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11/07/2016

TEATRO, nas ruínas do Teatro Romano!


26/03/2013

Câmara de Lisboa quer investir mais de um milhão no Capitólio


In Sol Online (25/3/2013)
LUSA

«A Câmara de Lisboa pretende investir 1,1 milhões de euros em equipamentos para o Capitólio, depois de a aquisição de mobiliário para o cine-teatro ter levantado críticas da oposição, já que o processo Bragaparques aguarda ainda decisão.

Em Outubro, a autarquia aprovou uma aquisição de mobiliário para o equipamento por cerca de 440.000 euros com os votos contra dos vereadores da oposição, que criticaram o investimento pela incerteza quanto ao processo para a anulação da permuta do Parque Mayer (onde se localiza o Capitólio) com a Feira Popular.

[...] O vice-presidente da Câmara, Manuel Salgado, vai propor na reunião de quarta-feira a aquisição de bens para "fornecimento, colocação e montagem de equipamentos diversos" no Capitólio à empresa Omnistal Electricidade, num montante total (com IVA) de cerca de 1,1 milhões de euros com um prazo de execução de 45 dias.

Manuel Salgado recorda que está em curso a segunda fase de reabilitação do equipamento, o que "tem em vista a manutenção do seu uso original enquanto cine-teatro, "mas com funcionalidades renovadas, dada a evolução das artes do espectáculo".

Por isso, o também vereador do Planeamento salienta, na proposta a que a agência Lusa teve hoje acesso, "a necessidade de se proceder à aquisição, fornecimento e montagem de todo o material técnico, respeitante ao projecto cénico essencial para que o edifício funcione para o fim pretendido"...»

05/06/2012

Teatro Luis de Camões (Cç. Ajuda)/ Ate​nção, é preciso, S.F.F.!

Resposta da SRU Ocidental:

«Exmos. Senhores,


Em resposta ao e-mail de 18 de maio, que agradecemos, vimos informar o seguinte:

1. A responsabilidade da operação de reabilitação do Antigo Teatro Luis de Camões pertence à Sociedade de Reabilitação Urbana Lisboa Ocidental, nos termos definidos na Proposta Nº 652/2011, aprovada pela Câmara, em 23.11.2011;

2. Quanto ao tipo de intervenção, transcrevemos o descrito no Programa Preliminar, elaborado pelos Serviços Municipais de Cultura e que faz parte do Caderno de Encargo, a cumprir pelos projetistas:

“No que diz respeito à sala de espetáculos a sua capacidade de espetadores deverá ser a permitida de acordo com a legislação em vigor, considerando que o espaço deverá manter as suas características funcionais, espaciais e decorativas, conservando na medida do possível a sua constituição original, nomeadamente, plateia e geral no piso térreo e uma ordem com camarotes e tribuna no primeiro piso”.

3. Acresce que tratando-se do projeto de uma intervenção num delicado edifício municipal, cujo acompanhamento e aprovação envolverão, nas suas principais fases, para além desta SRU, a CML e o IGESPAR, estas entidades não deixarão de ponderar devidamente preocupações como as que constam do vosso e-mail, entre as outras que lhes compete ter em conta no prosseguimento do nosso importante objetivo: Reabilitar o Teatro Luís de Camões.

Ficando ao dispor para qualquer esclarecimento adicional, com os melhores cumprimentos,


Teresa do Passo
Presidente Conselho de Administração»

...




Exmos. Senhores Deputados Municipais


Serve o presente para alertar V. Exas. da eventualidade do Teatro Luís de Camões, sito na Calçada da Ajuda, poder vir a ser alvo de projecto intrusivo, na sequência da atribuição do respectivo projecto de reabilitação ao Arq. Manuel Graças Dias, pela empresa municipal SRU-Ocidental.

Trata-se, como é do conhecimento de V. Exas.,de um teatro que é propriedade da CML, e que será intervencionado no âmbito dos projectos a desenvolver pela CML ao abrigo do protocolo de transferência das competências da extinta Sociedade Frente Tejo.

Fazemos notar que nada, absolutamente nada, nos move contra aquele conceituado arquitecto; apenas temos sérias dúvidas sobre se aquele belo e único "teatrino" de Lisboa, que não tem nenhum tipo de protecção legal, necessitará de outra intervenção que não seja, tão só, o restauro cuidado da sua sala e a modernização das suas infraestruturas de apoio técnico (cénico, camarins, cafetaria).

Toda e qualquer obra para além disso implicará, a nosso ver, sérias alterações numa sala de época (1880), valiosa por isso mesmo, que assim deixaria de o ser, perdendo Lisboa o seu único "teatrino", como já referimos. Desconhecemos o teor do caderno de encargos associado à Proposta nº652/2011 (em anexo) que dará corpo à intervenção agora adjudicada.

