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17/02/2017

Pastelaria Alcôa na Casa da Sorte (Chiado) - destruição do legado de Conceição Silva

Exma. Senhora
D. Paula Alves


CC. PCML, VPCML, VCVP, AML, DGPC e media

Lamentamos profundamente que uma marca conceituada como a v/Alcôa tenha optado pela destruição deliberada do interior da antiga Casa da Sorte, ao Chiado, em vez de adaptar a comercialização de pastéis de nata ao espaço, como seria expectável, preservando e redignificando todo o interior daquela loja concebida como “obra total”, em 1962, pelo arq. Conceição Silva. Em vez disso optaram por destruí-lo irremediavelmente.

Apesar das v/declarações em contrário (https://www.publico.pt/2015/01/12/local/noticia/alcoa-vai-ocupar-antiga-casa-da-sorte-e-promete-preservar-patrimonio-1681930), de que tudo seria preservado e que o resultado final da obra de adaptação do espaço à v/actividade ficaria ainda mais genuíno do que no projecto de origem (!) de Conceição Silva, o que se verifica com a abertura da pastelaria é que apenas restam os painéis azulejares polícromos de mestre Querubim Lapa (talvez porque a sua eventual remoção ou mutilação fosse ainda mais escandalosa), tudo o mais é outra coisa que não o projecto de origem de Conceição Silva, como facilmente se comprova.

Recordamos, caso não saibam, que Conceição Silva foi, para além de insigne arquitecto, um dos maiores expoentes da concepção e decoração de espaços comerciais em Lisboa, designadamente na Baixa e Chiado, onde desenhou autênticas “obras totais”, como era o caso desta da Casa da Sorte, na Rua Garrett. Assim, aquele arquitecto concebeu tudo o que ali existia, menos os azulejos: mobiliário, revestimentos de paredes, balcões, iluminação, revestimentos de tectos, chão. Foi isso que existia antes desta obra, e que embora em mau estado, era facilmente restaurável e adaptável às funções da v/actividade. Foi isso que foi arrancado e partido como se fosse apenas lixo.

Igualmente lamentável é o facto das entidades com responsabilidades na preservação do património da cidade (CML e DGPC) tenham acordado já tarde para este problema, e que a loja apenas constasse do inconsequente inventário do Património Municipal anexo ao PDM e se tivesse aberto um procedimento de classificação da loja já com o seu interior destruído (!).

Compreendemos a oportunidade que daí decorreu mas não a aceitamos, mais a mais existindo na cidade bons e recentes exemplos de adaptação cuidada e conhecedora de espaços com história a negócios actuais, na sua esmagadora maioria envolvendo promotores jovens, algo que reconhecidamente não é apanágio desta nova pastelaria, cujo visual, estimável, é apenas contemporâneo.

Melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Inês Beleza Barreiros, Miguel de Sepúlveda Velloso, Virgílio Marques, Miguel Atanázio Carvalho, Maria de Morais, Paulo Guilherme Figueiredo, Cristiana Rodrigues, Maria do Rosário Reiche, Júlio Amorim, Ana Alves de Sousa, Pedro Henrique Aparício, Jorge Pinto, Fátima Castanheira, João Oliveira Leonardo, Beatriz Empis e António Araújo

Fotos: Rita Gomes Ferrão

Fotos: Fernando Jorge

25/11/2015

Boa notícia: Abertura do procedimento de classificação da antiga Casa da Sorte (Rua Garrett)


Depois de casa roubada, trancas à porta, mas mais vale tarde que nunca. E a reposição dos armários, como vai ser? Diploma AQUI.

Foto: Cerâmica Modernista

01/06/2015

CASA DA SORTE na Rua Garrett: parcialmente vandalizada pelo novo proprietário









Apenas parecem sobreviver os azulejos do Mestre Querubim Lapa nas fachadas exteriores e alguns dos paineis no interior; tudo o resto, o mobiliário, revestimentos de tectos, chão e paredes foi arrancado e partido como se fosse apenas lixo. O projecto desta loja é do Arquitecto Conceição Silva que desenhou todo o equipamento, desde a iluminação, balcões, móveis numa notável colaboração com o ceramista em 1962. Lamentável que tudo tenha sido arrancado de forma descuidada pelo que se pode observar através de um buraco numa das portas. Será que os paineis de azulejo de Querubim Lapa no interior foram danificados? Vamos perguntar ao PISAL, CML. Os vidros das grandes montras foram pintados de branco talvez para não permitir a visão do vandalismo já realizado no interior. Lisboa está assim...

31/03/2015

Votos de sucesso à Pastelaria Mexicana / Carcassonne


Exmos. Senhores


Permitam-nos que vos remetamos os nossos parabéns pela anunciada aquisição da Pastelaria Mexicana, ex-libris da Avenida de Roma/Praça de Londres.

