17/02/2022

Pedido de chumbo ao projecto da USF Ribeira Nova/SRU

Exmo.Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas
Exmo. Sr. Presidente do C.A. da SRU Lisboa Ociental
Prof. António Lamas


CC. AML, Vereadora do Urbanismo e Agência LUSA

Serve o presente para apelarmos a V. Exas. para que, contrariando uma prática de 15 anos de CML de demolições e construções novas na zona histórica de Lisboa, não aprovem a demolição do edifício do antigo Dispensário Central Rainha D. Amélia (hoje utilizado pela USF Ribeira Nova), demolição integral prevista no projecto de construção nova sob processo refª GU/2022/310, submetido à CML em Janeiro de 2022 e em apreciação pelos Serviços da CML.

Com efeito, este projecto da iniciativa da SRU Lisboa Ocidental - cuja oportunidade e justificação, aliás, se nos afiguram questionáveis, dado não só o preço base previsto de 2,6 milhões de euros da nova construção, como as obras avultadas por que este mesmo edifício passou há pouquíssimo tempo com vista à sua adequação às exigências de então (2014, foto 3) em termos de prestação de cuidados de saúde, obras essa também custeadas pelo erário público - implicará a demolição integral de um edifício que, embora adulterado por dentro e reconstruído há cerca de 25 anos, foi desenhado originalmente pelo arq. Carlos Ramos em 1932, com base em estudos de Raul Lino, seguindo um projecto tipo de construções para aquele fim, implementado por todo o país.

Pelo exposto e, certamente, também pelo facto de se tratar de um edifício perfeitamente enquadrado naquele lugar específico da Lisboa, numa zona histórica consolidada (São Paulo), “abrindo-se à rua”, este edifício que agora se pretende demolir (fotos 1 e 2), consta da Carta Municipal do Património (item 49.48 Antigo Serviço de Luta Anti-Tuberculosa, Instituto Rainha D. Amélia) e, como tal, não nos parece plausível defender-se a sua demolição, tratando-se, para mais, de um prédio em boas condições.

Acresce que o projecto de demolição integral, proc. GU/2022/310, defende a construção de um edifício claramente dissonante para a zona de São Paulo, um edifício monolítico de impacte intrusivo, cujo desenquadramento em termos da leitura do quarteirão é bem visível nos cortes constantes da montagem incluída memória descritiva (foto 3). O edifício proposto não tem nenhuma mais valia cultural, seja arquitectónica ou urbanística: a operação proposta resulta numa perda para a cidade por assentar em pressupostos meramente pragmáticos, o que não se afigura como critério suficiente para justificar a demolição do que lá existe.

Pelo exposto, renovamos o nosso pedido de reprovação a este projecto naquele local.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Maria Ramalho, Luís Carvalho e Rêgo, Pedro Jordão, Helena Espvall, Fernando Jorge, Luís Mascarenhas Gaivão, Martim Galamba, Pedro Malheiros Fonseca, Inês Beleza Barreiros, Fátima Castanheira, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Jorge Pinto, Gonçalo Cornélio da Silva, Carlos Boavida, João Oliveira Leonardo, António Araújo, Marta Saraiva, Raul Nobre, Nuno de Castro Paiva, Pedro Cassiano Neves, Virgílio Marques, Filipe Teixeira, Beatriz Empis, Maria do Rosário Reiche

4 comentários:

Anónimo disse...

https://www.simedicos.pt/pt/noticias/4460/a-realidade-vs-a-ilusao-do-orcamento-da-saude/ como se pode constatar neste site, o edifício não precisa de qualquer obra ou expansão para desempenhar a sua função...não não, no estado em que está- está óptimo !

Anónimo disse...

A pandemia de tuberculose que grassava em Portugal, levou a que em 1899, por iniciativa da Rainha D. Amélia, fosse criada A Assistência Nacional aos tuberculosos no nosso país, com a construção de diversos dispensários onde era assegurado o tratamento de tal doença.
Constituem esses edifícios um património histórico de valor incalculável que deveriam ser mantidos como repositório de uma período muito importante também para Lisboa.
Não pensam assim as entidades responsáveis deste país que desrespeitam tudo o que é histórico e antigo, natural e construído.
Neste caso, estamos perante um duplo desrespeito com a demolição do dispensário e da Oliveira centenária que o acompanha.
Esperemos que o bom senso prevaleça

Pinto Soares

Anónimo disse...

Perante os comentários está visto que os senhores(as) preferem valores arquitectónicos e históricos em relação à saúde. Também devem ter medico de família ou pertencem a uma classe privilegiada que não precisa de dos serviços de saúde públicos.

Lamento não fazer parte do vosso clube para poder escrever barbaridades!

Anónimo disse...

Exmos. Senhores, admitindo que a construção proposta pela CML é uma afronta para o bom gosto e não se integra na realidade urbanística, que sugestões podem ser sugeridas por vós para que esta unidade de saúde possa funcionar ?

Com os melhores cumprimentos,