26/05/2011

Obras no canil e gatil de Monsanto prontas até Fevereiro de 2012

In Público (26/5/2011)
Marisa Soares

«Empreitada vai custar 700 mil euros, quase o dobro do previsto. A capacidade de acolhimento mantém-se, mas vão melhorar as condições


Os cerca de 210 animais do canil e gatil municipal de Lisboa vão ter, dentro de nove meses, mais espaço e melhores condições de higiene. As obras de ampliação e requalificação do espaço que fica no Parque Florestal de Monsanto começaram esta semana.

O projecto foi o mais votado do orçamento participativo de 2009, com 754 votos, e tinha um custo estimado de 375 mil euros. No entanto, vai ser investido quase o dobro. O restante sai do orçamento municipal. "Surgiram novas exigências em termos de construção e decidimos melhorar o projecto inicial", esclarece o vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes.

O canil interior, de onde ecoam os latidos estridentes dos animais em boxes exíguas - onde dormem, comem e fazem as necessidades, acorrentados - vai sofrer obras que permitirão ampliar o espaço disponível. "Vamos pôr boxes novas, com uma zona para os cães estarem e outra para dormirem, sem corrente", garante Luísa Costa Gomes, chefe da Divisão de Higiene e Controlo Sanitário. Os cães terão mais espaço, mas a capacidade de acolhimento não vai aumentar.

Um "serviço público"

As 25 boxes exteriores, cada uma com um ou dois cães, vão manter-se. O edifício ao lado, actualmente vazio, porque "não reúne condições", vai ser requalificado e acolher novas boxes de cães. A centena de felinos será instalada em jaulas maiores, num outro bloco com acesso para uma zona exterior coberta por rede, onde terão liberdade para se movimentar, ao contrário do que acontece agora.

A actual zona do gatil vai dar lugar à sala de isolamento, até aqui inexistente, para evitar contaminações entre os animais doentes. O edifício onde funcionam os serviços administrativos também vai ser requalificado e está prevista a construção de um balneário feminino e de um refeitório para os trabalhadores.

O vereador José Sá Fernandes diz que a câmara está a cumprir um "serviço público" e apela às pessoas para não abandonarem os animais.

Luísa Costa Gomes adianta que a taxa de adopção tem aumentado, tendo chegado aos 40 por cento em Março, mas são muitos os casos de pessoas que levam para casa um animal e o abandonam no mesmo dia. Se não forem adoptados, os cães e gatos estão ali "o máximo de tempo possível" até serem abatidos, dependendo da "pressão de entrada" de novos animais, diz a responsável municipal.

Maioria das propostas para o espaço público

O orçamento participativo da Câmara de Lisboa para 2011 recebeu 808 propostas dos munícipes, a maioria (252) relativa ao espaço público e aos espaços verdes. A verba disponível é de cinco milhões de euros, mas cada projecto não pode custar mais de um milhão de euros. Entre outras coisas, pede-se a construção de equipamentos desportivos, hortas, mercados, lares e centros de dia e até o renascimento da Feira Popular. As propostas estão em análise e serão votadas em Setembro. M.S.

A partir de Setembro

Trabalhadores preocupados com fim de contratos a prazo

Os trabalhadores do canil e gatil de Lisboa temem que o serviço prestado neste equipamento municipal fique comprometido a partir de Setembro. Em causa está o fim dos contratos a prazo de nove dos 15 tratadores-apanhadores. "Restam os seis trabalhadores que estão no quadro, o que é insuficiente para garantir as tarefas do canil", diz Nuno Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa.

Os funcionários manifestaram-se ontem de manhã em frente aos Paços do Concelho e entregaram uma moção no gabinete do presidente da câmara, António Costa, no Largo do Intendente. O problema, segundo o representante sindical, é que a autarquia ainda não abriu concursos públicos para preencher os lugares ocupados por aqueles funcionários. O PÚBLICO tentou, durante a tarde de ontem, confirmar esta informação, mas não obteve resposta da autarquia.

Segundo Nuno Almeida, oito dos 15 trabalhadores têm contratos a termo certo até Setembro e um outro funcionário tem um contrato do mesmo género até Janeiro do próximo ano. Em causa, garante, podem ficar todas as tarefas executadas por aqueles profissionais, desde o tratamento dos animais e limpeza do canil até à remoção de cadáveres e a recolha de animais ao domicílio.

"Esta situação já é há muito tempo motivo de preocupação. Há cerca de quatro anos registou-se uma situação semelhante", recorda. "Se ficarmos sem os nove trabalhadores, o serviço do canil fica comprometido e os trabalhadores que restam não terão direito a folgas", garante o sindicalista. "Já com 15 pessoas há situações em que um trabalhador tem de fazer quatro fins-de-semana seguidos, sem folgas", critica. Os tratadores-apanhadores estão disponíveis 24 horas por dia, em regime de turnos.

Em caso de greve, por exemplo, não será possível cumprir os serviços mínimos, que têm de ser garantidos por seis pessoas. Questionado sobre as obras que começaram esta semana no canil e gatil, Nuno Almeida reconhece que "vão resolver alguns problemas relacionados com a higiene e saúde dos trabalhadores". No entanto, a manutenção dos balneários masculinos no espaço que ocupa actualmente é motivo de preocupação. "Por baixo passam os esgotos dos cães. Já houve casos em que as tampas levantaram e a porcaria entrou nos balneários", recorda. M.S. »

3 comentários:

Anónimo disse...

Tomem nota, que é para, chegados ao último dia do próximo mês de Fevereiro, se lembrarem de que a obra não está pronta nem se sabe quando estará.

Anónimo disse...

dos 40% de adopções, quantas serão reais e quantas serão resgates de voluntários que tentam minimizar o sofrimento de alguns desses animais ou até evitar-lhes uma morte certa?

revoltam-me as fracas condições do canil/gatil de monsanto mas ainda me revola mais alguns supostos donos :(

Anónimo disse...

Já cá faltava um "voluntário" a achar-se mais amante dos animais que os outros, que curiosamente também são donos de animais.