Desejamo-vos o maior sucesso, certos de que o vosso sucesso será o sucesso daquela zona, que carece de uma revitalização urgente a nível do seu comércio, que precisa de um comércio de qualidade, atento, imaginativo, preparado e de uma Pastelaria Mexicana que contribua decisivamente para esse desiderato.

Aproveitamos para vos relembrar que a Pastelaria Mexicana é Monumento de Interesse Público desde 2014, conforme despacho publicado em Diário da República, II Série, nº 71, de 10 de Abril, e que, portanto, qualquer intervenção ou alteração física a esta “obra total” (inclui toda a decoração e todo o mobiliário de origem) deverá ser objecto de um projecto de arquitectura a submeter à aprovação prévia da CML e da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Muito gostaríamos de incluir futuramente a Pastelaria Mexicana no Círculo das Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa (http://circulolojas.org), iniciativa recentemente lançada pelo Fórum Cidadania Lx, mal observe os pressupostos previstos naquele.


Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel Atanázio Carvalho, António Araújo, Fernando Jorge, Jorge Santos Silva, Jorge Pinto, Rui Martins, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Formozinho Sanchez, Alexandra Maia Mendonça, Pedro Janarra, Paulo Lopes, José Filipe Soares, Luís Marques da Silva, Beatriz Empis, Pedro Henrique Aparício, Carlos Moura Carvalho, Maria do Rosário Reiche

C.c. CML, DGPC, AML, JF Areeiro, Media

12/01/2015

Parabéns e alerta à Pastelaria Alcoa / Casa da Sorte / Chiado


Exmos. Senhores


Permitam-nos que vos remetamos os nossos parabéns pela anunciada abertura, em breve, de uma pastelaria Alcoa na Rua Garrett, em Lisboa, desejando-vos o maior sucesso e certos de que o vosso sucesso será o sucesso do Chiado e da nossa cidade de Lisboa.

Aproveitamos para vos chamar a atenção para o facto do espaço da antiga Casa da Sorte ser uma referência para a cidade, não tanto por ter sido uma casa de lotaria mas pela sua decoração, interior e exterior, com projecto da autoria do Arq. Conceição e Silva (concepção do espaço e balcão), datado de 1960, e do Mestre Querubim Lapa (azulejos).

Enquanto movimento de cidadania que defende o património histórico da cidade de Lisboa, não podemos deixar de vos chamar a atenção para esse facto e para a necessidade de salvaguardar e estimar esse património.

Lembramos, ainda, que as características físicas mencionadas serão uma efectiva e significativa mais-valia da futura pastelaria Alcoa em termos de vantagem comparativa, diferenciado o espaço dos demais, desde logo como atributo turístico e cultural, conjugando da melhor forma a tradição dos doces conventuais com as lojas de carácter e tradição do século XX.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Paulo Lopes, Jorge Pinto, Alexandre Marques da Cruz, Rui Martins, Gonçalo Maggessi, Miguel Atanázio Carvalho, Beatriz Empis

Cc. CML, AML, DGPC, Media

03/11/2014

Ritz e Casa da Sorte, Lisboa: Querubim Lapa, uma obra pelas ruas da cidade


In Público (2.11.2014)
Por ALEXANDRA PRADO COELHO e MÓNICA CID

«Ter obras espalhadas por ruas, lojas e esquinas significa que todos podem usufruir delas. Mas significa também que alguns as podem destruir. O mestre ceramista está preocupado com a Casa da Sorte.

PUB Querubim Lapa atravessa o hall do Hotel Ritz em passos pequenos. Há dez anos que não entrava aqui, conta-nos. Combinámos este encontro para que o mestre ceramista, actualmente com 88 anos, nos falasse da coluna decorada com painéis de cerâmica que fez há precisamente 55 anos, quando Lisboa ganhou o seu mais luxuoso hotel, um pouco acima da Rotunda.

Olha em redor para as tapeçarias de Almada Negreiros que decoram as paredes do salão onde nos encontramos (conhecido precisamente como Salão Almada Negreiros) e recorda como nesses tempos os artistas se cruzavam pelos espaços de um Ritz ainda em obras — projecto inicial do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro — e que, mais do que um hotel, parecia um museu com tanta e tão variada arte nas suas paredes.

Querubim Lapa recebeu a incumbência de “disfarçar”, como ele próprio diz, uma coluna no final da escadaria que conduz à entrada principal do Salão Nobre. Descemos essa magnífica escadaria, uma elegante curva suspensa no ar, que nos transporta primeiro junto a uma enorme janela e depois ao longo da parede dourada com juncos incrustados, um trabalho de Pedro Leitão e António Louro de Almeida.

