04/01/2008

A troca das bandeiras

A Bandeira Nacional no alto do Parque Eduardo VII foi colocada em Setembro de 2005 por iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e da Agência “AMBELIS”. Foi uma ideia de Pedro Santana Lopes, concretizada durante a presidência de António Carmona Rodrigues. Num mastro de 35 metros de altura, a bandeira nacional tinha uma área de 240 m2. Era a maior bandeira nacional içada em permanência e pretendia promover os valores nacionais através do mais importante símbolo nacional.

Em Madrid, na Plaza Colón, uma enorme bandeira espanhola também se encontra permanentemente içada num imponente mastro desde 2001, por iniciativa do então primeiro-ministro José Maria Aznar. Esta recebe honras todos os meses. A existência de uma grande bandeira nacional hasteada em permanência é uma prática comum noutras capitais.

Enquanto fui vereador na Câmara Municipal de Lisboa com responsabilidades pelo espaço público da capital tinha também a responsabilidade pela manutenção da Bandeira Nacional. Foi com honra que assumi essa responsabilidade de zelar pelo símbolo nacional na capital. Recordo-me da atenção com que era observada e o cuidado com o seu estado. Lembro-me bem da preocupação com o tempo que demoravam os períodos de manutenção. Confesso que na época, com tantas outras preocupações na cidade, por vezes a bandeira não merecia a devida atenção, mas logo alguém me chamava a atenção. Recordo-me até que por vezes era a comunicação social que chamava a atenção para uma ausência mais demorada da bandeira. Mas nesse tempo a comunicação social andava muito atenta…

Há algum tempo passei pelo marquês e verifiquei que a bandeira estava rasgada. Dias depois voltei a passar e a bandeira lá se mantinha rasgada. Não me pareceu um bom prenúncio…

Mas foi nas vésperas do Natal que verifiquei algo insólito. No lugar da Bandeira Nacional encontrava-se uma outra, azul. Não quis acreditar. Confesso que fiquei chocado. A Bandeira Nacional fora trocada pela bandeira da União Europeia (aquela que nem é referida como símbolo da União Europeia no tratado dito de Lisboa). Não procurei justificação. Até porque acho que esta atitude não tem justificação. É mais um gesto provinciano (no pior sentido do termo). E isso é o menos. O mais é a falta de respeito pelo símbolo nacional que é assim trocado com a maior ligeireza, assim como se fosse algo indiferente. De facto é “só” um símbolo mas não deixa de ser simbólico…

Mas se esta troca da Bandeira Nacional com a bandeira europeia me deixou chocado, o que me revolta mesmo é a indiferença aparente com que se assiste a esta atitude. Mas será que ninguém deu por isso? Será que ninguém se importa?! Dantes, quando a Bandeira Nacional tinha um rasgão ou era retirada por uns dias, dava lugar a notícia nos jornais. Agora que foi trocada pela bandeira da União Europeia numa atitude pacóvia só para “europeu ver”, não sei se por causa da assinatura do tratado (porque se fosse por causa da presidência estaria lá desde o início), ninguém quer saber?!

Entretanto a bandeira azul já foi retirada. Mas a Bandeira Nacional continua ausente. Talvez o mastro passe a servir para içar a bandeira do clube que ganhar o campeonato de futebol ou outra idiotice qualquer… É assim quando ninguém se importa!


António Prôa



(texto publicado no blog "O Carmo e a Trindade"

29 comentários:

aeloy disse...

Pois provinciano, parolo mesmo, foi pôr lá a bandeira nacional. Agora sei quem foi o responsável.
António Eloy

Filipe Melo Sousa disse...

Eu entendo que se tenha colocado uma bandeira da UE. Sempre nos faz parecer mais próximos do mundo desenvolvido. As cores verde e encarnado da nossa bandeira apenas nos tornam conotados com os países africanos subdesenvolvidos do terceiro mundo. Já era tempo para colocarmos o azul da west european coast.

http://small-brother.blogspot.com/2007/09/bandeiras-terceiro-mundistas.html

Paulo Ferrero disse...

Abaixo o mastro, JÁ! A bandeira nacional merece mais consideração.

Anónimo disse...

sr. ex vereador,

é muito evidente que a cidade tem muitos outros problemas que exigem respostas em vez de estarmos a perder tempo com ideias como "a maior bandeira nacional" ou o maior "assador de castanhas" ou a "maior árvore de natal" ou... etc etc etc. Sinto vergonha da nossa pequenez porque só mesmo ela é que justifica este desejo de sermos os "maiores" em coisas longe de essenciais para a qualidade de vida dos cidadãos.

Bom Ano para todos.

Cumprimentos,

João Pereira

Anónimo disse...

Ridículo e ofensivo. Só me congratulo que o sr ex vereador seja EX.

Anónimo disse...

Mais importante que os símbolos é o próprio país. Se o país é desprezado, desrespeitado todos os dias e de todas as formas tudo está de acordo. Há que ser realista. Os símbolos não merecem ser defendidos se atacamos o país.

postman disse...

