los para entrar nas garagens. E quando vier chuva mais forte e o solo da cidade estiver tão imperbializado que provoca as tragédias que já vimos acontecer bem pode você e os seus companheiros de mentalidade assobiar para o lado.

Anónimo disse...

Filipe,

faça um favor a esta pensão: não lá vá mesmo, fique-se pelos seus suburbios de betão a pegar o carro para ir à casa de banho.
Por favor fique longe!

Xico205 disse...

Esse teto parece que vai cair. As camas são colchões no chão..

Enquanto as pessoas dormem devem-lhes cair aranhas na cara.

Que uma casa seja assim, cada um faz o que quer da sua casa, não percebo como é que isso foi autorizado a funcionar como pensão!! Nem deve ter saidas de emergencia, em caso de fogo arde tudo com tanta madeira.

Anónimo disse...

Filipe,

O que tem vindo aqui a este espaço defender faz de si um exemplo cabal de como os portugueses estão desgovernados a afastados dos padrões civilizacionais que outros povos com os quais partilhamos a nossa história e o espaço geográfico tomam como adquiridos e nem sequer discutem sobre a sua justeza ou conveniência porque são dados adquiridos e solidificados.
Eu penso sinceramente que você, Filipe, não é uma pessoa desprovida de inteligência – antes pelo contrário - e penso até que terá uma educação acima da média o que torna tudo muito mais preocupante porque não tem a desculpa da ignorância. E quando alguém como você defende o que defende pergunto-me que esperança para o futuro podemos ainda ter.
Tem todo o direito de não gostar de casas antigas, de revivalismos, de não apreciar o tipo de recuperação que foi feita nesta pensão no Porto: é uma questão de gosto pessoal que respeito. O que não pode ser, de todo, compreensível é que não perceba a necessidade imperiosa que recuperações como esta se façam e, sejam até o padrão de todas as recuperações de edificado secular. O que é desencorajante é que alguém como você não conheça a essencialidade de se proteger património, de manter a integralidade dos cascos históricos das cidades, de se proteger os comércios tradicionais, de dividir o ónus da proteção do património entre todos, proprietários ou não, políticos ou cidadãos sem responsabilidade política. Isso não é uma questão de gosto, é antes de mais uma questão estratégica de sobrevivência e a esta deveria você ser bastante sensível uma vez que sempre reduz a essencialidade dos problemas à vertente económica destes. Não deveria desconhecer que o património cultural, como o nome indica, é capital e como poderemos ser uma potência turística se o nosso capital está a ser delapidado, descaraterizado e subjugado a interesses de enriquecimento pessoal e não de enriquecimento social? Os turistas não vêm a Lisboa por causa do Colombo, ou por causa das lojas passpartout que também existem nas suas cidades de origem. Os turistas vêm a Lisboa pelas mesmas razões que visitam Praga ou Viena, Salzburgo ou Paris: património, história, cultura. E deles somos os piores guardiães. Disso tenho muita vergonha!

Filipe Melo Sousa disse...

Não seja desonesto. Você não respeita os gostos pessoais dos outros coisa nenhuma. O que você quer, isso sim, é impor restrições na propriedade dos outros, e impedir que se façam obras sem ser desta forma, com materiais que ninguém quer e ninguém usa. Eu ao contrário defendo que você é livre de ter isto para si. Defendo uma sociedade sem imposições nem coacção. Quanto às questões de gosto e de estética, guarde-as para si, pois eu dispenso-as.

Anónimo disse...

Filipe,

a minha honestidade face ao assunto em causa levou-me a exprimir as opiniões que pode ler. Não retiro nem uma virgula e pelo seu ultimo post reafirmo ainda mais veementemente que acho chocante que alguém como você não perceba a essencialidade da conservação do edificado secular de forma criteriosa.
Como pensa que a construção sem regras, numa espécie de anarquia com base na plena propriedade (que novidade de conceito!) tal leva-me a supor que a favela apresenta-se como o modelo de urbanismo para si.
Mas como aparenta não perceber a constante contradição do tipo de mundo que advoga, como explica a imposição e a coação que o seu gosto (na minha opinião distorcido) faz a quem a cidade e a rua também lhe pertence?

Anónimo disse...

A liberdade que advoga o Filipe permite-me construir um mamarracho ao lado da casa dele, tirando-lhe o sol e as vistas e porque ele gosta tanto de garagens e de carros, fazer uma garagem pública ao lado do portão dele, onde entram e saem milhares de carros a qualquer hora do dia.
Mas como ainda não estou contente com a minha liberdade cubro o meu prédio com azulejos dos anos 60 porque sou revivalista e contrato com todas as empresas de telecomunicações a colocação de antenas na minha propriedade.
Que bom que é viver no mundo livre do Filipe!

Filipe Melo Sousa disse...

Está comprovado que você é intelectualmente desonesto. Falamos de interiores, e do uso que particulares fazem do interior. E você diz que isso desfeia a via pública.

Fim de discussão

Anónimo disse...

em lx também há bons exemplos

http://www.chafarizdelrei.com/viewPage.php?idPage=12

Anónimo disse...

Filipe, no Porto há um belo Ibis!

