09/04/2021

Projecto no Quarteirão Inglês (4 edifícios e cemitério judeu) - Protesto veemente à CML

Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina
Exmo. Senhor Vereador do Urbanismo
Eng. Ricardo Veludo


CC.AML, JF e media

No seguimento da afixação de aviso relativo à emissão pela CML do Alvará de licenciamento de obras para efectivação do projecto de alterações com ampliações e demolições sobre o designado “Quarteirão Inglês” (proc. nº54/OD-CML/2021), somos a apresentar o nosso protesto pelo facto de um projecto com esta envergadura não ter sido objecto de um período de discussão pública.

Na realidade, este projecto envolve uma área considerável e quatro edifícios históricos e um cemitério (antigo cemitério para judeus israelitas), e terá previsível impacte a nível da leitura do gaveto da Rua Saraiva de Carvalho com a Rua da Estrela (a ampliação desmedida do edifício do antigo teatro chega a ser caricata!), e desde o Cemitério Inglês e o Jardim da Estrela, bem como na impermeabilização do solo (logradouros do antigo hospital, do edifício "parsonage" e do edifício da Ordem dos Economistas), e, obviamente um enorme problema no que toca ao escoamento de trânsito automóvel de 120 automóveis (mínimo) por um emaranhado de ruas estreitas e de sentido único, como o que existe no local.

Quanto à construção de uma "pérgola ajardinada" sobre o antigo cemitério judaico, por forma a não "chocar" quem vá à varanda do futuro condomínio, chega a ser ofensiva uma tal solução.

Mais uma vez se repetem as más práticas que tanto temos criticado e que já julgávamos extintas em matéria de Urbanismo da CML: a não divulgação de informação, a não abertura de discussão pública a projectos urbanísticos que, claramente, apresentam impacte similar aos de operações de loteamento e planos de pormenor mas que não o são - aliás, é cada vez mais nossa convicção que os períodos de discussão pública sobre loteamentos e planos de pormenor e de urbanização, só existem porque a Lei assim o obriga.

Acresce que o projecto em apreço não foi sequer discutido, muito menos aprovado, em reunião de CML, mas apenas “despachado” pelos dois Vereadores do Urbanismo, e sem que, até agora, a Assembleia Municipal tenha tomado qualquer posição sobre ele, o que só reforça a nossa indignação.

É com idêntico espanto que verificamos o não pronunciamento da CML aquando da venda dos referidos edifícios, sendo eles até essa altura propriedade da Coroa Inglesa, mas que antes disso eram pertença da Coroa Portuguesa tendo sido cedidos pela rainha D. Maria II, e porque também a aposta (certa) da CML na promoção de Habitação levaria a que tal fosse expectável. Infelizmente, tal não se verificou, pelo que também aqui todos desconhecemos os motivos de tão estranha opção.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Pedro Jordão, Gustavo da Cunha, Inês Beleza Barreiros, Helena Espvall, Rui Pedro Barbosa, Pedro de Souza, Fernando Jorge, Nuno Caiado, Maria João Pinto, Virgílio Marques, Maria do Rosário Reiche, Martim Galamba, Miguel de Sepúlveda Velloso, António Araújo, Beatriz Empis, Pedro Cassiano Neves, Jorge Pinto

5 comentários:

Anónimo disse...

Mas o cemitério judaico vai integrar o Condominio?????? Vendem-se apartamentos de milhões super bem localizados e cheios de boas energias.... judaicas.

Unknown disse...

Deviam comunicar á associação Hagadá ou a associação judaica portuguesa sobre essa tentativa de encobrir a história da nossa cidade.Com a construção do museu judaico em lisboa não ficará bonito esconderem um cemitério de judeus para não incomodar os estrangeiros e os ricos que habitarão esse condomínio, que com certeza que este novo edifício não será destinado a dar casa aos lisboetas que se viram obrigados a sair da sua cidade e a ver os seus prédios e bairros ocupados por hostels e air bnb's.

Miguel Almeida 3ºAno Turma E 20171114 disse...

Eheh mais um projeto para a malta se indignar. Já agora, iluminados do Cidadania Lx dos quais se dependesse nada seria construído em Lisboa,qual a vossa proposta para o local então? Ficar como está? Ou não têm qualquer problema com o projeto e apenas se sentem indignados com o facto dos promotores e investidores não terem discutido o assunto com vocês na esplanada?
E o cemitério seria "coberto" por uma pergola pois ninguém no seu perfeito juízo mudar-se-ia para um apartamento com divisões com vista para um cemitério. Não é preciso ser um génio para entender.

J A disse...

Recomendo-lhe uma visita aos cemitérios de Lisboa. Pode começar em Benfica e entre pelo Bairro do Charquinho....veja lá tanta gente com vista para o cemitério ??

Anónimo disse...

Olá Juventude.
O Quartel em frente foi vendido por cerca de 10, dez milhões.
Qual o problema das Alterações Climáticas? Eu já ouvi falar nisso, mas devem ser tretas.
O Espaço do Quartel fazia falta à Estrela, a Campo de Ourique e a Lisboa. Ali podia estar instalado o que não existe em condições e com dignidade para esta zona da Cidade.
Juventude interessada diz que ali poderia existir em vez do Estado ter arrecadado os 10, dez milhões e surgir um Condomínio, deveria surgir e poderia com dignidade surgir o que não existe:
UM CENTRO DE SAÚDE - UMA ESQUADRA PARA A POLÍCIA-PSP, ESTACIONAMENTO TALVEZ 1.000 lugares que faltam, nesta zona, em pequeno silo de pequena volumetria - ESPAÇO PARA CRIANÇAS, VELHOS E DEFICIENTES, que não cabem no Jardim da Estrela.
Juventude, vamos fazer as contas ao custo do m2 e à mudança de usos do solo?
Juventude, os vossos netos precisam de respirar e será uma pena que no amanhã nos atirem com culpas, desta nossa maneira de ser e desta alergia à Cidadania.
Talvez as Alterações Climáticas não tenham relação com esta transformação da propriedade outrora inglesa.
Até gostamos das inglesas e da educação dos ingleses.