27/12/2016
Junta de Arroios desiste de polémico corte de árvores previsto em escadaria dos Anjos
27/05/2015
PODAS E ABATES DE ÁRVORES EM LISBOA - CARTA ABERTA AO SENHOR PRESIDENTE DA CML
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Dr. Fernando Medina
Face à onda de intervenções radicais e devastadoras que as árvores de Lisboa têm sofrido nas últimas semanas - empreitadas de poda, abate e substituição de árvores de alinhamento e de jardim um pouco por toda a cidade, de Alvalade à Estrela, das Avenidas Novas a Arroios, da Graça à Ajuda, com menor ou maior grau de intensidade e número de árvores objecto das mesmas, com mais ou menos gravidade e grau de irreversibilidade, sob esta ou aquela justificação, não poucas vezes caricata, e outras tantas por razões que a razão desconhece - considera esta Plataforma recém-constituída ser seu imperativo dirigir-se ao novo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma vez que nos parece ser tempo de se virar de página e da cidade partir para outro paradigma.
Porque entendemos que quando estão em causa valores tão nobres e elementares como a preservação de um património que temos a obrigação de legar às gerações vindouras, o direito à informação, os afectos, o respeito por todas as formas de vida, a qualidade de vida e o bem-estar da população; ficar-se calado não serve!
É verdade que esta insensibilidade e este menosprezo pelo indispensável contributo dado pela árvore à cidade e por aqueles que as defendem não são de agora. Todos nos lembramos da destruição massiva de jacarandás nas transversais à Avenida da República e dos 153 plátanos abatidos nem há 10 anos no Campo Pequeno porque havia que implementar determinado projecto de paisagismo. Ou do “vendaval” no Vale do Silêncio, as “desmatações” de Monsanto e a “requalificação” do Príncipe Real, só para enumerarmos algumas reconhecidas más práticas. Mas é neste preciso momento que o flagelo assume proporções inauditas, com o confluir de uma série de constatações e de procedimentos menos claros (por exemplo, ajustes directos através dos quais é diagnosticado o estado do arvoredo - que compete aos serviços municipais e após parecer do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida – e se procede aos abates e às podas, e posteriormente ainda dentro do mesmo ajuste, se vendem os espécimes de substituição - cuja determinação a competência continua na esfera do Município e não das Juntas), a que importa obviar de uma vez por todas, Senhor Presidente, a saber:
As árvores não são podadas nem conservadas nem tratadas, quando doentes. Antes se mutilam, agridem, abatem e substituem como se fossem objectos de decoração descartáveis e sujeitos à ditadura da última moda, nem sequer respeitando a época mais propícia para as árvores e para a bio-diversidade que albergam. Há árvores de primeira (as estruturantes) e de segunda (as de alinhamento).
Não existem jardineiros, mas abundam os curiosos e os madeireiros de serra em punho, cujas intervenções deveriam ser adjudicadas com transparência, critério e sem conflitos de interesse, tantas vezes ao arrepio dos pareceres fitossanitários de entidade idónea e, ultimamente, ao abrigo do não exercício da prorrogativa de declarar esta temática como estruturante, delegando nas Juntas de Freguesia de forma a nosso ver errada e contraproducente, transferindo direitos a nível da gestão do arvoredo, mas esquecendo-se de transferir as boas práticas já regulamentadas, logo agora que aquelas ainda estão numa fase de auto-afirmação e de delimitação de território.
Continuam a não ser aplicados e cumpridos o Regulamento aprovado pela AML (51/AM/2012), que resultou da deliberação 102/CM/2009, nem o Despacho do 60/P/2012 do Senhor Presidente de CML de então, mas quando há um parecer sério que indica a necessidade de abater determinada árvore, logo esse mesmo parecer serve para uma dúzia de outras sãs.
Perdeu-se a boa-prática de consulta preferencial ao LPVVA, preferindo-se o parecer de empresas que depois procedem elas próprias à poda e ao abate no que se configura como procedimento a carecer de sindicância.
