19/07/2018

Bairro das Estacas - Apelo à criação de Gabinete de Apoio Local, Classificação, Regulamento e Prémio


Exmo. Senhor Presidente
Dr. Fernando Medina

Cc. AML, JF Alvalade, Vereador MS e media


Como é do conhecimento de V. Exa., o “Bairro das Estacas” é uma das mais bem-sucedidas iniciativas da Câmara Municipal de Lisboa (CML) em prol da habitação na cidade, e uma das maiores criações do arq. Ruy Jervis d’Athouguia (projecto de 1949, em parceria com o arq. Sebastião Formosinho Sanchez), cujo centenário se comemorou durante o ano passado.

Contudo, por força de vicissitudes várias, e apesar do Bairro ter sido premiado a nível local (Prémio Municipal de Arquitectura em 1954) e internacional (Bienal de São Paulo em 1950), o mesmo tem vindo a sofrer variadíssimas alterações ao longo dos anos, muitas delas profundamente intrusivas, que o empobrecem e desfeiam e que importa corrigir.

A poucas semanas dos doze anos sobre o desaparecimento de Ruy Jervis d’Athouguia (21 de Julho) e numa altura em que a Junta de Freguesia de Alvalade se prepara para intervir nos espaços verdes do Bairro (projecto, recorde-se, da autoria de Gonçalo Ribeiro Telles, em 1953);

Propomos a V. Exa., Senhor Presidente:

1. A classificação do Bairro das Estacas como Monumento de Interesse Municipal.

2. A criação pela CML de um Gabinete de Apoio Local do Bairro das Estacas, entidade que, à semelhança da experiência extremamente bem-sucedida do GALNOV (criado pela CM Oeiras em 2002 para o bairro residencial de Nova Oeiras), assumiria como desígnios:

- Divulgar e esclarecer os moradores sobre os planos, projectos e obras municipais, conducentes à gradual e planeada recuperação física e ambiental do Bairro das Estacas;
- Dar apoio e informação às iniciativas dos moradores e proprietários em relação a quaisquer obras, de alteração, de recuperação, que pretendam levar a cabo no Bairro;
- Divulgar e fornecer aos utentes os documentos reguladores dessas iniciativas (alterações, recuperações, etc.), nomeadamente os que orientam as frequentes obras de alterações de fachadas;
- Contribuir, através de actuações e campanhas diversas, em colaboração com os moradores, para a conscencialização da comunidade dos valores modernos de urbanismo, de paisagem e de arquitectura, que são património do bairro, procurando encaminhar da melhor forma toda a sua necessária renovação e actualização material e vivencial.

3. A elaboração do respectivo Regulamento.

4. Finalmente, a criação de um Prémio Municipal de Recuperação.

Apelamos ainda a V. Exa. para a necessidade de a CML se juntar à JF Alvalade na requalificação prevista por esta para os espaços verdes do Bairro, e assegurar o acompanhamento dos trabalhos pelo atelier paisagista de Ribeiro Telles, facto que, ao contrário do que foi noticiado, não corresponde neste momento à realidade.

E que uma vez comprovado o sucesso deste Gabinete, a CML proceda de igual maneira relativamente ao Bairro Lopes e ao Bairro Azul, este último já classificado em 2011 como de Interesse Municipal, mas em que os atropelos ao bom urbanismo se continuam a verificar, dada a inexplicável ausência de um regulamento ou sequer um manual de boas-práticas.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Inês Beleza Barreiros, José Maria Amador, Rui Martins, Fernando Jorge, Ana Alves de Sousa, Fernando Silva Grade, Júlio Amorim, Jorge Pinto, Eurico de Barros, Pedro Formosinho Sanchez, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira, Luís Mascarenhas Galvão, Pedro Henrique Aparício

Lisboa, 18 de Junho de 2018

Foto: PBase

...

Resposta da CML (10.7.2018):

38 comentários:

Anónimo disse...

