26/09/2010

A CONSERVEIRA REVISITADA, como "reflexão" à volta do "caso" OLIVEIRENSE


A Conserveira de Lisboa é um caso emblemático de uma loja de comércio tradicional de Lisboa, mantida intacta nos seus interiores de forma assumida e consciente pelos seus proprietários, em pleno funcionamento na sua função original, e progressivamente reconhecida ( usufrui de uma classificação patrimonial municipal ) por nacionais e estrangeiros. O Turismo está a tornar esta loja num motivo de visita obrigatória no roteiro cultural de Lisboa. Recentemente um artigo preocupado e bem intencionado, chamava a este tipo de Comércio Tradicional, Lojas-Museu ... ora estas lojas, não são , precisamente um 'Museu', pois a sua dinâmica comercial, fluxo de visitas e função original mantêm-se intactas ...e é precisamente nessa actividade inalterada que um valor extra reside ... eu chamar-lhes-ia 'Estabelecimentos de Comércio Tradicional com Valor Patrimonial e Cultural de Excelência' ... Claro que o papel desempenhado pelos herdeiros (Drª Regina Cabral Ferreira, os netos e sócio Luis Vieira)nesta casa com 80 anos é determinante para o seu sucesso e reconhecimento. Assim como o dos seus funcionários ( Na primeira imagem Srª D. Maria Manuela Neves, 35 anos de casa e Srª D. Manuela Maria Borges ).
Mas passemos agora a outras reflexões associativas. Recentemente fomos de forma chocante surpreendidos pela notícia de que um outro estabelecimento, a Drogaria Oliveirense na Rua da Lapa, a qual, devido ao seu grande valor Patrimonial de interiores 'Arte Nova' estava num processo de Classificação Municipal, foi alvo de obras 'relâmpago' que, provávelmente, a demoliram totalmente ...Embora a obra tenha sido imediatamente embargada pela C.M.L. gostaríamos de ouvir uma declaração de compromisso sobre a gravidade deste caso pelo Sr. Presidente da C.M.L. ou o Sr. Vereador do Urbanismo, também responsável pelo Urbanismo Comercial, que representasse uma promessa futura de empenhamento e rigor ...
Eu passo a citar as declarações do Sr. Presidente da C.M.L., precisamente,na cerimónia de celebração dos 80 anos da Conserveira ... (ver as duas últimas imagens)
António Costa: "o que distingue as cidades é o que elas têm que não existe nas outras"... e ainda ..."Que se conserve, pois, a Conserveira" ... e confirmou da sua parte ..."parceria insubstituível com os comerciantes que promovem o comércio tradicional de qualidade". Ora, isto soa a um 'commitment' , um compromisso assumido ...mas gostaríamos de ver mais criatividade e iniciativa de 'facto', mais genuína paixão por Lisboa, em lugar de justificações permanentes desde o início, com orçamentos .. .
Termino citando Jaime Lerner, o famoso ex-prefeito de Curitiba, hoje em entrevista no Público: "É. Muito dinheiro atrapalha. Se quer criatividade, corte um zero do orçamento, se quer sustentabilidade corte dois zeros e se quer solidariedade, assuma a sua identidade, respeitando a diversidade dos outros."
Saudações de António Sérgio Rosa de Carvalho












3 comentários:

Julio Amorim disse...

A classificação deste tipo de interiores deveria ter ocorrido há pelo menos duas décadas....

Paralelamente, o caso da Rua de Alcolena teria sido absolutamente impossível em outros países deste continente mas, enquanto meia dúzia de brutos não forem severamente punidos por estes actos de vandalismo....as "leis" que protegem o imobiliário nacional continuam a ser um tigre sem dentes.

Anónimo disse...

É bom ver António Costa e manuel Salgado à boleia.

Filipe Melo Sousa disse...

"usufrui de uma classificação patrimonial municipal"

nem é preciso dizer mais nada. assim se vê o que realmente significa "inteligência empresarial" = ter uma boa cunha