Cultiva-se a ignorância, acenando com pragas e alergias, velhice excessiva das árvores (quando árvores com 60 anos devem ser consideradas jovens), cataclismas inevitáveis e a corrosão da chapa. Alimenta-se o ódio instalado ao choupo, cipreste, plátano, freixo e, quiçá a breve trecho, à tília, à tipuana e ao jacarandá! Não se percebe de onde vêm os novos espécimenes que se plantam, mirrados e sem copa frondosa previsível que não por várias décadas, nem para onde vai a lenha que resulta de tudo isto. De uma assentada, como no caso recente da Av. Guerra Junqueiro, destrói-se a imagem até agora inalterável de um arruamento histórico com 60 anos.
Por isso esta nossa carta dirigida a V. Exa., Senhor Presidente, porque temos esperança que a sua juventude signifique irreverência, sensibilidade e vontade indómita em querer mudar o status quo que muitos presidentes antes não conseguiram mudar, pelas razões que cada qual saberá.
Os regulamentos existem e bastará cumpri-los, pois têm matéria suficiente para que os procedimentos de poda, abate e substituição de arvoredo se traduzam em boas práticas de arboricultura, motivo de orgulho para esta cidade, em contraponto com tantas outras onde continuam a aceitar práticas retrógradas, baseadas em mitos e inverdades. Não aceitamos que Lisboa possa ser referida como um dos piores exemplos de gestão do arvoredo do país, quando tem todas as condições para ser exactamente o oposto, desde que corrija o que é preciso corrigir.
Estamos, como sempre estivemos, disponíveis e empenhados em colaborar com a CML e com o seu Presidente e os seus Serviços para que consigamos esse desiderato.
Conte connosco!
Lisboa, 26 de Maio de 2015
A recém-formada "Plataforma em Defesa das Árvores":
Associação Árvores de Portugal
Associação Lisboa Verde
Fórum Cidadania Lx
GEOTA-Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Grupo de Amigos do Príncipe Real
Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades
Grupo Ecológico de Cascais
Liga dos Amigos do Jardim Botânico
Plataforma por Monsanto
Quercus
22/02/2013
Abate de árvores no Jardim do Campo Grande






Com o título “Abate de árvores no Jardim do Campo Grande”, publicou a Câmara Municipal de Lisboa, com data de 21 de Setembro de 2012, a seguinte notícia:
“Integrada no âmbito das obras de requalificação do Jardim do Campo Grande, está em curso desde o dia 10 de setembro uma operação de abate de árvores que, pelas suas características e decrepitude irreversível, constituem um evidente risco para pessoas e bens.
Esta operação de abate está fundamentada pela avaliação do estado fitossanitário das árvores, efetuada pelos Serviços da CML que recolheram para o efeito, o parecer do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, envolvendo a observação de 1266 árvores no Campo Grande.”
No princípio da semana passada, visitei o topo Norte do jardim do Campo Grande que está a ser intervencionado no âmbito de uma requalificação que envolve o seu coberto vegetal em articulação com os equipamentos aí existentes, nomeadamente o edifício do Caleidoscópio e o lago central. Está integralmente vedado, sendo o acesso ao público, interdito.
É francamente desolador a forma como estão a ser tratadas as árvores no Campo Grande, exemplares de grande valor pela sua idade e algumas devido à sua raridade, contrariando a notícia trazida ao público pela CML de que 1266 árvores naquele Espaço iam ser observadas e que apenas aquelas que devido ao perigo de queda dado o seu estado fitossanitário seriam abatidas, trabalho acompanhado pelo Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de almeida.
Parece não ser isso o que está a acontecer, demonstrando uma vez mais a dificuldade da Câmara Municipal de Lisboa em efetuar requalificações em espaços que envolvam a presença de plantas, sedo estas tratadas como mobiliário urbano, sem ter em conta a sua qualidade de seres vivos. Tal atitude levou a que, muito recentemente, tenham morrido, em resultado de intervenções idênticas: 8 árvores no Jardim Henrique Lopes de Mendonça ( Jardim da Praça José Fontana) - 7 Magnolia grandifloa e 1 Corynocarpus laevigatus - e 2 árvores no Jardim da Placa Central da Praça de Londres- 1 Magnolia grandiflora e 1 Cupressus sempervirens - , para já não falar em casos mais antigos, mas sempre atuais.