Podiam mudar o nome para Bairro das Marquises.

João Ribeiro disse...

Lá estão as malditas marquises a estragar tudo...

Anónimo disse...

Já era tempo da CML ter alguma iniciativa no sentido da qualificação, prevista no PDM.

Anónimo disse...

são obras de arte do modernismo, não se deveria permitir qualquer desqualificação.

Manuel Marques disse...

Será muito utópico pensar numa cidade em que as marquizes sejam proibidas?

Anónimo disse...

Não vejo qual o problema das marquises.
Parece-me que há gente com algum síndroma pavloviano. Fala-se em prédios, pensam em marquises e ficam logo com "dores de barriga".

Manuel Marques disse...

É isso mesmo!!! Regras para quê?? Viva o caos!!

Anónimo disse...

Se sa marquises forem bem projetadas, quase sempre não resultam em anormalidades arquiteturais. Têm é de ser bem projetadas, o que muitas vezes não acontece (sobretudo nas mais antigas).

Anónimo disse...

Indique-me em Portugal casos de marquises bem projectadas, colocadas à posteriori. Certamente irá falar-me em algum caso raro, correspondente a 0,1% das marquises nacionais.

Anónimo disse...

Não existem marquises boas e más. Existem é varandas fechadas que, mais caixilho menos caixilho desvirtuam um projecto e desfeiam a zona. Existe um trabalho académico sobre este bairro que prova, e até por entrevistas aos moradores, que as marquises tornaram os espaços com que confinam mais quentes e mais frios no Verão e no Inverno.
Quem aprecia marquises que estude e aprenda!

Anónimo disse...

Eu aprecio marquises, desde que elas sejam bem estruturadas.
Conheço vários casos, pessoalmente, onde as marquises, sendo bem projetadas e com materiais de última geração, permitiram que as varandas e as respetivas casas ficassem mais quentes no Inverno e frescas no verão. eu próprio tenho uma varanda fechada com marquise que é exemplo disso. Antes tinha temperaturas a rondar os 45 graus no verão, e agora ficam-se pelos 30. No inverno chagava a ter temperaturas de 3 graus e agora não passam dos 10.
Estão perfeitamente enquadradas na estética do prédio, embora gostos há para tudo, claro.
Por isso, para quem tem ódio a varandas fechadas com marquises, aconselho a informarem-se bem e a irem aos locais verem casos práticos. E não apenas casos de há 30 ou 40 anos atrás, que estão muitíssimo desatualizados.
Já agora, há muita diferença entre colocar marquise nas varandas e partir as paredes que as separam do interior das casas. Isso sim é um crime contra o urbanismo, contra o projeto arquitetónico do prédio e contra a qualidade de vida. Para quem o faz pouco ou de nada adianta depois fechara varanda com marquise, pois o corte térmico é quase imperceptível. Foi o que aconteceu em alguns destes prédios e também noutros por toda a cidade. Daí as respostas de certos moradores.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Se forem casos raros, então que se façam pouco raros. O que não faz sentido é ser visceralmente contra uma solução que permite aumentar a qualidade de vida das pessoas.
Por isso defendo a colocação de marquises desde que sejam bem projetadas e usando materiais adequados. Resulta na maior parte dos casos. Não sei porque não resulta apenas nalgumas cabeças iluminadas e pompantes da nossa sociedade.

Anónimo disse...

A qualidade de vida dos poucos que vivem lá dentro contra a precariedade de todos que exteriormente vêm o sua cidade mais feia e pobre com essas barracas nas alturas. Um edifício construído para ter T2 com varandas não o foi para ter T2 com anexos. Os egoístas que montam essas barracas nas alturas só pensam no seu umbigo, porque de resto toda a gente perde. Um edifício com marquises é um edifício desfigurado, não venham com poesias e argumento de "qualidade de vida" à puto de 18 anos simpatizante do Bloco de Esquerda. Qualidade de vida é precisamente ter um espaço exterior. E a qualidade de vida de se ter uma cidade bonita com edifícios bonitos? Isso não conta?! A hipocrisia do argumento das varandas fechadas com os devidos materiais para melhorar a qualidade da temperatura é simplesmente ridícula. Se é por aí, troquem as janelas ou portas por materiais térmicos mais eficientes. E o argumento de quem não gosta de marquises é rico e quem gosta é pobre, também é engraçado porque eu não teria dinheiro para fechar uma varanda! Não existe boas marquises existe é falta de estética e ÉTICA!