Boa estadia!

Anónimo disse...

Filipe,
pela quantidade de vezes que refere a honestidade inteletual parece-me que o assunto lhe pesa na consciência e deve mesmo pesar-lhe porque incongruência é o mote das suas intervenções, não que se contradiga entre posts, mas contradiz-se conceptualmente, virtude de não ter meditado profundamente sobre o que defenda ou sobre ideias que lhe foram plantadas por educação ou exemplo.
Por outro lado não me parece de grande honestidade que defende o direito de todos de escolherem ou fazerem o que bem lhes aprouver das suas propriedades quando na verdade o que quer é assegurar o seu direito a fazer o que bem entende, ainda que tal seja incompatível com a liberdade do seu concidadão.
Os interiores de que fala não estão postos em causa quando se faz uma recuperação criteriosa, pode usar os móveis e demais decorações que o seu gosto permitir. A estrutura do edifício é que tem uma série de caraterísticas que devem ser respeitadas a bem do património e história coletiva.
Não lhe cabe a última palavra para acabar a discussão, cabe-lhe sim a última atitude para acabá-la porque enquanto intervir aqui a discussão prossegue enquanto houver quem tiver algo a dizer. Se de fato deixar de aparecer por aqui pois então não haverá nada para discutir consigo, não é verdade?

Filipe Melo Sousa disse...

A sequência dos seus argumentos apenas se assemelha ao guião de uma peça do Ionesco embrulhada em retórica pretensiosa e pedante. Traduzida, resume-se ao nada. A discussão está morta à partida. voce não sabe respeitar a liberdade dos outros, quanto mais a paciência.

Anónimo disse...

A liberdade é tão diferente do liberalismo.e é isso que o torna tão perigoso.

Anónimo disse...

Caro Filipe,

muito obrigado por voltar a este espaço replicando às mensagens que lhe dirigi, em atitude clara que há ainda bastante para dizer, caso contrário já teria partido para outro tema, brindando-nos a todos com mais uma pérola da sua retórica nada pedante e menos ainda pretensiosa.
Continuo a encontrar incongruências no seu discurso: refere-se ao respeito pela liberdade e paciência mas e a liberdade e a paciência de quem quer circular pelos passeios ou pelas ruas e não pode porque os seus correlegionários de mentalidade estacionaram nas passadeiras, em cima dos passeios ou em segunda fila porque estão a fazer descargas ou precisam de 5 minutos para tomar um café ou fazer umas compras? Onde está a tolerância e o respeito quando nos vem aqui informar que odeia azulejos nas fachadas e por si estariam todos retirados? Onde está a liberdade quando advoga o fim dos transportes públicos sabendo que são essenciais para o funcionamento de uma cidade? E podia continuar...
Uma vez que me esforço por ter muita paciência consigo, com grande custo, terá que ter paciência para mim enquanto se vier aqui exprimir. Caso não o deseje pois a porta da rua é a serventia da casa!

Anónimo disse...

Ó Filipe,
tu do Ionesno deves só ter ouvido falar porque se tivesses lido realmente Ionesco saberias que a referência é pedante e pretensiosa.

Filipe Melo Sousa disse...

quem diz que já não saí de Lisboa há muito e que apenas não venho aqui divertir-me com a decadência da cidade e das opiniões retrógradas que ainda aí moram?

acho que haveria neste blog quem cairia de lado quando eu revelasse o meu destino. sobretudo aqueles que tanto advogam o que lá se faz e que dizem que nunca saí do país.

Anónimo disse...

Filipe,
não percebi bem o seu post mas se o que me está a dizer é que já viveu fora mais incongruente são as suas opiniões ou então não aprendeu nada no sítio para onde foi, ou então viveu numa cidade pior do que Lisboa.
Caso tenha vivido numa cidade civilizada, e não tenha somente feito uns meses de Erasmo mas antes vivido como um local com todas as obrigações, sabe perfeitamente que não se estaciona nas passadeiras e nos passeios porque a multa é certa, que não se destrói património e se conserva obrigatoriamente, que as pessoas deslocam-se principalmente de transportes públicos dentro das cidades, por maior estatuto se tenha, que separam o lixo nos prédios e que ele é recolhido algumas vezes por semana por isso há que ter cuidado a produzir lixo, e enfim, que há uma série de obrigações decorrentes da cidadania.
Quanto a impressionar-me, o Filipe não me conhece por isso posso dizer-lhe que me impressiono, ao nível que refere, muito pouco. Mas sou muito sensível à boa educação, urbanidade e civismo.

Filipe Melo Sousa disse...

aquilo que você chama boa urbanidade apenas me causa um sorriso de desdém

Anónimo disse...

Filipe,

como está patente pela sua resposta que não está minimamente interessado em discutir o tema de fundo mas antes defender a sua face que, sente e com razão, está afetada por se ter demonstrado que existe muito pouco conteúdo defensável nos seus argumentos, vou então fazer aquilo que realmente acaba esta discussão particular: não responderei mais nem voltarei a este post.
Poderá sempre continuar a publicar mensagens mas tal será mais um ato de desespero uma vez que estará a "falar sozinho", não acha?