29/12/2005

Casa Garrett: comentário às declarações da Vereadora do Urbanismo

A CML decidiu agora (?), pela voz, da nova Vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara (GS), dar o dito pelo não dito ao que foi objecto de despacho em 4 de Agosto de 2005, em que o actual Presidente da CML, Prof.Carmona Rodrigues achava o contrário, pelo que me cumpre, enquanto co-autor da petição em prol da casa-museu de Garrett, comentar as declarações da Senhora Vereadora da seguinte maneira:

1. GS afirma que «(...)a CML não tem dinheiro para tudo» e que «o que há tem de ser gerido de acordo com determinadas prioridades(...)».

Lamentamos que a mesma CML ache prioritárias as flores da Avenida da Liberdade, ou o acto de dar «de olhos fechados» milhares de contos a Carlos Saura para rodar um filme sobre o fado! Inclusivamente, questionada pela oposição na reunião de ontem do executivo camarário, GS não soube referir qualquer verba como tendo sido negociada com o proprietário.

2. GS afirma que «(...) depois de esgotadas algumas alternativas e não ter chegado ao proprietário da casa qualquer proposta de aquisição do imóvel por parte de qualquer grupo, nomeadamente do Fórum Cidadania (...)».

Em primeiro lugar, o que está em causa com a casa de Garrett é da exclusiva competência da CML que, ao longo de décadas, se demitiu da sua responsabilidade em pugnar pela recuperação de um belo exemplar da arquitectura romântica e, mais grave que isso, por preservar a memória e o legado de Garrett, para além da básica placa toponímica.

Depois, e uma vez que GS parece estar equivocada e esquecida, o movimento Fórum Cidadania Lisboa (FCLX) entregou ao actual Presidente da CML, em mãos e no dia da sua tomada de posse, um documento com 16 propostas concretas para a cidade de Lisboa entre as quais uma proposta específica para se salvar a Casa Garret. Pelas declarações de GS, parece que o documento foi parar ao lixo.

Lembramos que ainda o abaixo-assinado foi promovido em Fevereiro de 2004, única e exclusivamente como apelo à preservação do prédio na Rua Saraiva de Carvalho, e à sua transformação em casa-museu do escritor, que julgamos ser merecedor disso e muito mais.

Nunca o FCLX foi ouvido neste processo, apesar de citado no despacho acima mencionado.


3. Diz ainda GS que «(...) É fácil entrar em movimentos de cidadania de defesa de determinados valores quando o próprio grupo não consegue juntar-se e encontrar uma solução, atirando para a Câmara a responsabilidade dessa resolução (...)».

É a primeira vez que a Senhora Vereadora Gabriela Seabra se nos dirige, directa ou indirectamente, pelo que as declarações que profere contra nós, enquanto autores da petição, contrariam as do Eng. Carmona Rodrigues enquanto candidato à CML, que sempre se declarou a favor do exercício de cidadania, etc., etc.. Compreendemos perfeitamente a diferença de «timings».

Era o que faltava que os cidadãos tivessem de se substituir aos eleitos!
Resumindo e concluindo, é triste ver-se que a vereação de GS começa mal, perdendo uma excelente oportunidade para inverter o modo e o agir da penosa vereação anterior.

E achamos que Garrett merece muito mais do que ser nome de rua, sala de espectáculos ou pastelaria, por melhores que sejam os seus bolos. Por isso foi possível reunirmos 2.300 assinaturas, provenientes dos mais diferentes quadrantes e latitudes.

Por isso confiamos que só o Senhor Primeiro Ministro pode resolver este problema, à semelhança do que fez, e bem, no caso semelhante da Colecção Berardo. Por isso já lhe pedimos ajuda.

PF

3 comentários:

Anónimo disse...

"É fácil entrar em movimentos de cidadania de defesa de determinados valores quando o próprio grupo não consegue juntar-se e encontrar uma solução, atirando para a Câmara a responsabilidade dessa resolução"

Assim como é fácil ir votar de tantos em tantos anos. E tão pouco nessa altura, necessitamos de levar uma pasta com soluções "pret at porter". Realmente, é chocante, numa democracia, os cidadãos "atirarem responsabilidades" para a CML.....!

JA

Anónimo disse...

Trapalhadas autárquicas
" a demolição do referido imóvel significaria uma perda irreparável de um valor patrimonial da cidade de Lisboa e de um exemplo vivo da História de Portugal, atentando igualmente contra o ambiente urbano" - Carmona Rodrigues em Agosto passado, o mesmo que exerce actualmente as funções de Presidente da CML e que deu luz verde à demolição do citado imóvel.
Infelizmente, ministros, autarcas etc, utilizam a mentira qualificada para atingir os seus objectivos. Também já se percebeu -como consequência do saneamento a que tem sido objecto a ala santanista na autarquia (com excepção do "independente" Carmona)-,que a CML esteja, hoje em dia, ingovernável,sem um programa próprio, à mercê de alianças pontuais entre socialistas dissidentes de Carrilho, empresários da construção civil e os "ajuizados" cavaquistas do PSD, hoje no poder.
Carmona Rodrigues para além de mau carácter, é um arrivista que conseguiu chegar ao poder com falinhas mansas e o apoio dos interesses imobiliários.
Lisboa ficará certamente mais pobre com esta triplice aliança entre o centrão e os especuladores.
José Rocha

Anónimo disse...

Não é esta a casa de propriedade do ministro M. Pinho? Parece que está tudo dito...... !!!!!
Para alguma coisa serve ter lugar importante neste país!!!!
MAM