Em vinte e tal anos tenho-a visto ficar mais pobre: os bons barbeiros morreram todos, a clientela é já quase só turística, o fabuloso mobiliário de época tem sido vendido ou partido, os estuques enfolam e até o mais que centenário espelho gigantes (proveniente de afamado bordel do final do séc. XIX) está cada vez mais opaco.
Acresce que os donos, ao que se sabe pouco interessados em propagar o estabelecimento mas antes em fazer bom negócio, o que ajuda à "festa".
A CML pouco se interessa por este Cabeleireiro de Homens que os turistas fotografam à pressa, porque os donos não permitam fotos, a não se por "requerimento oficial".
Ultimamente, o prédio onde está esta pérola do Chiado, tem sido objecto de gula da vizinha Benetton/Ramiro Leão, que lhe pretende fazerum "take over", deitando fora, claro, a pérola aos porcos.
Em tempos esteve montado um andaime (oportunista), que fez com que todos pensássemos que seria desta que o prédio (semi-devoluto e interditado nas traseiras) seria recuperado. Mas qual quê, foi só para fazer publicidade, paga, suponho. De lá saiu e a fachada e a cobertura que se danem no meio das "n" entidades que "tutelam" a Baixa.
Há uma outra curiosidade: no site de uma tal empresa esquisita chamada Diga Lisboa está a ser promovido (não se sabe muito bem por quem e com que base já que na CML nada existe de concreto) um "novo" prédio, corrido a fachada diferente, onde consta (valha-nos isso) a Barbearia Campos, em que moldes, desconhece-se.
A credibilidade da CML também passa por esta barbearia. Vamos a isso?
5 comentários:
Vocês não podem salvar um negócio que não quer ser salvo...
Com tanto cabeleireiro "criativo" (é ver os talhos e as padarias transformadas em cabeleireiros, por ex.) e modernaço que por aí há, se o prédio estiver recuperado, certamente que terá vontade em investir neste salão centenário. Coisas assim não abundam por cá, mas abundam lá por fora. É uma questão de estratégia de quem dirige para que as condições para excelência existam, e o nivelamento por baixo não seja a regra que prevalece.
Paulo,
se isto é no largo do Chiado, junto à paragem do 28, então é onde aqui o rapaz cortou o cabelo durante duas décadas, até a minha filha me oferecer uma máquina modernaça para rapar o cabelo. Logo, também tenho culpa no empobrecimento do negócio.
Pensava que já tinha fechado... :(
Cuidado que há aqui comentadores que não permitem "turismo" no "seu" Chiado. Portanto esta barbearia tal como muitos outros negócios antigos terão de ter pacìência e esperar pela clientela do bairro.
como é óbvio esta situação tem a grande dificuldade de pertencer a um privado.O que não quer dizer que a câmara não possa tentar fazer o possível por salvar o que deve ser salvo. Adoro o chiado,mas infelizmente este está cada vez mais pobre do ponto de vista do interesse social , cultural ou arquitectónico, é triste que assim seja. O Chiado, apesar de alguns esforços positivos tem vindo a perder a sua alma, bem como o resto da cidade. Está sujo e até, muitas vezes, desagradável o que é uma pena (até a própria cml pintou grafittis na rua do Carmo que passados seis meses das festas lá continuam). Esta barbearia, a mais antiga da Europa, bem com outras lojas, ou património cultural e arquitectónico devem ser preservadas custe o que custar, fazem parte da história da cidade e numa capital que cada vez mais se vê obrigada a virar para o turismo são de uma mais valia imprescindível. Já tanta coisa bonita e interessante desapareceu,quer pelo fatalismo do incêndio(no caso do Chiado) ,quer pela incúria de quem tem mandado ,quer pelo desprezo que muitos Lisboetas sentem pela sua cidade.A cidade não suporta muito mais perdas e a sua beleza e interesse não são infinitos.
Mais fotos desta barbearia em: www.lisboadiarios.blogspot.com
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