Caro senhor ex-vereador, parece-me que tem toda a razão na indignação com que escreve sobre o tratamento que está a ter esse pequeno gesto que foi a capital de Portugal ter uma Bandeira Nacional que servia e serve de orgulho para quem a olha da Avenida da Liberdade. Quem por lá passa vê dezenas, para ser comedido, de turistas a fotografarem a Estátua do Marquês ou o parque Eduardo VII querendo ter por fundo a Bandeira de Portugal.

De facto recordo-me de até o comentador Perez Metello na TSF a propósito da economia da CML falar na Bandeira Nacional, grande símbolo do país, etc, que estava rasgada há 3 semanas e que isso demonstrava as dificuldades financeiras. Mereceu depois um artigo no Diário Económico.

Para os comentários que aqui estão aparecer de alguns pobres de espírito , porque de facto parecem que lhes falta uma "bandeira" que lhes dê uma causa, só poderei dizer que, de vez em quanto, faz bem à alma ler :
" Quem te sagrou criou-te portuguez..
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!"

aeloy disse...

Os nazionalistas do trapo e do pau espetado não percebem nada da idéia de pátria.
Essa é cultura e patrimônio que não tem nada a ver com um qualquer trapo e certamente não tem a ver com paus espetados para o guiness, sem nenhum enquadramento estético nem cultura e só fazendo prova de bacoquismo e parolismo.
Já não me lembrava que tinha sido idéia do “genial” Santana Lopes, acarinhada pelo "concertador" de panos estragados e pouco mais António Proa.
Por aqui me fico sem poesia nem nada.
António Eloy

postman disse...

Pois confirma-se: "sem poesia nem nada". Porque nada se tem para além das palavras que denotam um discurso, com escola, que tem vindo em crescendo na sociedade, cheio de arrogância, agressividade e muito pouca abertura à liberdade de opinião. "nazionalista", "pau" e "um trapo" reforçando com "sem nenhum enquadramento estético nem cultura e só fazendo prova de bacoquismo e parolismo." Mostra, na minha simples opinião, uma altivez intelectual que ofende quem respeita o direito à diferença. Uma bandeira é a história e cultura de um povo. É o símbolo que o une. Representa tudo e todos, os altivos e os bacocos. De todas as cores, de diferentes gostos culturais mais elitistas ou brejeiros, de diferentes orientações políticas e sexuais. Senhor António Prôa: faça o que estiver ao seu alcance, para que de novo o "pau" feito Mastro volte a ter "o pano" cor de bandeira, ali, naquele local, junto ao monumento de João Cutileiro, em memória dos capitães de abril e que simboliza a força viril e o vigor da Revolução.(descrição oficial do monumento)

Anónimo disse...

Agorajá não criticam, parece que tudo é permitido mas Lisboa ficava mais bonita com a bandeira.

Anónimo disse...

Lisboa sempre teve o seu mastro de honra no Castelo de S.Jorge. É ali que as bandeiras da cidade e do país devem flutuar. É ali que elas fazem sentido.

Quando para o alto do parque não penso no país penso em algo como "a minha é maior que a tua!"
O que está no alto do parque é um pesadelo monstruoso que deve ser deitado abaixo o mais depressa possível.
AO

Fernando Correia de Oliveira disse...

do ponto de vista urbanístico, o alto do parque é uma anarquia completa, com peças de lego que não jogam umas com as outras, desde o pirilau do cutileiro ao mastro e à bandeira, passando pelas colunas do estado novo, e sem esquecer os vendedores ambulantes (de toalhas e de carne). até o jardim do ribeiro telles se perde naquela confusão, onde não falta uma estátua do botero e um eleven ali colocado de para-quedas, tipo contentor. que bric-a-brac. ter colocado a bandeira nacional naquele sítio, sem qualquer contextualização ligada a um qualquer acontecimento marcante, também me parece síndroma do guiness, aparolado... mas já que lá está, é para estar em condições. hah.. e o sr. antónio eloy é muito malcriado. qual é a sua bandeira? não tem nenhuma?

aeloy disse...

Talvez a ironia não seja já usual nas novas gerações, incultas e vivendo à sombra da bandeira.
Não, não tenho bandeira, sou visceralmente contra todos os nacionalismos e entendo que esses só tem significado na cultura e património que é também a língua em mudança.

A má criação devolvo-a a quem do português e dos significados das palavras tem uma perspectiva parola.
Haja deus.
António Eloy

Fernando Correia de Oliveira disse...

presumo que haja deus seja ironia...

daniel costa-lourenço disse...

Nao acho nada parolo a colocação da bandeira nacional gigante num ponto visível da cidade, à semelhança das outras cidades europeias. è um símbolo nacional e até acho bonito e o local apropriado.

A subsituição pela bandeira da UE não me choca. Estamos na UE, tivemos a presidência...não é nada de outro mundo.