Proíbam essa porcaria de uma vez por todas!

Anónimo disse...

Se eu fosse presidente da cml, sei que não ganhava mais nenhuma eleição mas punha Lisboa sem marquises. Ao contrário do que dizem mais acima, as marquises fazem mais calor e não menos. Conheço bem a Europa e não sei de cidade onde se assassine mais o edificado do que em Lisboa. O bairro das estacas tem áreas fantásticas (eu conheço), para quê fechar a varanda? Para aumentar a sala que tem mais de 35m2, ou os quartos com 12/14m2??? Selvagens!

Anónimo disse...

É curioso ver comentários de pessoas "especialistas" em marquises, que opinião sobre o facto de supostamente aumentarem as temperaturas das casas, quando na verdade nada sabem acerca do assunto.
Eu, por experiência própria, sei que a colocação de marquises bem feitas e com bons materiais melhora indubitavelmente as altas e baixas temperaturas em casa.
E não se trata apenas de mudar as janelas ou portas para outros materiais, mas o facto de haver um espaço que funciona como "caixa de ar" com o exterior, obviamente modifica muito as temperaturas nos quartos / salas interiores das casas.
É curioso ver comentários dizendo que quem quer morar numa casa sem grande frio ou calor, não passa de um egoísta, porque quer fechar a varanda com janelas e prejudicar as pobres pessoas que, no seu dia a dia, têm de ver as varandas fechadas.
Como é possível querer obrigar as pessoas a verem varandas fechadas? Essas gentes ficam traumatizadas. Nunca mais serão as mesmas depois disso. Deixem de ser "possidónios" e vivam mas é com o frio, com as humidades, com o barulho excessivo, com os mosquitos, com o calor incomportável. Afinal quem vos mandou comprar casa em Lisboa. Se queriam casas "de jeito" fossem viver para fora da cidade. Porque Lisboa é para gente que não quer marquises, essa estrutura tão suburbana e de "pobre".
O mais importante é não traumatizar os radicais anti-marquise. Os outros, que se lixem! E depois dizem que são europeus, democratas e humanistas...

Anónimo disse...

Bem, maravilhoso! Tem um problema? Meta uma marquise que resolve tudo! É melhor que o professor mamadu! Essa cantiga do coitadinho é mesmo hipócrita. O triste portuguesinho a desculpar se com a sua triste sina, só uma marquise o salvaria do seu triste fado. Enfim...

Anónimo disse...

Conversa da treta. Que tem ser europeu democrata ou humanista a ver com isto?!... Um edifício com marquise é desvirtuado, que é o que se fala neste blogue o tempo todo. Se querem ampliar a sala vão para uma casa maior. É simples. Se querem pintar a casa por dentro de preto, força! É vossa! Mas o exterior é urbano, é da cidade, é de todos. Concordo com o das 6.08, a cml negoceie e retire as marquises.

Anónimo disse...

