O Palácio Alagoas, sito na Rua da Escola Politécnica, nº 161-195, defronte ao Palácio Palmela (sede da Procuradoria Geral da República), data(va) da segunda metade do séc.XVIII, e esteve a cair aos bocados durante quase 15 anos. Já ao tempo de "Lisboa' 94", e do polémico projecto "Sétima Colina", a Vereação da altura não conseguiu obrigar o proprietário a fazer as obras exigíveis por lei. A única coisa que conseguiu foi pintar de rosa-escuro a fachadas da pequena capela, enquanto o telhado, as traseiras e os interiores do prédio se arruinavam paulatinamente. O único piso utilizado na altura era o rés-do-chão, que albergava uma conhecida leiloeira. Tudo o mais era abandono. Já com esta Vereação, e dando seguimento à máxima "1 carro-1 voto", converteu-se parte do jardim e logradouro em parque de estacionamento. Escorou-se a fachada, mas nunca se chegou a saber se as obras que por lá andavam fizeram acelerar o inevitável, lento e continuado ... desmoronamento de tudo o resto até à demolição repentina, dado o perigo de derrocada para a via pública.
Hoje, decorrem obras para a construção de um empreendimento da Sociedade Imobiliária Palácio Alagoas, do atelier do Arq. Luciano Cordeiro, sugestivamente apelidado de "Palácio Alagoas" (projecto nº 1602/OB/02), e destinado a habitação, escritórios e lojas. A fotografia simulada no telão do andaime é altamente sugestiva, com fonte e bastantes árvores no antigo pátio, e apresentando os prédios todos recuperados, seguindo a traça original. Oxalá a realidade não seja bem diferente...
É ISTO QUE NÃO PODEMOS PERMITIR QUE ACONTEÇA AOS PALACETES DO PRÍNCIPE REAL!!
Para efeitos de memória, aqui fica a descrição da DGEMN acerca do ex-Palácio Alagoas (*):
"De planta em L, composto pela justaposição de corpos rectangulares de modo irregular, parcialmente em redor de pátio de planta rectangular, de marcada implantação horizontal, apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 3 águas, perfurados por janelas trapeiras. De 5 pisos (um deles correspondente a cave - apenas existente no corpo extremo SE. - e outro, ao nível da cobertura), o imóvel tem piso térreo separado por friso de cantaria e embasamento no mesmo material e, restante superfície murária em reboco pintado, animada pela abertura de vãos de verga recta com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a NE. com frente extensa e inflectida, composto por 4 corpos separados por pilastras de cantaria, 3 deles com organização similar: apresentam piso térreo rasgado, por portais (...) e janelas de peito, sendo os conjuntos encimados, ao nível do andar nobre, por janelas de sacada com bandeira rectangular individualmente servidas por varandins de base coincidente com friso de cantaria e guarda em ferro forjado. 2º piso assinalado pela abertura de janelas de peito quadradas, inferiormente animadas por gotas. O corpo extremo NO., correspondente ao alçado principal de capela particular, contígua ao edifício, apresenta-se axialmente rasgado, por eixo definido pela sucessão de portal de verga recta destacada superiormente articulada com avental em cantaria de janelão iluminante, de verga curva destacada, que o encima, por sua vez articulado com óculo. O edifício é superiormente rematado por cornija sobrepujada por beiral. INTERIOR: compartimentado em função dos corpos identificados (*1), destacam-se como principais acessos, os dos 2 corpos a SE., um deles articulado com túnel de passagem, directamente conducente a pátio, contíguo a parte do alçado posterior. No corpo extremo SE., o único com cave (com cobertura em abobadilha de tijolo), escadaria de lanços rectos opostos em cantaria com patamares intermédios - com muros de topo vazados por janelas precedidas de conversadeiras. Pisos dominados por corredores longitudinais (*2) pelos quais se acede à compartimentação interna, disposta ao longos dos alçados principal e posterior, com emolduramentos dos vãos em madeira e, de um modo geral, directamente comunicante entre si. No n.º 183, um arco dá acesso aos jardins e quinta anexa, onde existiu até cerca de 1850, a afamada «Floresta Egípcia»"
(*) A propósito de DGEMN, é engraçado ver o quão surreal é o seu "site", ao depararmo-nos com vários casos de edifícios virtuais, que já foram demolidos, como é o caso do Cinema Alvalade, R.I.P.
PF
22/04/2005
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