17/02/2010

Obras de jardim no Carmo causam infiltrações em lojas

In Público (17/2/2010)

«A construção de um jardim suspenso junto ao Convento do Carmo, em Lisboa, tem gerado contestação de lojistas da zona lisboeta. Governada por uma autarca do PS, a junta de freguesia local diz que não recebeu queixas "formais", enquanto o executivo municipal remete quaisquer esclarecimentos sobre o assunto para os próximos dias.

Inundações, infiltrações e buracos em paredes e tectos fazem parte da realidade mais recente de diversos lojistas da Rua do Carmo, no Chiado, que se queixam também do barulho constante produzido pelos aparelhos de recolha de entulho. São seis as lojas da Rua Carmo mais afectadas pelas obras de construção do jardim, todas as situadas na muralha adjacente à dos trabalhos em curso, iniciados em Setembro de 2009. Os estabelecimentos são propriedade da câmara e da Direcção-Geral do Tesouro.

"Compreendo que as obras sejam feitas, mas custa compreender por que é que não houve diálogo com as pessoas para antecipar potenciais problemas", disse à agência Lusa o proprietário da luvaria Ulisses, Carlos Carvalho. Sócio da loja da estilista Ana Salazar, Luís Aranha conta que o pior momento da semana é a manhã de segunda-feira, quando os trabalhadores retiram a água acumulada do fim-de-semana entre o fecho da loja, ao fim da tarde de sábado, e a reabertura na manhã de segunda-feira. "A 60 litros de água recolhidos por dia, faça as contas...", desafia Luís Aranha. Já Alberto Sampaio, da Joalharia do Carmo, fundada em 1924, não tem pejo em mostrar os danos infligidos pelas "constantes infiltrações", seja em dias de chuva ou não.

O lojista lamenta também o facto de ninguém ter falado com os responsáveis dos estabelecimentos antes do arranque dos trabalhos: "A câmara devia ter falado connosco", frisa. "Como é que vou arranjar isto? Quem é que vai pagar esta factura?", questiona.

A dona da sapataria Anabella C revela que as idas ao armazém, situado no piso superior da loja, são feitas neste momento "com lanternas", devido a problemas de iluminação e risco de curto-circuitos.

Fonte do gabinete do vereador das Obras Municipais da autarquia, Nunes da Silva, remeteu para os próximos dias esclarecimentos sobre a situação.»

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