22/12/2004

Alcântara:Cruzeiros e hotéis no lugar do terminal de contentores

Falando ainda de Alcântara, parece que vem aí mais outro projecto, desta feita de revolução da zona de cruzamentos, pontes, passagens, terminais e tudo o mais que por ali há, depois da gare ferroviária de Alcântara-Mar. Bom, ainda sem sabermos muito bem o que é o projecto, já sabemos uma coisa: os contentores metálicos vão ser transferidos para Xabregas. Donde se prova que está tudo maluco, senão veja-se: primeiro diz-se que o casino é implantado no Jardim do Tabaco, pois ali vai ser feito o grande terminal marítimo internacional. Derruba-se uma série de pavilhões/armazéns de época, sem que ninguém diga nada. Passados uns tempos, o casino já não vai para ali, agora quem vai é a Feira Popular. O terminal, esse vai agora para onde já está: Alcântara (sim, já alguém reparou que ele sempre aí existiu?!). Mas como são precisas obras de construção civil, betume e benesses, aí vão os ditos contentores, que ocupam muito espaço. Vão para aonde? Para perto do Jardim do Tabaco. Talvez os coloquem defronte ao Museu do Azulejo, na Igreja da Madre de Deus. Como símbolo da nova estética lusitana. Para inglês ver. Ah, é verdade!, já me esquecia da Feira Popular: ela afinal já não vai para o Jardim do Tabaco. Foi só uma ideia, um lamiré, ou, se quiserem, um piada de mau gosto.

E Alcântara? Lá continuará por muitos e bons anos, indiferente as ventos e às "ideias", com cimento armado a substituir os velhos armazéns e instalações industriais. Com os seus dois "ex-libris", tornados passagens aéreas temporárias", leia-se os famigerados viaduto automóvel (em risco iminente de queda), e aquele tabuleiro vermelho rolante (medonho) para peões, que Ferreira do Amaral nos impingiu a todos como resolução artística para o problema que era/é a dificuldade em unir as duas gares ferroviárias de Alcântara, a de Terra e a de Mar.

E Siza? Já não interessa. Tal como Gehry, é passado; só que neste caso foi pago por um promotor privado, enquanto que o canadiano foi-o (é-o) pelo erário público.
PF
P.S. Quero que me expliquem outra coisa: como é possível construir hotéis em Alcântara, por debaixo da Ponte sobre o Tejo? Já lá está o "Vila Galé Ópera". E lá estarão, pelos vistos, mais uns quantos. Para além da questão de respeito pela zona ribeirinha, outra dúvida se me coloca: serão para masoquistas?

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