Arq. Manuel Salgado
C.C. PCML, AML, JF, DGPC e media
Constatamos com tristeza que os nossos sucessivos apelos à Câmara Municipal de Lisboa (vide ponto 1 https://cidadanialx.blogspot.com/2015/03/alerta-sobre-edificios-de-pardal.html?fbclid=IwAR0jjSUxF0cp5MeCh-GGXyPVX__-ttU7dgA4EyoU4hYZBb-WjnPX_blv6yE), no sentido de V. Exas. indeferirem todo e qualquer projecto que não passasse pela recuperação do imóvel sito na Rua António Enes, nº 13, foram ignorados.
É, pois, com indignação, que nos apercebemos que a obra de demolição dos magníficos interiores (fotos 3 e sgs.) do edifício modernista, projectado por Porfírio Pardal Monteiro em 1936, e sua ampliação desmedida (foto2, in Prologica) já começaram (*), sendo agora um facto consumado.
Lembramos a V. Exa. que estamos perante um dos melhores prédios modernistas dos anos 30 em Lisboa, desenhado por um dos mais importantes arquitectos desse período, e um dos primeiros prédios de habitação colectiva com cobertura em terraço - uma novidade tecnológica na Lisboa do início dos anos 30 do século XX.
Independentemente das eventuais inobservâncias do estipulado em Regulamento do Plano Director Municipal, uma vez que estando o edifício classificado na Carta Municipal do Património (lote 50.79) e não estando em perigo de ruína, a sua demolição (total ou parcial) torna-se injustificável; é confrangedor assistirmos a mais este episódio de desmantelamento progressivo do património arquitectónico da cidade, acentuado durante os últimos 10 anos e de que as “Avenidas Novas” têm sido o pior exemplo, mas a que julgávamos a cidade imune no que tocava ao seu património modernista, iludimo-nos.
Estávamos longe de imaginar que os maus exemplos de outros executivos, na maior parte das vezes casos esporádicos, de licenciamentos de alterações/ampliações/demolições profundamente anti-regulamentares e de gosto boçal (ex. o prédio de Ventura Terra no gaveto da Av. Elias Garcia com a Av. República, o prédio de Ventura Terra no gaveto da R. Braamcamp com a Rua Duque de Palmela, o prédio de Norte Júnior no gaveto da Av. Luís Bívar com a Av. Duque d’Ávila, o prédio de Norte Júnior no gaveto da Rua Castilho com a Rua Braamcamp, para não recuarmos mais no tempo), fossem agora prática comum, aparentemente programada, da política urbanística da CML, daí resultando a “periferização” crescente da cidade, que se revela mais assustadora a nível do outrora vasto património edificado entre séculos XIX e XX, mas que agora também se manifesta nos períodos déco e modernista.
Confrangedor é também o facto de, paradoxalmente, essa “periferização” que recai no edificado heterogéneo e inter-classista de outrora, e que a nosso ver é sistemática e sem oposição intra ou hexa-CML, ocorrer no exacto momento em que a cidade se encontra em processo de “gentrificação” e apostada em campanhas turísticas de qualidade acima da média.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Eurico de Barros, Pedro Ribeiro, Maria do Rosário Reiche, Luís Mascarenhas Gaivão, Cristiana Rodrigues, Rui Pedro Barbosa, Luís Serpa, Pedro Jordão, Paulo Lopes, Henrique Chaves, Helena Espvall, José Filipe Soares, Virgílio Marques, Filipe Teixeira, Pedro Machado, Sofia Vasconcelos Casimiro, Jorge Pinto, Nuno Caiado, Fátima Castanheira, José Maria Amador, Beatriz Empis
(*) M Manuela Bravo Serra in Vizinhos das Avenidas Novas, in Facebook
Na Rua António Enes, nº 13 , prédio de gaveto da autoria do Arq. Porfírio Pardal Monteiro datado de 1934 e com as fachadas decoradas com baixo relevos do escultor Leopoldo de Almeida.
Vai ser totalmente destruído, segundo me disse um dos operários que já o estão a desmantelar !!
A Junta tem conhecimento ???
3 comentários:
Mais um capacete. Praga!
Aqui é inadmissível a "reabilitação", os interiores estão fantasticamente bem preservados. Eu que não sou extremista quanto à preservação dos interiores desde que mantenham a fachada, neste caso sou completamente desfavorável à empreitada. Muito mau mesmo!
Edifício lindíssimo. É preciso ser uma besta para fazer uma coisa destas.
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