29/11/2005

Campanha Vamos Proteger o Património de Lisboa!

No seguimento das questiúnculas e lutas fraticidas que se desenrolam pela sucessão do poder no Urbanismo da CML, a propósito do Convento de Arroios, assumimos a nossa posição:

O que está em causa é, tão somente, a DELAPIDAÇÃO DE PATRIMÓNIO DE LISBOA (fotos em anexo) , pois quem nos governa (e era proprietário do imóvel) poderia tê-lo usado para centro cultural, ou para escola de artes e ofícios, em regime de semi-internato (à imagem do que se faz lá fora...) , etc., em vez de o vender a privados. Além de que o conjunto deveria ter sido classificado há muito e protegido no que toca à igreja, ao claustro e aos elementos históricos objecto de estudo pela (DGEMN).

Mas é preciso não esquecer que Lisboa perde todos os dias um pouco mais do pouco que ainda lhe resta da sua traça, das bonitas fachadas e dos bonitos interiores que já teve. Nas avenidas, no comércio tradicional (veja-se, por exemplo, o que aconteceu à Manteigaria Londrina (Portas Sto.Antão), à Pastelaria Marques (R.Garrett), à Cervejaria Derbi (Portas Sto.Antão), à Perfumaria Pompadour (R.Garrett), nos prédios de habitação, nos edifícios históricos.

E perde esse património em resultado de várias coisas, desde uma lei de arrendamento comercial mal feita e mal aplicada (que importa rever com urgência!), à ideia errada de obrigar os proprietários de imóveis classificados a arcarem com a totalidade dos encargos de preservação e recuperação (porque não a adopção de incentivos fiscais camarários a quem vê o seu edifício classificado?), passando pela indiferença dos lisboetas.

A fim de deixarmos às futuras gerações mais do que o nosso testemunho ou o dos nossos pais; achamos que há que preservar, por um lado, os edifícios notáveis de Lisboa e, por outro, a memória da cidade. Temos que preservar certas zonas de Lisboa, zonas consolidadas (por ex. Avenidas Novas, Campo de Ourique, Arroios, zona da Avenida da Liberdade, etc.), onde é preciso impedir que sejam feitas novas construções que não respeitem as cérceas e os alinhamentos pré-existentes. Há que garantir mesmo reabilitação e apenas reabilitação do que existe, e não construções novas.

Mas também é preciso proteger o que resta do que era bom no nosso comércio, os nossos cafés, confeitarias, casas de café e chá, chapelarias e sapatarias, perfumarias, alfaiatarias, barbearias, tabacarias, etc., etc. (ver listagem indicativa, em
http://cidadanialx.tripod.com/listacomercio.pdf), mas sem se cair na tentação do "parque temático", defendendo algo que já não faz sentido.

Por julgarmos que a melhor forma de proteger esse património passa, numa primeira fase, pela sua classificação pelo IPPAR , achamos que está na hora de cada alfacinha utilizar os instrumentos que aquele Instituto lhe disponibiliza para o efeito na Net:

- No portal http://www.ippar.pt/ferramentas/faqs/faqs.html#perg2, podemos inscrever os casos que achamos que justificam ser classificados pelo IPPAR, e assim defendidos do especulador imobiliário de ocasião, ou de quem acha que "o que é velho não presta";

- No formulário "Como alertar o IPPAR de eventuais ameaças ao património?", em http://www.ippar.pt/ferramentas/formularios/proteja.html; podemos denunciar ao IPPAR os casos de património já classificado (ex. Prémios Valmor, etc.) , que sejam objecto de vandalismo ou mutilação.

Por outro lado, todos nós, cidadãos por uma Lisboa melhor, devemos reivindicar junto da CML que defina de uma vez por todas quais as artérias de Lisboa onde não pode ser deitada abaixo nem mais uma fachada! É tempo de ser protegida não só a moradia X da Avenida da República, o prédio Y, da Avenida da Liberdade, ou o edifício Z da Av.Duque de Loulé, mas todos os outros que os enquadram, a fim de se evitarem coisas extaordinárias como a que se verifica na R.Alexandre Herculano, onde os prédios de Ventura Terra ficaram esmagados por prédios modernos muito mais altos.

É este sinal de alerta que pretendemos com esta campanha.

Paulo Ferrero, Pedro Policarpo e Bernardo Ferreira de Carvalho

2 comentários:

Anónimo disse...

Muitas vezes não é somente o que se perdeu, o que vem a seguir vai também danificar o que ficou.
Ex: a obra-prima de Cassiano Branco (sede do PC) na Av. da Liberdade, levou com um prédio nas traseiras que o superou em altura. O edifício já não se consegue admirar da mesma maneira. Tenho a certeza absoluta que um edifício desse nível, teria sido respeitado no seu total em outras paragens.
É assim que se vão tratando as obras de um dos maiores arquitectos portugueses de sempre.
Cassiano é bom demais, para a Lisboa de hoje.

JA

Anónimo disse...

Nada sei da história de um palacete, esventrado interiormente e toda a área envolvente abandalhada, mas que assim resiste há anos na Alameda das Linhas de Torres, perto da rampa de acessso aos estúdios da RTP. Também não sei se existem planos de recuperação. Se souberem, agradeço divulguem.

Obrigada