Junto enviamos fotos do site do IHRU (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4732), e do blogue S.O.S. Lisboa (http://lisboasos.blogspot.pt/2009/03/teatro-luis-de-camoes.html), onde V.Exas. poderão encontrar mais informação acerca deste teatro, que julgamos ser de recuperar, preservar e modernizar; e não de alterar ao gosto, ou à criatividade, seja de quem for.

Solicitamos, por isso, à CML para que especifique pública e claramente que tipo de intervenção será feita, uma vez que é do desconhecimento público qual será de facto a intervenção. Restauro? Modernização? Demolição de estruturas originais de valor patrimonial?

E apelamos à Assembleia Municipal de Lisboa para que acompanhe este processo! ... até porque, fazendo o Teatro Camões parte do Inventário do Plano Director Municipal ainda em vigor (1994) com o nº 32.17; e constando igualmente da Carta Municipal do PDM em revisão, que aguarda aprovação por essa Assembleia, tendo nele mantido o mesmo nº de código: 32.17; cremos que nunca será demais evocarmos nesta oportunidade essa distinção tão repetidamente atribuída pela própria CML!

Por último, consideramos confrangedora a situação a que assistimos, um pouco por todo o país, de completa ausência de protecção legal desta tipologia de património - cinemas, teatros, etc. E é lamentável que assim continue a ser.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Luís Marques da Silva, João Oliveira Leonardo, António Araújo, Nuno Caiado, João Leitão, Carlos Matos, António Sérgio Rosa de Carvalho, Jorge Pinto e Fernando Jorge


C.c. CML, Igespar/DRC-LVT, SRU-Ocidental, JF Belém e Ajuda, e Media

19/10/2011

Teatro da Politécnica. Amarelo, preto e de todas as artes

In I Online (19/10/2011)
Por Maria Catarina Nunes

«Desfalcados, exaustos, mas orgulhosos. Podia ser um grito de guerra, próprio dos tempos que correm, mas os termos são de Jorge Silva Melo, fundador e director artístico dos Artistas Unidos, que hoje inauguram uma casa nova, no Teatro da Politécnica, junto ao Jardim Botânico de Lisboa. Será a casa da companhia nos próximos três anos, nos termos de um contrato renovável com a reitoria da Universidade de Lisboa

A entrada é feita pelos portões do Museu de História Natural ou do Jardim Botânico. Entre as árvores, por detrás do edifício que agora está pintado de amarelo forte, está um escritório ao ar livre – uma mesa, cadeiras e computador – onde Jorge Silva Melo responde a e-mails e trata das papeladas próprias antes da abertura do novo espaço. “Nada mau, hã?”, recebe-nos de sorrisos e boa disposição, olhos no seu recanto de trabalho.

Dentro do edifício, o espaço é amplo: à esquerda, a bilheteira, que está a ser montada quando chegamos. Além dos ingressos, o pequeno balcão vai armazenar livros e DVD para vender. Ao fundo, atrás da bilheteira, a sala de grandes janelões de vidro que vai ser palco de algumas peças, mas hoje veste outra das roupas para a qual foi pensada: a exposição de Ângelo Sousa (entrada livre) também inaugura o espaço. Quadros de fundo brancos e pinceladas de cores sobre as paredes pretas; esculturas metálicas no chão, também negro. É do lado de lá desta sala, na rua, que Jorge Silva Melo montou o escritório (itinerante). “A instalação foi, e ainda está a ser, muito dolorosa. Houve alguns erros técnicos e falta de conversa, além de uma espécie de demissão da Direcção Geral das Artes, que apesar de anunciar esta abertura em quase tudo o que faz, não a mostra no seu site.”, diz Jorge Silva Melo. As obras de adaptação do edifício e o equipamento custaram 140 mil euros e a companhia contou com apoios da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Calouste Gulbenkian e do extinto Ministério da Cultura, actual Secretaria Estado da Cultura. A Reitoria da Universidade de Lisboa encarregou-se da reabilitação estrutural do edifício.

Dentro dos tais “erros técnicos”, está a concepção da primeira bancada do teatro – recorda-se da entrada, onde fica a bilheteira? Para entrar na sala de teatro principal, com 80 lugares de assentos vermelhos, basta virar à direita. Enquanto conversávamos com Jorge Silva Melo, e como é natural nestas andanças de novos costumes, chegava a vistoria ao Teatro da Politécnica, que inspeccionou também a tal bancada da sala principal: “A equipa tem estado a trabalhar das 8h às 01h para ter as coisas prontas”. Enquanto lá estávamos, a inspecção olhou de lado, de frente e provavelmente por baixo dos assentos e, apesar de uns acertos de última hora, parecia estar tudo encaminhado – e seguro – para a estreia de hoje à noite.