Pior seria se tivesse a bandeira espanhola ou outra. Mais esquisito seria se fosse uma bandeira de outro país de outro continente.

Agora que terminou a presidência deveria voltar a bandeira portuguesa.

E pronto. sem dramas.

Anónimo disse...

A substituição da bandeira de Portugal pela bandeira da União Europeia é uma afronta. Apoiado!

Gonçalo Cornelio da Silva disse...

A bandeira nacional quer se queira quer não, é um simbolo nacional, A Pátria, muitos portugueses morreram ao defendê-la deve ser respeitada pelo "...nobre povo nação valente...",não é só quando há futebol.
Substítui-la foi infantil. Mas, vergonha e parolo é quando um treinador de outro país vem exaltar o nosso patriotismo!

Anónimo disse...

Estranho estranho é que quem lá a pôs não tenha dito nada...

tramaram-nos? disse...

o sr. Proa devia ter vergonha das coisas emproadas e empoeiradas que escreve.
e deveria ter vergonha das bandeiras de cervejeiras e afins que durante 3 anos ornamentaram o Marquês de Pombal, património clasificado (resta saber porque, mas isso é outra história)durante os tempos do PSD na CML. A bandeira nacional não serve para concursos de tamanho
e como diz o paulo ferrero, abaixo o pau, viva a bandeira, em local apropriado que são os monumentos nacionais, os castelos ou outros locais simbólicos
Nuno Caiado

Anónimo disse...

Esta mega-bandeira é uma simples falta de gosto, mas desnecessário discutir os mesmos. Mas como a ideia veio de um tal Santana Lopes....nada de estranho.
Foi este mesmo senhor que demonstrou o seu "nacionalismo", quando foi entregar o projecto do
Parque Mayer a um tal Frank Gehry (como se não existissem excelentes arquitectos em Portugal).
Projecto esse que foi para o caixote do lixo, e custou uma pequena fortuna aos contribuintes.
Quando o patriotismo só serve para bandeiras.....adeus!

JA

Anónimo disse...

Só num país inviável é que nem a bandeira se respeita nem há orgulho por ter o símbolo de Portugal bem visível.

Em Espanha em França ou em Inglaterra têm outra postura. Por alguma razão têm outra pujança...

Em Portugal temos responsáveis políticos que trocam a bandeira nacional pela da Europa só para parecerem bem perante os europeus...

Anónimo disse...

Abaixo o pau?
É preciso é cacetada! Com pau, ou com a moca de Rio Maior...não há quem tenha mão nisto!

Anónimo disse...

No PSD uns têm dôr de corno outros andam a pôr os cornos aos parceiros

postman disse...

Essa do Frank Ghery é outra história..., ele o Forman Foster, Rem Koolhas ( o tal da casa da Música), etc . São escolhidos para fazerem obras de arte em países insuspeitos pelo seu desenvolvimento, com bons arquitectos. Mas aqui em Lisboa é "parolo" e "novo riquismo" e aí jesus que as comadres se zangam porque os nossos arquitectos, são tão bons, etc. A Obra de Frank Ghery para uma zona tão importante da cidade como o parque mayer ía ser um polo de atracção internacional, como são em Bilbao, Los Angeles, Berlin. Era um investimento. Quem pensar o contrário, a meu ver, pensa curto. Desse modo, quem tem que justificar o abandono deste investimento e o pagamento que se perdeu a Frank Ghery é o António Costa e Arquitecto Salgado.

aeloy disse...

Sendo que obviamente me desagrada o tom e a forma como esta discussão se prossegue, não quero deixar de referir que, sendo que para este "peditório" já dei o que tinha a dar e continuarei disponível para prossegui-lo noutro âmbito, que, repito, coloquei no meu blog com refêrencia a este debate uma "posta".
Quem estiver interessado nessa sistematização: www.signos.blogspot.com
CC
António Eloy

Anónimo disse...

Pois é....mas qualquer investimento (com o dinheiro de todos) deve ser previamente planeado.... e ancorado, a partir de processos democraticos e tranparantes. Essa história de encomendar trabalhos ao sr. arquitecto estrela, da maneira irresponsável como foi feito, nao tem lugar em democracia.
Mas estamos de acordo....é outra história.

JA

Anónimo disse...

este blog é do melhor
só partidarismos da terta, tudo fina flor do entulho, estala logo o verniz por coisas da treta...

o interesse da cidade é que nem vê-lo....

Anónimo disse...

Onde está o Dr. Lopes para defender a bandeira?! Oh Proa, tu ainda estás a defender a bandeira dos outros?!

Anónimo disse...

e os anormais partidários a mandar bocas de PS ou pSD para cá...tão doentes que estão que não conseguem avaliar a opinião de alguém, sem a dissociar de um partido...

sabiam que há pessoas que não venderam a alma ao um diabo (digo partido)e até pensam por si mesmas?