Depois deste "oportuno" anúncio “trampolim” ...
“E o livro é também, no dizer do seu autor, uma “expressão de revolta”, aquela que “diariamente” sente “pela vulgarização mediática de uma visão da política como uma actividade cínica, animada de mesquinhas ambições pessoais, feita de calculismos e silêncios expectantes, indiferente às pessoas, incapaz e incompetente para cuidar dos problemas, jogo de ‘poderosos’ e palco de corruptos. Não, isso não é a política!”. Pelo menos a que viveu. “A generalização corrente de fenómenos patológicos como representativos do conjunto da actividade política e de todos os que nela participam é insuportável e destruirá, se não for combatida, a confiança dos cidadãos na democracia”.
E perante o estado da Cidade de Lisboa …
Que comentários poderemos ainda desenvolver … ?
António Sérgio Rosa de Carvalho
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António Costa. Caminho aberto para Belém
Por Ana Sá Lopes, publicado em 10 Mar 2012 - 20:55 in ionline
Autarca de Lisboa lançou um livro onde reúne intervenções políticas. João Cravinho não tem dúvidas que Costa já está a pensar na Presidência da República
Ontem, aniversário da tomada de posse do Presidente da República, uma distribuidora inundou as livrarias com um livro, uma espécie de autobiografia política onde o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, reuniu intervenções suas nos últimos anos. A coincidência foi interessante: afinal, o caminho político que se apresenta agora como o “mais aberto” ao presidente da Câmara de Lisboa é uma candidatura ao Palácio de Belém. É assim que o ex-ministro João Cravinho (e antigo correligionário de Costa no grupo dos sampaístas do início dos anos 90) vê a coisa: “É um lançamento de carácter presidencial”, afirmou Cravinho em entrevista à Antena 1. António Costa “tem uma posição suficientemente aberta à sua frente para poder aspirar a uma intervenção mais forte na vida política”, diz Cravinho. Muitos outros dizem o mesmo, mas não o querem assumir em público.
Azar dos Távoras, o calendário político não favorece em nada a opção que os fiéis apoiantes de Costa defendem como a mais desejável para o seu líder, tendo em conta o perfil executivo do histórico socialista: uma candidatura a secretário-geral do PS e posteriormente a primeiro-ministro.
Se não houver imprevistos, António José Seguro será o candidato do PS às próximas legislativas e, com grande probabilidade, futuro chefe do governo (a menos que o PSD de Passos Coelho cometa a proeza inaudita de empobrecer o país saindo imune à revolta popular). Enquanto isto, António Costa continuará na Câmara de Lisboa o que, como o próprio fez questão de referir, é um trabalho a tempo inteiro incompatível com a liderança do Partido Socialista. Como não se vai reformar – essa intenção é anunciada expressamente no prefácio e no título do livro – “O caminho aberto” mais provável será uma candidatura a Presidente da República, se António Guterres e Jaime Gama (primeiros na lista de preferências de Seguro) continuarem a resistir a avançar para o cargo. Para já, até é Gama que vai apresentar o livro de Costa em Lisboa, na próxima quarta-feira.
E, claro, há ainda a incógnita Sócrates que do seu exílio dourado de Paris faz questão de enviar a amigos mensagens privadas a indiciar que não está politicamente morto e que, também ele, quererá o seu “caminho aberto”. Se Sócrates está a ser paulatinamente convencido da impossibilidade de regressar à liderança do PS, também o único “caminho aberto” que alguns amigos lhe apontam é precisamente o mesmo que os costistas apontam ao presidente da Câmara de Lisboa: a candidatura à Presidência da República. Resta saber se Sócrates e António Costa voltarão a repetir a célebre reunião do pós-guterrismo em que os dois firmaram o pacto de nunca se candidatarem um contra o outro.
Falta muito tempo para 2016 mas, em matéria de presidenciais, quem se chega primeiro à frente costuma ser melhor sucedido. Jorge Sampaio anunciou sozinho a sua disponibilidade em se candidatar à Presidência da República muito antes de António Guterres (na altura secretário-geral do PS) estar disponível para engolir o que na época constituía um verdadeiro sapo. O precedente repetiu-se com a falhada segunda candidatura a Belém de Manuel Alegre, candidato oficial do PS contra a vontade de muitos, mas que a disponibilidade declarada muito tempo antes transformou em facto consumado.
De António Costa sabe-se apenas que, ao ir desenterrar textos do início dos anos 90 até ao presente, quer fazer “uma prestação de contas intercalar”: “Têm sido 20 anos intensos, vividos com entusiasmo. E espero que os próximos 20 não o sejam menos. Por isso, esta colectânea não é o balanço para uma reforma antecipada. É, como já referi, uma prestação de contas intercalar, aos cidadãos em primeiro lugar, mas também ao Partido Socialista, aos amigos, à família, que uma curiosa coincidência de datas e aniversários me tornou apetecida, agora que estou a meio do caminho”.
E o livro é também, no dizer do seu autor, uma “expressão de revolta”, aquela que “diariamente” sente “pela vulgarização mediática de uma visão da política como uma actividade cínica, animada de mesquinhas ambições pessoais, feita de calculismos e silêncios expectantes, indiferente às pessoas, incapaz e incompetente para cuidar dos problemas, jogo de ‘poderosos’ e palco de corruptos. Não, isso não é a política!”. Pelo menos a que viveu. “A generalização corrente de fenómenos patológicos como representativos do conjunto da actividade política e de todos os que nela participam é insuportável e destruirá, se não for combatida, a confiança dos cidadãos na democracia”.
Ora, o autor espera que o leitor perceba que “a actividade política se motiva por ideais, pela ambição de os realizar, a determinação de resolver problemas, o gosto de conceber projectos e criar equipas para os executar e uma forte vontade de fazer. Foi, desde o início, este o meu entendimento da política e a razão do meu empenhamento”. E promete: “Tudo farei para que assim continue a ser nos próximos 20 anos”.
3 comentários:
Aberto?
Com o meu voto e atendendo ao estado em que Lisboa está, jamé.
Ia era para o Alto de São João a ver se não fazia mais porcaria.
É um péssimo presidente da Câmara. Com ele apenas se instaurou um compadrion total dos amigos do partido e dos amigos de alguns vereadores. Nada de verdadeiramente útil para a cidade é feito. A qualidade de vida dos lisboetas piora, no que respeita ao tráfego, aos passeios, às condições ambientais e de mobilidade. A fiscalização simplesmente não existe, ou se existe é apenas para alguns e quando se alertam as autoridades (por vezes nem assim). Há obras em jardins prometidas há 3 anos e sem qualquer início à vista. É isto uma cidade? Ou será apenas a fantochada que foi criada no último ano e meio na Avenida da Liberdade (piquenique, postes dos candeeiros e bancos do jardim coloridos), ou a festa das obras inacabadas e feitas à trocho-mocho no Terreiro do Paço (para os turistas, claro)? O meu voto nunca levará.
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