Números: O director artístico está satisfeito com a abertura do espaço. Mas apesar de sublinhar o estímulo que sente ao poder abrir um teatro num momento pouco dados a estes acontecimentos, revela estar preocupado com o futuro imediato: “O Ministério [da Cultura, extinto] prometeu comprar material, mas isso ainda não se realizou e temos comprado com os nossos ordenados. E também sabemos que não vamos fazer mais convites: se por cada um que faço tenho de pagar 23% do IVA, por amor de Deus, não me peçam convites que me sai caríssimo!”

Apesar de todas as preocupações que lhe possam rondar a cabeça, Jorge Silva Melo solta as palavras como o faz com o riso. Sem largar os sorrisos da mão, tanto fala sobre o bom que é haver muita oferta cultural como salta para o medo que pode sentir volta e meia:“Tenho receio que os espectadores, neste momento, só encontrem as respostas às ambições culturais nas grandes instituições. Quando vou ao Teatro S. Luiz ou ao Nacional, as salas estão cheias. Mas há muitos que antigamente tinham muita gente e hoje não vejo quase ninguém”. A preocupação de Silva Melo é mais marcada, quando se recorda que pode haver “um cansaço da curiosidade”. O que quer dizer que os espectadores podem preferir sair de casa sabendo aquilo que vão encontrar, “confortavelmente sentados, vendo um espectáculo de qualidade ou não, mas compreensível e esperado. Sentem-se confortáveis com essa saída à noite”.

De uma forma ou de outra, o Teatro da Politécnica arrisca. Além das peças, exposições e livros, os Artistas Unidos querem promover conversas com a plateia:“No outro dia falava com a Paula Rego e dizia-lhe que não teria sido mal pensado chamar A Casa das Conversas a este teatro. Porque um teatro é isso: uma casa onde se pode conversar”. É por isso que depois das peças haverá conversas e encontros entre actores, encenador e público no Teatro da Rua da Escola Politécnica. “O que eu queria muito é que isto fosse não a casa dos Artistas Unidos, mas a casa dos espectadores dos Artistas Unidos”.

Por agora, a companhia pode estar desfalcada (“muitos dos apoios financeiros prometidos não chegaram”), exausta (“a batalha para conseguir o espaço foi longa”) e orgulhosa (“por conseguirmos um sítio tão bonito, tão próximo da vida de tanta gente e ao mesmo tempo tão recatado”). E talvez se não fossem tantas as estrangeiras, de idade avançada, a parar volta e meia na secretária ao ar livre do encenador, querendo saber “where is bor-bo-le-tário?”, Jorge Silva Melo não teria apontado nenhum dedo.

ESTREIA Abrir o novo espaço da companhia com uma peça de teatro clássico podedar a ideia que os Artistas Unidos querem deixar uma mensagem de teatro clássico. Mas “Não se Brinca com o Amor”, escrita em 1830 por Alfred Musset não traduz segundas intenções:“A programação deste ano estava delineada e tivemos a hipótese de abrir o Teatro da Politécnica”, conta Silva Melo. “Calhou que nem ginjas”. A graça que Silva Melo encontra é dele ser esperado outra tipo de apresentação:“Peças destroy sobre a juventude de agora, drogando-se, suicidando-se, a morrer de amor. Mas eu gosto de me contradizer”. A peça de Musset fala da juventude que não é a de hoje: “Mas é de uma inovação extraordinária para a época. Começa como uma farsa, depois é uma comédia e acaba com tragédia. Um volte face permanente das emoções e da análise”.»

06/07/2011

Um novo teatro de autores está a nascer na capital

In Público (6/7/2011)
Ana Dias Cordeiro


«A luz branca da manhã entra em cheio na sala que vai ser de espectáculos, do Teatro da Politécnica, nova residência fixa dos Artistas Unidos (AU). O espaço, no coração de Lisboa, ainda está em obras. Mas não parece, porque a luz tudo limpa. E contrasta com o preto que cobre as paredes altas, nesta e na outra sala, a das Janelas, que será de exposições.

O edifício lembra um pavilhão de jardim e é esse o espírito do novo projecto dos arquitectos para o espaço onde vai nascer, a 19 de Outubro, um novo teatro de autores. Na nova casa dos AU que, desde 2002, andaram de sala em sala, sem residência fixa, depois da ordem de despejo, pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), do edifício d'A Capital no Bairro Alto, os espectáculos não terão mais do que dez actores e as peças serão, essencialmente, de autores contemporâneos.