Quem falou em ampliar a sala? Realmente quem é autista não consegue ver um pouquinho mais longe, nem sequer ler com atenção.
Falei de condições de climatização da casa, não em ampliações!
Já para não falar da segurança, no caso de R/C e 1.º andar, pois certamente uma varanda fechada com janelas é mais segura do que se estiver completamente "à mão se semear".
Não se trata de "coitadinho", para os autistas e burguesinhos que têm dinheiro para comprar em prédios novos, luxuosos e com condições de climatização e segurança imcomparavelmente melhores do que a maioria dos lisboetas.
Continuo a defender a colocação de marquises em muitos casos (não em todos, como também disse). Em situações de grandes varandas (que cobrem grande parte ou a totalidade da fachada), em casas com condições de climatização baixas (como acontece com a maior parte dos prédios construídos antes da década de 00).
Se a marquise for bem projetada, for bem dimensionada e forem usados materiais de qualidade, isso modifica totalmente a qualidade de vida de quem lá mora. Só não percebe isto quem não quer, quem provavelmente está-se nas tintas para quem vive na cidade e prefere a sua suposta "estética" (a sua, porque não é a de todos de certeza - veja-se o caso do arquiteto Carrilho da Graça, entre outros).
Pretendem que a CML negocie o quê?
Tiram a marquise, vivem em piores condições na vossa casa e ... pagam o IMI e não bufam.
Só pode ser isto.
Com supostas "Ideias de génio" desta o resultado só pode ser aquilo que já é há duas décadas. O abandono da cidade pelos mais jovens e pelos que menos têm.
Depois querem mais gente a viver na cidade... Só se for ao frio, ao calor e na insegurança!

Anónimo disse...

"O exterior é ... de todos."
Então todos que paguem casas novas em prédios novos a quem vive em prédios que não têm condições?!
Só podem estar a brincar.
Concordo com o que o comentador das marquises disse. Qual o problema de ter uma marquise se ela for bem construída?
Vejo muitos prédios com marquises novas que até ficaram melhor estéticamente desde que elas foram lá colocadas. E conheço vários.
Não sei se por motivos de climatização ou de outros, mas estavam degradados, com varandas "apodrecidas" e feias, para além de serem zonas escurecidas e vazias de significado. Ficaram com varandas claras, novas e com aspeto mais acolhedor.
Não me façam é pagar as marquises dos outros. Essa do negoceie é boa. Talvez com o seu dinheiro. Com o meu não!!

João Ribeiro disse...

Eu tenho uma varanda, pus-lhe chão de relva falsa, uns vasos com flores pendurados na armação, e uma mesa com cadeiras. Por vezes tomo lá o pequeno almoço ao fim de semana e chego a jantar "lá fora" quando apetece. Não tendo quintal ou logradouro isto é o que mais se assemelha. Bem mais baratinho que pôr uma marquise e bem mais agradável. As marquises dos meus vizinhos pelo que consigo visualizar da minha varanda, servem de acumuladores de tralha. Uma espécie de arrumação a olhos vistos. Depois o problema dos materiais das marquises é que o que é bom para um não o é para o outro e dá-se o caso de no mesmo prédio existirem marquises em inox cor metalizado, outra em inox castanho, umas marquises têm estores, outras não, enfim acaba por ficar uma bandalheira. Os prédios já por si não são os mais bonitos e depois com as marquises ainda pior. A mim fazem-me lembrar "estufas". Não sou rico nem nada que se pareça mas também penso que ter ou não marquise não é sinal de dinheiro ou falta de dinheiro. Costumo dizer, proíbam as marquises que ficam voltadas para a via pública e permitam as que não ficam voltadas para a via pública. Isto é a minha opinião.

Cumpts,

João Ribeiro

Anónimo disse...

Metam as marquises no ass háháháhá

Anónimo disse...

