Quem comprar o Pavilhão Atlântico tem de manter a vocação cultural do espaço
Por Marisa Soares in Público
Há pelo menos cinco potenciais interessados em adquirir a maior sala de espectáculos do país. Venda será por negociação directa
O processo de venda do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, está oficialmente aberto e, a avaliar pelo número de potenciais compradores que já mostraram interesse no espaço, deverá ser concorrido. O Governo quer vender o espaço "em conjunto e em simultâneo" com a sociedade que o gere, a Atlântico, e uma empresa sua participada que presta serviços de bilhética, a Blueticket. Entre outras condições, o comprador tem de assegurar que o equipamento mantenha "uma programação atractiva, variada e culturalmente relevante".
Segundo os termos de venda ontem publicados em Diário da República, o processo inclui uma "fase preliminar de recolha de intenções de aquisição junto de investidores com perfil comercial ou financeiro". A venda, inserida no plano de reestruturação da Parque Expo, será feita por "negociação particular". O Governo, que não define qualquer preço no documento, pretende "maximizar o encaixe financeiro resultante da transacção, sem, porém, perder de vista a estabilidade da gestão" do pavilhão e das empresas.
Uma das condições impostas ao comprador é que a infra-estrutura, construída para a Expo-98, continue a "servir o país", funcionando como espaço cultural e como "pólo dinamizador da economia local e nacional", através da realização de "eventos empresariais e institucionais de grande dimensão". Os candidatos terão de apresentar um plano de negócios para os próximos quatro anos, incluindo um plano de financiamento, de investimento e manutenção, e ainda um plano para os trabalhadores das empresas Atlântico e Blueticket.
O Estado espera que o negócio suscite a atenção do "maior número possível de entidades idóneas, nacionais ou estrangeiras", o que não será difícil já que, antes de serem publicados os termos da venda, várias empresas tinham manifestado interesse no processo.
Uma delas é a norte-americana Live Nation, que pretende "analisar se as condições propostas permitem rentabilizar o investimento", diz Álvaro Ramos, sócio-gerente da Ritmos e Blues, promotora em Portugal dos espectáculos organizados pela Live Nation, responsável pelos concertos de Madonna e dos U2. Segundo fonte do sector, também a AEG Live - que organizou os concertos de Michael Jackson em Londres antes da morte do cantor - estará interessada no negócio.
Ao nível nacional, a Everything is New é uma das promotoras que irá levantar o caderno de encargos. "O Pavilhão Atlântico é uma infra-estrutura única. Não existe em Portugal nenhum espaço indoor com uma capacidade tão grande [só a Sala Atlântico tem espaço para 20 mil pessoas]", diz o director da empresa, Álvaro Covões.
O empresário António Cunha Vaz também está na corrida. "Vou levantar o caderno de encargos e apresentar uma proposta que mantenha o pavilhão em mãos portuguesas", afirma. Sem referir o valor que está disposto a oferecer pelo pacote, Cunha Vaz diz que a proposta será coberta em 40% por capitais próprios e o restante por parceiros financeiros.
O site Event Point anunciou que o Benfica estaria interessado no negócio, uma informação que o director de comunicação do clube, João Gabriel, "não confirma nem desmente". O PÚBLICO sabe, porém, que o presidente Luís Filipe Vieira deverá estar de olho no pavilhão, com o objectivo de apostar numa nova área de negócio, complementar à actividade desportiva. Também o Sporting já admitiu essa possibilidade, mas acabou por abandonar a ideia.
Caso as propostas apresentadas não agradem, o Governo reserva-se o direito de não aceitar qualquer uma delas. João Gonçalves, ex-administrador delegado da Atlântico, aplaude essa decisão. "Sou a favor da venda aos privados mas tem de ser por um preço razoável", afirma, sublinhando que o pavilhão é como uma "jóia da coroa". Ainda assim, o antigo responsável da Atlântico teme que o Estado não vá fazer um bom negócio. "Dificilmente num momento como este se pagará o preço que o pavilhão vale", ou seja, "seguramente mais de 60 milhões de euros", diz.
João Gonçalves garante que este é um "negócio rentável" e que "ainda pode ser melhor" se for bem gerido. O relatório e contas da empresa mostra que as receitas atingiram 7,3 milhões de euros, em 2010, o que significa uma subida de 7,4% face ao ano anterior. É com o aluguer do espaço que a sociedade mais factura - em 2010, esta rubrica pesou 69% no volume de negócios.
Ainda assim, os lucros ficaram-se por 381 mil euros, porque a Atlântico tem uma estrutura de custos pesada. Em 2010, as despesas chegaram a 6,8 milhões de euros, dos quais 1,3 milhões foram gastos com o pagamento da renda pela utilização do pavilhão à Parque Expo (que é a sua proprietária). O comprador deixará de ter este custo. Quanto à Blueticket, os lucros alcançaram 56 mil euros nesse ano. com Raquel Almeida Correia e Hugo Daniel Sousate". O PÚBLICO sabe, porém, que o presidente Luís Filipe Vieira deverá estar de olho no pavilhão, com o objectivo de apostar numa nova área de negócio, complementar à actividade desportiva. Também o Sporting já admitiu essa possibilidade, mas acabou por abandonar a ideia.
Caso as propostas apresentadas não agradem, o Governo reserva-se o direito de não aceitar qualquer uma delas. João Gonçalves, ex-administrador delegado da Atlântico, aplaude essa decisão. "Sou a favor da venda aos privados mas tem de ser por um preço razoável", afirma, sublinhando que o pavilhão é como uma "jóia da coroa". Ainda assim, o antigo responsável da Atlântico teme que o Estado não vá fazer um bom negócio. "Dificilmente num momento como este se pagará o preço que o pavilhão vale", ou seja, "seguramente mais de 60 milhões de euros", diz.
João Gonçalves garante que este é um "negócio rentável" e que "ainda pode ser melhor" se for bem gerido. O relatório e contas da empresa mostra que as receitas atingiram 7,3 milhões de euros, em 2010, o que significa uma subida de 7,4% face ao ano anterior. É com o aluguer do espaço que a sociedade mais factura - em 2010, esta rubrica pesou 69% no volume de negócios.
Ainda assim, os lucros ficaram-se por 381 mil euros, porque a Atlântico tem uma estrutura de custos pesada. Em 2010, as despesas chegaram a 6,8 milhões de euros, dos quais 1,3 milhões foram gastos com o pagamento da renda pela utilização do pavilhão à Parque Expo (que é a sua proprietária). O comprador deixará de ter este custo. Quanto à Blueticket, os lucros alcançaram 56 mil euros nesse ano. Com Raquel Almeida Correia e Hugo Daniel Sousa
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E o outro Pavilhão ? O “simbólicamente” apelidado de Portugal ? Que utilização Futura ?
Ver: "Uma questão de gestão responsável de recursos e de reconhecimento de urgentes prioridades"… por António Sérgio Rosa de Carvalho. In http://cidadanialx.blogspot.com/2012/03/uma-questao-de-gestao-responsavel-de.html
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