22/05/2008

A circular das colinas morreu. Viva a circular do planalto!

António Costa já começou a ser mais claro sobre as "recompensas" que exige Lisboa, devido à terceira travessia sobre o Tejo, exigências estas que eu resumiria como uma "circular do planalto". Extractos de uma notícia de hoje no Diário Digital:

Nova ponte: Intervenções rede viária Lisboa no caderno encargos

As intervenções na rede viária de Lisboa reclamadas pela Câmara de Lisboa pela construção da terceira travessia do Tejo, entre Chelas e o Barreiro, constarão do caderno de encargos da ponte, disse à Lusa autarca da capital.
António Costa tem vindo a reclamar que os «impactos» sobre a capital da nova ponte, ao nível ambiental e paisagístico, sejam compensados através de uma «intervenção num conjunto de vias circulares da cidade».
O eixo da Avenida dos E.U.A. com ligação à Avenida Gago Coutinho, o atravessamento de Entrecampos e o cruzamento do Hospital de Santa Maria com a Avenida Álvaro Pais, o eixo da Avenida de Berna, nomeadamente na Praça de Espanha e a ligação das Olaias à avenida central de Chelas são algumas dessas intervenções.
António Costa tem apontado igualmente a necessidade de ser realizada uma alternativa à chamada «Circular das Colinas», «que aproveite o túnel do Marquês e as ligações do Marquês à Avenida Almirante Reis, onde serão incluídos sentidos únicos».
O autarca prevê ainda uma «intervenção pesada» na ligação da Almirante Reis à Avenida Mouzinho de Albuquerque e uma variante à Baixa, que implicará mudanças no Terreiro do Paço.
A aposta nos transportes públicos da cidade é outras das contrapartidas que António Costa reivindica e antes de ser conhecida a opção Chelas-Barreiro o autarca começou a defender que «do conjunto das portagens que servem vias radiais à cidade de Lisboa, uma parte deve ser mobilizada para financiar o sistema de transportes públicos da cidade».

Minimizar o impacto visual da terceira travessia está a revelar-se uma tarefa mais difícil, já que o estudo pedido por António Costa ao Ministério das Obras Públicas concluiu que a diminuição da altura do tabuleiro da ponte não deverá ser possível sem comprometer a navegabilidade do Tejo.
A altura prevista de 47 metros só poderá ser diminuída ou para 42,5 metros, o que não é significativo, ou para 27 metros, comprometendo a navegabilidade do rio.
Neste contexto, relocalizar o terminal de granéis do Porto de Lisboa, uma hipótese que António Costa chegou a colocar em cima da mesa para ser negociada com o Governo, não resolveria o problema.
A altura de 27 metros deve-se à necessidade de fazer entrar por túneis desnivelados a linha ferroviária de alta velocidade, a linha suburbana para o Oriente, a linha suburbana de Cintura, e ainda o túnel rodoviário .

De que serve falar nos transportes públicos, bicicletas e sei lá que mais, quando no fim temos ali uma circular das colinas recauchutada?

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu só gostava de saber onde é que estas pessoas vão buscar a lata para falar de transportes públicos quando aproveitam a construção de uma ponte ferroviária para construir uma nova autoestrada de entrada em Lisboa!

A fazer um túnel ferroviário? Resolvia o problema do impacto visual da ponte e o problema da entrada de mais automóveis particulares na cidade pelo que se evitava gastar dinheiro nas intervenções referidas na noticia!

Mas também depois como é que se podia urbanizar os antigos terrenos da CUF?

Paulo Ferrero disse...

«António Costa tem apontado a necessidade de ser realizada uma alternativa à chamada "Circular das Colinas", "que aproveite o túnel do Marquês e as ligações do Marquês à Almirante Reis, onde serão incluídos sentidos únicos". O autarca prevê ainda uma "intervenção pesada" na ligação da Almirante Reis à Mouzinho de Albuquerque e uma variante à Baixa, que implicará mudanças no Terreiro do Paço. »

O pior é mesmo esta «intervenção pesada» que, ou muito me engano, ou é sinónimo de esventramento do subsolo da Penha de França, por via de construção de túnel no final da Pascoal de Melo ... coisa sempre apetitosa para a clique da engenharia e da construção civil. Cá estaremos.