Sr. Ribeiro,
As marquises não servem para acumular tralha. Se há pessoas que o fazem, não o deviam fazer. Mas não se podem julgar todos por uma minoria.
Ainda bem que o sr. pode usar a sua varanda para colocar flores e tomar lá o pequeno almoço.
Eu não o conseguiria fazer, se não tivesse a marquise. Isto porque no Outono e no Inverno seria de congelar, e na primavera e no verão seria de torrar.
antes de colocar a marquise tinha temperaturas de -5 graus no Inverno e +55 no Verão, medidas com mais do que um tipo de termómetro.
Tinha a casa cheia de insectos, e cheia de poluição vinda da rua (a marquise dá para as traseiras do prédio, mas que por sua fez são as de uma rua principal, porque a entrada dá para um logradouro).
Tinha barulho todo o dia e toda a noite (e tenho portas com vidro duplo a separar o quarto e a sala da varanda, que, mesmo assim, não protegem como com a adição da marquise).
Neste momento tenho muito mais qualidade de vida.
Para além disso, consigo usar a varanda para colocar a máquina de lavar roupa, porque a casa tem a canalização da máquina a dar para a varanda, desde que o prédio foi feito.
Agora diga-me em que é que isto prejudica alguém?
Já agora, percebo completamente que diferentes tipologias de marquise, com diferentes materiais possam "chocar". Mas por isso defendo a mesma tipologia (diga-se mesmo número de janelas), e em materiais de qualidade.
Não me parece que o material que referiu seja usado (aço inox). Provavelmente será alumínio antigo, que não era lacado (pintado) e fica da cor original.
Na minha marquise coloquei alumínio (por ser muito mais resistente às temperaturas altas / sol e intempéries que o PVC), e estores com corte térmico por fora.
Já várias pessoas que não são do prédio elogiaram a colocação da marquise, por permitir uma estética muito melhor do que as dos meus vizinhos (incluindo dois que não têm marquise nenhuma e cuja varanda é aberta, escura e "fria").
O que eu acho é que os fundamentalistas anti-marquise deviam ter mais atenção quando dizem que é preciso retirar tudo, deixar tudo "raso", porque não têm consideração para comas pessoas que apenas querem um mínimo de qualidade de vida nas suas casas.
Acha que viver no frio ou no calor extremo, com insectos e sujidade é agradável?
Os prédios como o meu, construído na década de 70, eram com varandas abertas, numa época em que não havia a poluição que há hoje, em que as intempéries não advinham de fenómenos extremos, e em que não era preciso / valorizado o uso de máquinas de lavar ou secar.
Hoje em dia, os prédios novos já são construídos com espaços pensados para estes fins, e com coberturas térmicas.
Mas isso quer dizer que temos todos de mudar para prédios novos?
O que os fundamentalistas devem querer é contribuir para que muitos continuem a saír de Lisboa, deixando-a para os turistas e ricos, que podem comprar o que querem e onde querem, e que fazem as obras que querem, muitas elas destruindo o interior da própria casa, e pondo em risco a segurança do próprio prédio.
Se for obrigado a retirar a marquise, serei mais um a sair da cidade, pois não posso nem quero continuar a viver em condições absolutamente deploráveis, ainda para mais porque há umas "pessoas" que acham que vale mais a estética (a delas, entenda-se), do que a funcionalidade. Pena é que eles não passem pela falta de condições que muitos passem.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Tanta conversa por causa de umas janelas?!
Realmente não têm nada que fazer.
Se se preocupassem com a porcaria em que a cidade está, com o regabofe, com os roubos, corrupção e compadrios, e com a falta de obras.

João Ribeiro disse...

Boa tarde amigo, Obrigado por se dirigir a mim.

