09/12/2009

Bispo auxiliar de Lisboa defende alteração do projecto da igreja de Troufa Real

In Público (8/12/2009)
Por Ana Henriques


«Padre António Colimão diz que a câmara ainda deve à paróquia de S. Francisco Xavier 200 mil euros de uma verba prometida num protocolo aprovado em 2001 para pagar os projectos

Perto de três mil contestatários no Facebook
"Igreja ficou exótica"


O bispo auxiliar de Lisboa D. Carlos Azevedo defende a alteração de alguns aspectos da polémica igreja em forma de caravela que o arquitecto Troufa Real projectou para o Alto do Restelo, em Lisboa, e cuja construção começou há três semanas.

O também director da Escola das Artes de Lisboa da Universidade Católica pensa que nesta fase inicial da obra ainda é possível rever, em diálogo com o arquitecto e com a paróquia de S. Francisco Xavier, "alguns detalhes" do edifício, que Troufa Real quer pintar em dourado, vermelho, verde e laranja, além do branco. "A igreja que está a ser iniciada não serve bem os cânones de uma estética cristã", escreveu recentemente o bispo auxiliar na sua coluna de opinião no Correio da Manhã.

Em declarações ao PÚBLICO, D. Carlos Azevedo diz que o templo idealizado por Troufa Real não só enferma de "um pouco de mau gosto" como não parece "respeitar os cânones do que é hoje a concepção de uma igreja". Ora "o arquitecto de uma igreja não pode fazer o que lhe apetece, mas o que serve à comunidade cristã".

No artigo que publicou, o bispo faz ainda críticas ao processo que, no final dos anos 90, levou à escolha do arquitecto. Segundo o responsável pela paróquia, o padre António Colimão, foi João Soares, nessa altura presidente da Câmara de Lisboa, quem escolheu Troufa Real - seu amigo - para desenhar o templo. "Não percebi porquê", acrescenta o padre.

Para o director da Escola das Artes da Universidade Católica, todo este processo evidencia alguns "elos fracos": "a falta de critérios de quem encomenda" a obra, mas também "a aceitação de presentes perigosos, tais como projectos pagos por autarquias selectivas do artista". Isto porque a câmara concedeu um apoio financeiro à paróquia para esta pagar os projectos da igreja.

Acontece que, segundo António Colimão, dos cerca de 225 mil euros que o município se comprometeu, por escrito, a entregar-lhe, faltam pagar 200 mil. Lembra-se de os ter solicitado no mandato de Santana Lopes e de a então vereadora das Finanças, Teresa Maury, lhe haver respondido: "Padre, não temos dinheiro". O que não significa que tenha desistido de reivindicar a verba em falta: "Acredito que a câmara há-de pagar".

Dos cerca de 25 mil euros que recebeu, entregou "qualquer coisa" a Toufa Real. Quanto, não diz. Tinha sido anunciado que o arquitecto trabalharia a título gracioso, mas afinal havia ainda uma factura a pagar. "Ouvi dizer que já não quer receber mais um tostão", refere o padre.

Desenhada com uma torre de cem metros, a igreja custará três milhões de euros só na sua primeira fase. D. Carlos Azevedo vê aqui mais um elo fraco: "a ausência de frontalidade para corrigir e recusar soluções onerosas para as comunidades, seja do ponto de vista económico, seja do ponto de vista da identidade eclesial". No patriarcado, a sua posição é sobejamente conhecida. O que não quer dizer que vingue perante a hierarquia eclesiástica.»

4 comentários:

Anónimo disse...

Seria bom que alguém investigasse bem as contas deste Sr. Padre Colimão. E mais não digo.

Anónimo disse...

Não resisto a publicar de novo o comentário que já havia feito em post anterior:

"Isto não é vanguardista, nem é novidade, nem tem qualquer referência a seja lá ele o que for, que venha a ter qualidade.
Seria bom, talvez, como bolo de aniversário para um catraio de dois anitos!
Enfim, como a única coisa que este tipo de projectos pretende, é ser polémico, por tal nunca se devia valorizar, e FICAR MESMO APENAS PELO PROJECTO!

Será que a falta de juízo de algumas pessoas desta época, vai levar à obra esta peça???

RIDÍCULO é isso, quem aprova e quem faz a obra. E não propriamente o projecto do "bolo", que nem sequer devia ter comentários, e ser apenas "comido".
Quanto ao autor, à sua boa maneira, está a ser polémico: objectivo conseguido, e deve ser aplaudido.

E que tal a opinião da Ordem dos Arquitectos sobre tudo isto?"

Anónimo disse...

Tudo leva a crer que a igreja vai ser construida numa área de cedência de espaço verde de um loteamento!
Se tal é de facto verdade, a cedência efectuada pela CML para a construção da igreja, primeiro noutro local, e agora neste, constitui um acto administrativo nulo que deve ser denunciado.
Será de confirmar a "origem" efectiva deste terreno, por quem de direito, mais não seja a IGAT...

Anónimo disse...

quer dizer agora nos vamos pagar 3000 pa este monstro ser erguido?!