Degrau após degrau, o artista aproxima-se da sua coluna, contorna-a, observa-a, toca-lhe. Diz que nunca se esquece de nenhuma das suas obras mesmo que não as veja durante muito tempo. Na sua memória elas estão vivíssimas, ainda que outros pormenores das histórias ligadas ao aparecimento do Ritz em Lisboa só voltem à medida que conversamos.

A história do Ritz fica para outra reportagem que em breve há-de aparecer neste jornal. Esta crónica é sobre Querubim Lapa e sobre como um artista se relaciona com uma obra que está espalhada pela cidade. Se a coluna do Ritz aqui está, cuidada e preservada, o mestre sabe que isso está longe de garantido com outras peças suas. E é assim que começamos a falar da Casa da Sorte, numa esquina do Chiado, entre a Rua Garrett e a Rua Ivens — a propósito da triste notícia de que se encontra encerrada.

Por acaso, antes de sair da redacção, tinha recebido um email do Fórum Cidadania Lx chamando a atenção da Câmara Municipal para os riscos “da enorme perda patrimonial para a cidade de Lisboa que representará um eventual roubo/mutilação/remoção dos azulejos de Mestre Querubim Lapa”, e alertando para “o facto de as letras em latão terem sido já arrancadas, no interior e exterior do espaço”.

“Confirma-se, então? Quando me disseram isso, fiquei aterrorizado”, confessa Querubim Lapa. “A Casa da Sorte é toda em cerâmica, no exterior e no interior, e o meu receio é que venha a suceder o mesmo que na Loja das Meias, onde destruíram a cerâmica e nem tiveram o cuidado de tirar as peças para as oferecer ao Museu da Cidade.”

Recorda que a Casa da Sorte “antigamente era uma tabacaria, onde o Eça ia comprar os seus charutos”. Depois, o espaço transformou-se, no início dos anos 1960, com o projecto do arquitecto Conceição Silva, que convidou o ceramista para ali fazer uma profunda intervenção.

No início dos anos 1960, o arquitecto Conceição Silva fez o projecto de remodelação da Casa da Sorte e convidou o ceramista para uma intervenção

Os pormenores sobre a obra, vou encontrá-los num texto de Luís Maio na Fugas. “É uma das intervenções esteticamente mais arrojadas alguma vez impressa num edifício pombalino”, escreve Luís Maio, sublinhando que “desta vez a arte não se submeteu à arquitectura mas aconteceu o inverso”. Conta depois que Querubim perguntou na Fábrica Viúva Lamego quais as medidas máximas que as placas cerâmicas podiam ter e criou o seu trabalho a partir dessa medida, evitando assim que houvesse cortes nas placas.

No exterior, em azul e branco — num contraste absoluto com a “explosão psicadélica avant la lettre”, nas palavras de Maio, que encontramos no interior —, o ceramista criou um desenho a partir de números, um tema que se adaptava bem à Casa da Sorte, mas que, diz-nos agora Querubim, “serve para qualquer outro tipo de estabelecimento”.

A indefinição sobre o futuro do local preocupa profundamente o mestre. “O meu trabalho ali é total, estou com muito receio. Ao tirar as placas, se é que vamos chegar a esse ponto, é preciso que elas não se partam, porque é um material com fragilidade. Mas esse é o último recurso, nem quero pensar que vamos chegar aí.”

Com a mão encostada à sua coluna no Ritz, o pensamento de Querubim Lapa está agora nessa esquina do Chiado. Pode não ver as suas obras durante anos, mas na sua cabeça elas estão tão vivas como no dia em que as executou. E a perspectiva de a cidade perder uma delas dói-lhe profundamente. Aconteceu na Loja das Meias e, escreve ainda Luís Maio, por essa perda, “Lisboa deveria vestir-se de luto”.

17/10/2014

Casa da Sorte na Rua Garrett fechou


A/C. Exma. Sra. Vereadora Catarina Vaz Pinto, PISAL
Cc: AML, Sr. Vereador Manuel Salgado e Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

Exmos. Senhores


Serve o presente para alertar V. Exas. para o encerramento da Casa da Sorte, na Rua Garrett, e da enorme perda patrimonial para a cidade de Lisboa que representará um eventual roubo/mutilação/remoção dos azulejos de Mestre Querubim Lapa.

Trata-se, inclusive, de um espaço integrado na Carta Municipal do Património, pelo que eventuais impactos negativos em resultado de alterações nos interiores terão que ser acautelados pela CML. Chamamos a atenção de V. Exas. para o facto das letras em latão terem sido já arrancadas, no interior e exterior do espaço.

Melhores cumprimentos


Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge e Júlio Amorim