Eh eh, já me fez sorrir, no bom sentido. Eu não tomo refeições na varanda ao meio dia no Verão ou à chuva no Inverno como é óbvio. Faço-o quando as condições o permitem, tal como você o poderia fazer. De resto as temperaturas de uma casa oscilam bastante quando não se tem ar condicionado (meu caso) e se vive em prédios de gama baixa (meu caso) mas podem ser menorizadas com materiais decentes nas janelas e portadas, não é preciso marquise para isso. Depois também não podemos ser demasiado exigentes quando vivemos em casas e zonas que não o permitam. Eu não espero que a minha casa feita às três pancadas tenha uma insonorização como um andar de luxo na Expo. A poluição e mosquitos são problema da zona onde vive, não das janelas do seu quarto ou sala. E aí tem de sugerir à sua junta de freguesia maior limpeza das ruas. Eu vivo perto de uma mata, logo susceptível de ter mais bicharada e apenas tenho as moscas e melgas "normais" no tempo delas e calculo que teria a mesma quantidade desses bichos/poluição com a janela do quarto que dá para a varanda aberta ou com a janela da marquise aberta, seria igual, não deixam de ser duas janelas abertas. Já me entraram osgas pela casa dentro mas tudo isso é normal e volto a frisar tanto entram pela portada da varanda ou pela janela da marquise. Calor, frio, bichos isso é tudo normal para mim dentro dos limites do razoável claro. Sim é capaz de ser alumínio, mas acho estranho quando diz que a varanda aberta é "escura e fria" quando diz que lhe bate o sol de chapa que chega aos +55 (temperatura acima do deserto do Saara...). Talvez seja escura ao cair da noite ou porque necessita de uma pintura(?) O Sr. acaba por admitir a verdadeira razão para ter montado a sua marquise que é um sítio "extra" para por a máquina de lavar. Os seus vizinhos sem marquise, não têm máquina de lavar roupa? Ou entretanto quis máquina de secar roupa na cozinha e ficou sem espaço para a outra? O problema é esse. Quando se adquire uma casa, temos de nos adaptar a ela, não a ela + 1 anexo. No entanto eu compreendo a sua situação e de certo modo, apesar de não concordar com marquises sou solidário consigo. Quando se fala em acabar com as marquises, fala-se em marquises voltadas para a via pública e com o devido prazo. Seria uma coisa para alguns anos e com os devidos apoios para quem tem mais necessidade.

Em jeito ode conclusão, eu realmente nunca vi uma marquise que contribuísse para o embelezamento do edifício, e o que é de todos é para mim o mais importante. No entanto também concordo que é necessário achar alternativas/soluções/contrapartidas viáveis para a quem foi permitido montar marquises as possa então justamente desmontar.

Abraço

João Ribeiro

Anónimo disse...

Caro sr. João Ribeiro,

Não concordando totalmente consigo em relação às marquises, agradeço pelo menos o facto de não ser um dos fundamentalistas que por vezes aparecem por aqui.
Ao contrário do que refere, a verdadeira razão pela qual coloquei uma marquise foi mesmo a climatização, pois as portas interiores, mesmo com vidro duplo, não eram suficientes para me proteger do calor e do frio. No Inverno as temperaturas mais altas não chegam aos 55. apenas no verão. Mas chegam a negativos no inverno.
Em relação à zona onde tenho a máquina de lavar (eu e os outros), esta zona já estava fechada com uma marquise de ferro, e isso está na planta do prédio, pelo que não foi por este motivo. Aqui apenas substituí o ferro (que estava muito deteriorado), por alumínio, há já alguns anos.
A cozinha não tem espaço para duas máquinas de lavar / secar. Aliás, na verdade não tem sequer as ligações para se poderem colocar máquinas. Nos anos 70 não se fazia isso, e apenas na zona da varanda que referi existia o tradicional tanque de lavar à mão.
Em relação à poluição, referia-me não apenas à sujidade em geral, mas também à poluição dos carros e sonora. Isso não há varanda aberta que permita solucionar.
Os mosquitos realmente têm a ver com a proximidade de vários quintais que não são limpos periodicamente, e com uma ampla zona abandonada que se encontra cheia de matos. A junta de freguesia e a CML bem o sabem, mas pouco fazem, pelo que se não forem os moradores a protegerem-se, nada é feito.
As varandas ficam escuras porque são todas em marmorite cinzento. No inverno todas ficam escurecidas, a não ser que o sol "bata de chapa", claro.
O^s meus vizinhos todos têm marquise. Mas não foram colocadas de forma coordenada, ordenada e igual, nem sequer na mesma época. Pelo que alguns têm mais janelas do que outros, alguns têm vidros simples, outros vidros duplos, outros alumínio branco, outros alumínio sem ser pintado, outros estores térmicos, outros não têm estores.
Quando coloquei a marquise nova, toda lacada a branco e com estores brancos por fora, isso aclarou bastante a zona da fachada. Daí que muitos amigos e vizinhos tenham elogiado a intervenção.
Acredite que já vi prédios que ficaram com um aspeto completamente diferente após a colocação de marquises, desde que elas sejam todas iguais, a cor da pintura seja "compatível" com a da fachada e tenham todas o mesmo número de divisões / janelas. Conheço alguns casos em Lisboa (não muitos pois a maior parte das marquises não foi posto toda ao mesmo tempo).
Gostos são gostos, mas a funcionalidade tem de ser o mais importante. Ninguém deve viver numa casa que não tem as condições mínimas atualmente exigidas de confortabilidade, e, atendendo às mudanças climáticas que existem hoje em dia. Daí defender a colocação de marquises, desde que segundo as regras que referi, sejam na fachada principal ou na das traseiras, se isso ajudar a solucionar ou a minorar bastante os problemas.
Cumprimentos.

