13/05/2011

Viagem aos “graffiti” de três cidades Antevisão da Pública


Antevisão da Pública ( reportagem a ser publicada na integra a 15 de Maio)
Viagem aos “graffiti” de três cidades
O momento é da arte de rua e sua família criativa. O filme “Pinta a Parede!” chega a Portugal no fim do mês, lançam-se livros sobre o fenómeno, as galerias e museus portugueses e mundiais abrem as portas para deixar entrar o que antes morava na rua. De Lisboa a Berlim, passando por São Paulo, três cidades contam a história da sua relação com o graffiti.
Cidade? Espaço urbano? Não. Campo. “Venho do skate, do surf, da serra”, verbaliza de rajada Miguel Caeiro, mais conhecido por Ram, desfazendo logo os chavões. “Não sou dos prédios, do hip-hop, dos bairros complicados. Para mim pintar é uma enorme explosão de energia.”

É de Sintra e a sua grande inspiração é a força da natureza. “Pinto natureza, pinto água, faço letras, tenho uma grande influência da terra.” Desde 1997 que Ram tem vindo a aperfeiçoar uma linguagem própria, explosão de cores e formas psicadélicas, que parecem enunciar mundos paralelos.

Como a maior parte dos activistas urbanos da arte de rua revela, em simultâneo, urgência e sentido pedagógico ao falar com o jornalista. Apesar da expansão dos últimos anos e da canalização de informação sobre o tema, este é ainda um universo de difícil apreensão, atreito a confusões, sempre em mutação.

Autor de livros sobre arte urbana como “Underdogs”, Miguel Moore sabe-o, exemplificando a complexidade do fenómeno com a passagem por Lisboa, em 2010, dos brasileiros Os Gémeos, uma dupla com trajecto internacional consolidado de solicitações de galerias, museus e bienais.

“Eles foram convidados para expor no Museu Berardo do Centro Cultural de Belém, mas na mesma altura pintaram de forma institucional uma fachada em plena cidade [na Avenida Fontes Pereira de Melo] e, em simultâneo, bombardearam a cidade com tags e pintaram comboios.”

Ou seja, mesmo quando são enquadrados institucionalmente e o mundo canónico da arte contemporânea olha para eles com sedução, a maior parte não perde o vínculo com a rua. E Moore recorre a outro exemplo. Há duas semanas, o MOCA (Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles) inaugurou a maior mostra de arte de rua numa instituição americana — a polémica rebentou quando um dos artistas representados no interior resolveu deixar também a sua marca nos muros exteriores do museu.

É nessa tensão ambivalente, e nunca resolvida, entre legalidade e ilegalidade, reivindicação da expressão individual e a gestão ciosa do colectivo, galeria e rua, verdade e artifício, vontade de reconhecimento e anonimato, a sedução do efémero da rua e a intemporalidade do museu, que a maior parte destes agentes se movimenta. É esse também o caso do misterioso inglês Banksy, superestrela da arte urbana e autor de “Exit Through The Gift Shop/Pinta a Parede” (que se estreia em Portugal no dia 26), o documentário nomeado para os Óscares, que fez recair ainda mais as atenções sobre a sua obra e, globalmente, sobre o mundo da arte de rua.

Este é um extracto de uma de três reportagens – de Vítor Belanciano (Lisboa), Joana Amaral Cardoso (São Paulo) e Maria João Guimarães (Berlim) ¬– que podem ser lidas na íntegra na edição de 15 de Maio da revista Pública, vendida ao domingo com o jornal PÚBLICO, e/ou na edição para assinantes “online”.
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No caso especifico na Fontes Pereira de Melo, e daquele que constituiu um magnifico exemplo de um conjunto dos finais do sec XIX, juntamente com o Palacio Sotto Mayor e o Valmor sede do Metro ... depois do seu esventramento ... a intervenção “grafitti”, só serviu para alimentar e reforçar os argumentos relativizadores do Valor Patrimonial e ajudar à desresponsabilização dos responsáveis por essa decisão, e daqueles que pretendem concluir que “aquilo” ... "já não vale nada”.
Verdadeiro crime de Lesa-Património, esta intervenção “emite” em termos de Pedagogia o pior “sinal”possivel ... desprestigia o pouco que resta, nesta zona, do Património do Sec.XIX e ilustra a confusão de valores e a incompetência, disfarçada de sofisticamento cultural, que impera nas cabeças dos Vereadores da C.M.L. responsáveis por este atentado.
António Sérgio Rosa de Carvalho.

2 comentários:

Anónimo disse...

raramente concordo com o jeeves mas hoje apoio plenamente a opinião.

Anónimo disse...

A aplicação deste género de pintura foi um horror urbanístico. Não consigo perceber aqueles que tanto falam de urbanismo e de paisagem, e depois defendem aquilo que foi feito na Fontes Pereira de Melo.