22/09/2005

Mobilidade: 2 boas notícias do Governo

"A linha azul do metro vai ficar ligada à linha de Sintra, a partir de 2009, através de um interface na Reboleira, anunciou hoje a secretária de Estado dos Transportes. Para assinalar o Dia Europeu Sem Carros, Ana Paula Vitorino fez hoje o percurso de Metro entre as Laranjeiras e a estação Amadora/Este (Linha Azul), que está actualmente separada da estação ferroviária da Reboleira (linha de Sintra da CP) por apenas 250 metros, e aproveitou para anunciar a nova ligação.

"O túnel [do metro] já está construído até 250 metros da estação da Reboleira e a ligação deve entrar em funcionamento em 2009", disse a secretária de Estado.

Se todos os prazos forem cumpridos, a obra deverá começar em 2007, depois de concluídos os estudos de impacte ambiental e os concursos públicos de adjudicação.

A ligação e construção da estação e interface da Reboleira (com capacidade para estacionamento) têm um custo estimado de 50 milhões de euros.

Ana Paula Vitorino justificou a obra com a necessidade de melhorar a coordenação intermodal numa das freguesias mais densamente povoadas da Área Metropolitana de Lisboa.

"A Reboleira é uma freguesia com elevada densidade populacional. Estamos a identificar os pontos negros dos transportes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto e os estudos determinaram que seria importante fazer a ligação entre estes dois eixos (ferrovia e metropolitano)", frisou a mesma responsável.

O Governo vai, entretanto, abandonar a ideia anunciada pelo ex- ministro social-democrata, António Mexia, de avançar com uma linha de metro para servir o centro histórico da cidade.
"A linha das Colinas foi desaconselhada do ponto de vista físico e de rentabilidade social e económica", afirmou a governante, argumentando que o sistema de mobilidade "não se consegue apenas à custa do Metro".

Ana Paula Vitorino adiantou que a Carris está a rever a rede no sentido de intensificar as ligações ao metro e estações ferroviárias e melhorar o serviço aos bairros.

A secretária de Estado sublinhou ainda a importância de coexistirem vários meios de transportes, "por que têm funções diferentes: uns servem como transportes de massas, outros para fazer a distribuição das pessoas".

O Governo está também interessado em melhorar a integração ao nível da bilhética, dos sistemas tarifários e de informação ao público.

A segurança é outra das preocupações."Vamos arranjar formas de promover a segurança nas paragens", declarou, o que deverá ser conseguido combinando videovigilância, iluminação e soluções arquitectónicas.

A secretária de Estado lembrou, por outro lado, que nem todas as responsabilidades incumbem ao Governo.

"Podemos promover a segurança, a coordenação, a regularidade e a fiabilidade, mas as competências das autarquias também devem ser salvaguardadas. Tem de haver uma política de estacionamento adequada e uma articulação entre o ordenamento do território e as estratégias de mobilidade".

Face à "insustentável taxa de utilização do transporte individual", Ana Paula Vitorino lamentou que o Dia Sem Carros não tivesse tido mais adesão por parte das autarquias, e sobretudo a ausência de Lisboa.

O ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações quis solidarizar-se com o evento oferecendo viagens gratuitas nos operadores de transportes públicos de Lisboa (barcos, comboios, autocarros e metropolitano).

Mas a iniciativa pecou por falta de divulgação. Na estação da Amadora/Este, apenas uma nota manuscrita e colada numa das máquinas de venda de bilhetes alertava para o facto. Na estação das Laranjeiras nada indicava que os utilizadores pudessem usufruir hoje de viagens gratuitas
."

Eis duas boas notícias em "Dia Sem Carros", em "Semana da Mobilidade". Só é pena que em relação aos interfaces, por este andar nem daqui a 30 anos teremos todos os outros que são necessários; e continuarmos a não ouvir nada dizer quanto aos acessos às colinas, nomeadamente quanto ao lançamento de funiculares/escadas rolantes/eléctricos.

Mas mais valem estas 2 boas notícias do que o pseudo-pacote de medidas, supostamente não simbólicas, que a CML anunciou ontem, e que já comentáramos na altura própria.

PF

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