João Ribeiro disse...

Obrigado pela resposta caro amigo,

Hoje por acaso lembrei-me de um caso em que as marquises não me "incomodam". Existem aquelas varandas que são "interiores", ou seja, não têm a placa saliente que sai do edifício. São aquelas varandas alinhadas com a parede do edifício. Essas varandas com marquises quase se assemelham a apenas outra janela e por conseguinte não destoam tanto. Mas enfim, não sou mesmo adepto de marquises e penso que chegámos ao ponto de amigavelmente admitirmos que concordamos em discordar.

Abraço e boa semana.

João Ribeiro

Anónimo disse...

Caro Sr. João Ribeiro,

Conheço vários casos de prédios assim. Aliás, o meu prédio é um desses casos, mas a varanda ocupa a totalidade da largura da casa, ou seja, vai de uma ponta à outra da fachada do edifício, sendo ladeada também por paredes laterais. É, como diz, como se fosse uma enorme janela.
A melhor solução, de acordo com o que já referi em posts anteriores, foi mesmo colocar a marquise. Com materiais modernos, estores de corte térmico, tudo branco, acaba por ser uma mais valia para o edifício. Foram respeitados o número de janelas de acordo com o que os restantes condóminos (a maioria) tinha, pelo que o impacto visual é mínimo.
Já fui várias vezes elogiado por ser um elemento que até embeleza uma fachada que está degradada e com as restantes marquises muito velhas.
E resolvi em grande parte os problemas de ruído, poluição, segurança em principalmente, de mudanças térmicas extremas que vinha sentindo.
Um abraço para si e todos os restantes leitores do blogue.

Anónimo disse...

Se for quase impossível proibir as marquises, ao menos a lei deveria obrigar à mesma estética em todo o prédio, cores, material, dimensões dos caixilhos,etc. Talvez assim as marquises não ficassem tão feias. Mas marquises sem estores por fora, por favor. Lembro-me que no brasil existem marquises mais minimalistas, onde o caixilho é quase imperceptível, aumentando muito a qualidade estética.

Anónimo disse...

Estive há uns anos na Grécia. O urbanismo é mau, os prédios feios e beras no geral mas não passa sequer pela cabeça de um grego fazer uma marquise. Pelo contrário, as varandas das casas, pobres ou ricas, grandes ou pequenas, têm praticamente todas plantas e/ou toldos nas varandas (e muitas vezes há plantas também à porta). Prédios de outra maneira feiosos tornam-se agradáveis para os habitantes e para quem passa.
Em Portugal, prédios belíssimos tornam-se catálogos foleiros de alumínios e pvc's. Tenho a certeza que muita gente não quer viver num prédio em que cada um faz o que lhe dá na gana nesta matéria. As lindas marquises, pelo menos as das fachadas, acabam por desvalorizar esses imóveis e aqueles que ficam por perto. Só na expo é que esta porcaria foi de facto proibida. Não estamos a falar das belas marquises de ferro de alguns edifícios antigos, mas de coisas manhosas, algumas emporcalhadas e de aspecto sórdido.
90% das marquises de fachada não têm uma justificação funcional sequer. Acho que se trata sobretudo da sensação de estar a ganhar qualquer coisa. A verdade é que todos perdem.
Podia ao menos existir um incentivo para acabar com isto progressivamente. Não seria possível proibir a transmissão dos imóveis sem este aspecto regularizado? A marquise devia ser retirada ou legalizada para a fracção ser vendida. Mas não tenho grande esperança. Até o primeiro ministro parece que tem um andar arrendado em Santa Clara com uma linda marquise.