O descuido no tratamento das árvores é flagrante, denotando falta de acompanhamento por parte dos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa que, certamente, estando presentes, não permitiriam os atropelos que as imagens aqui documentam e que não podem ser só atribuídos aos efeitos da tempestade que no dia 19 de Janeiro se abateu sobre a cidade de Lisboa.
Esperemos para ver o resultado final da obra. Quando o Jardim reabrir ao público, podermos então, certamente, retirar ensinamentos para que na recuperação prevista para a zona Sul do mesmo Jardim, não aconteçam os atropelos agora verificados.
João Pinto Soares
24/04/2012
Cedro do Buçaco do Pr.Real/Pedido de esclarecimento a CML/AFN/LPVVA


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Resposta do PCML:

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Exmos. Senhores
Presidente da CML
Presidente da Autoridade Florestal Nacional
Coordenadora do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida
Vereador dos Espaços Verdes da CML
C.c. AML, Media, IGESPAR/DRC-LVT
Como é do conhecimento público, o cupressus lusitanica do Jardim do Príncipe Real, o "Cedro do Buçaco", venerando ex-libris daquele jardim romântico de Lisboa com cerca de 140 anos de idade e classificado Árvore de Interesse Público (D.G. nº 34 II Série de 12/02/1940), encontra-se neste preciso momento no estado em que as fotografias em anexo documentam.
Por alturas do polémico projecto de requalificação do Jardim do Príncipe Real, de 2009, e independentemente da bondade , ou não, dos objectivos que estiveram na origem daquele projecto, alertámos V. Exas., oportunamente, para o potencial perigo que adviria para determinadas espécies do jardim no pós-requalificação do mesmo, sobretudo pela previsível diminuição do factor ensombramento que, como é sabido, protege certas espécies. Tal perigo existiria, a nosso ver, sobretudo no topo do jardim junto à Rua do Século, para as árvores que aí restassem pois passariam a estar muito mais expostas ao Sol do que até então. Em, especial, e grave, no caso do "Cedro do Buçaco".
Assim, e face ao estado visível da árvore em apreço, vimos pelo presente reclamar junto de Vossas Excelências, um ponto de situação sobre a referida espécie, i.e.:
1. Procedeu alguma das instituições acima designadas, CML/LPVVA/AFN a exame recente ao Cedro do Buçaco, que permita concluir se a sua aparência actual significa, ou não, um agudizar de um processo de morte irreversível, ou se é apenas um estágio normal e cíclico daquela espécie?
2. No caso do Cedro do Buçaco estar efectivamente a morrer, alguma das instituições atrás referidas sabe explicar as razões desse súbito agravamento do seu estado de conservação, designadamente, se o projecto de requalificação do Jardim tem, ou não, que ver com isso mesmo?
3. No caso do projecto de requalificação ser efectivamente a razão da súbita degradação do Cedro do Buçaco, quem assume responsabilidades perante a opinião pública, e de que forma?
- CML/Espaços Verdes, pela irresponsabilidade de avançar com um projecto num determinado jardim sem ter antes estudos de impacte exactamente sobre a vida das árvores?
- LPVVA/AFN, pela irresponsabilidade de não terem opinado por escrito e oficialmente sobre um projecto de requalificação de um jardim com exemplares como o Cedro do Buçaco, classificados de Interesse Público?
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
António Branco Almeida, Luís Marques da Silva, Leonor Areal, Miguel Atanásio Carvalho, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Nuno Caiado, António Sérgio Rosa de Carvalho, Jorge Pinto, António Araújo, João Mineiro, Maria João Pinto, Isabel Corrêa da Silva e Fernando Jorge