Pedro Neves disse...

Tendo percorrido todos os comentários que defendem as marquises, desde que muito bem feitinhas, ainda não consegui contudo ter acesso à morada de uma dessas marquises de excelência, para a gente ver como é que é.

Venham daí esses bons exemplos!

Manuel Marques disse...

Nas cidades europeias civilizadas são proibidas marquises, porque é que em Lisboa também não podem ser?

Anónimo disse...

Caro anónimo, olhe que muitas vezes os estores exteriores até embelezam mais as marquises. Depende de como são feitos e instalados.
Tenho estores exteriores e estão à face, pelo que o impacto sobre a fachada é bastante menor do que aqueles que têm a caixa projetada.
Também não são estores projetantes, ou seja, daqueles que podem ser parcialmente abertos para fora.
E, claro, são à mesma cor da marquise. Em geral o branco costuma combinar com a maior parte das fachadas, mas há outras cores disponíveis, conforme o que se queira.
Em muitos casos é importante, devido ao controle luminoso, sobretudo quando não há prédios mais à frente e, portanto, não há corte de luminosidade por sombras. É óbvio que há imensas vantagens em ter uma vista desafogada, mas o controle luminoso /e consequentemente térmico) acaba por ser mais necessário.
Penso que depende do modo como é feito e o cuidado que se deve ter para com a manutenção da estética da fachada.
Hoje em dia, felizmente, os construtores / instaladores, já começam a ter mais cuidados. Dantes as coisas eram muito mais complicadas e "selvagens".
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Aguardo as fotos de marquises bonitas.

Pedro Neves disse...

"Hoje em dia, felizmente, os construtores/instaladores, já começam a ter mais cuidados. Dantes as coisas eram muito mais complicadas e "selvagens"."

Caro anónimo das 10:52, folgo em saber que a selvajaria tem os dias contados, mas como tenho andado distraído, pode facultar-me umas moradas desses bons exemplos?

Moradas, precisam-se moradas, para aprendermos com os melhores!

Anónimo disse...

Nas cidades europeias "civilizadas" (obrigado por chamar selvagens aos lisboetas, implicitamente), os prédios foram construídos com outras condições que não o que aconteceu e ainda acontece no nosso país (não apenas em Lisboa).
Quer bons exemplos de marquises?
Não está à espera que divulgue moradas, pois não?
Veja os exemplos que foram dos acima e abra os olhos quando andar pela cidade. E sim, tem de andar. De pópó vê pouca coisa.
Cumprimentos .. dos selvagens.

Pedro Neves disse...

"Não está à espera que divulgue moradas, pois não?"

Por acaso estava. Eu ando muito a pé pela cidade (não gosto de pópós) e não há meio de encontrar essas marquises bonitas, pode ao menos dizer-me um ou dois bairros onde elas se encontrem mais amiúde?

Manuel Marques disse...

Também não consigo encontrar marquises que embelezem os edifícios, ao contrário do que dizem os acérrimos defensores desse desígnio nacional que é a bela da marquise portuguesa. Entretanto vamos esperar por esses variadíssimos exemplos fotográficos das muitas marquises que tornam a nossa cidade maos bonita... sentados claro.

Anónimo disse...

Marquisopolis!