"Gostaria que fosse um local onde se sentisse a escrita contemporânea." As palavras são de Jorge Silva Melo, durante uma visita com o P2 ao teatro, dias antes da assinatura, na semana passada, de um protocolo entre a sua companhia e a Reitoria da Universidade de Lisboa (UL) para os próximos três anos, renováveis.


Musset e Ângelo de Sousa

A escala não é muito grande para um teatro, mas a sensação é de espaço. Ao fundo, junto aos dois camarins, também banhados por uma luz plena, numa passagem sem porta, pode imaginar-se Elmano Sancho e Catarina Wallenstein a entrar no palco na peça de estreia do local: Não se brinca com o Amor, de Alfred de Musset.

Por ela passarão também outros jovens actores com quem o fundador e director dos AU tenciona trabalhar. "Acho muita graça aos princípios de carreira", diz o encenador. "De escritores" - Não se Brinca com o Amor, por exemplo, foi escrita quando Alfred de Musset tinha 24 anos. E de actores - "Gosto muito dos actores quando ainda estão a encontrar a sua voz." Mas Silva Melo vai querer também voltar a trabalhar com Maria João Luís ("um vício meu", diz), Lia Gama, Joana Bárcia. Miguel Borges e Manuel Wiborg vão voltar. Marco Delgado poderá também fazê-lo. Alguns actores deixaram o colectivo dos AU, fizeram outras opções, procuraram outros projectos. Há dez anos, a companhia chegou a ter quase 30 salários para pagar todos os meses. Hoje, fixas, tem 11 pessoas e, raras vezes, 30 pessoas por mês, a trabalhar. Na inauguração, haverá também uma exposição de esculturas de Angelo de Sousa, falecido em Março deste ano. "A Sala das Janelas é fantástica para escultura e as dele - pouco conhecidas muitas delas - são extraordinárias", continua o encenador.

As ideias fervilham para este horizonte de três anos, previsto no acordo com a Reitoria da UL que permite à companhia usufruir do espaço todo o ano, excepto em Maio, mês que fica reservado para os espectáculos do Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa (FATAL), até aqui sem lugar fixo. No orçamento previsto para obras de 350 mil euros, os AU entram com cem mil euros este ano e a reitoria com o restante. O protocolo prevê ainda que a companhia procure outros financiamentos. A Fundação Calouste Gulbenkian e a agora Secretaria de Estado da Cultura garantiram ajudas para equipamento, em valores ainda por definir. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) está neste momento em negociações com a companhia "para a celebração de um protocolo de apoio às futuras actividades no Teatro da Politécnica", fez saber o gabinete da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.

Mudança mas não total Desde 1973, quando fundou com Luís Miguel Cintra o Teatro da Cornucópia, Silva Melo encenou 140 peças e já passou por sítios muito diferentes. Sabe que um reportório se adapta à geografia do local. Neste caso, o local obriga a um reportório de teatro contemporâneo. E isso, só em parte, corresponderá a uma mudança de rumo.

"É uma mudança de rumo. Mas é também o que eu fazia n'A Capital. Aqui vou retomar o caminho que os Artistas Unidos tiveram lá. Mas A Capital não era só os Altistas Unidos. Era a ideia de um conglomerado de indústrias criativas, uma fábrica. Havia uma actividade transversal, com equipas de cinema, dança, etc... Aqui será mais uma sala de apresentação dos espectáculos dos Artistas Unidos."

Será um trabalho numa escala diferente àquela a que se habituou nas co-produções com o São Luiz, o Teatro Nacional D. Maria II, a Culturgest ou o Centro Cultural de Belém, mas também nalguns espectáculos que fez n'A Capital ou Teatro Paulo Claro (como passou a chamar-se quando este actor da companhia morreu num acidente em 5 de Maio de 2001).

O edifício, que foi sede, redacção e tipografia do jornal A Capital, foi cedido aos AU em 1999, pela Sojornal, nessa altura ainda proprietária e com o acordo da CML que, num processo de permuta entretanto já assinado em 2001, passou a deter a sua posse, lê-se na página dos AU na Internet. Seguiuse em 2002 uma ordem de despejo para a companhia. A companhia esteve no Teatro Taborda e Convento das Mónicas (mas este foi vendido para um hotel). Esteve no Braço de Prata, em Xabregas, onde agora é a Fábrica do Braço de Prata, nova morada da Livraria Ler Devagar, sala de concertos, exposições, restaurante e bar. Esteve também num casão militar perto de São Vicente de Fora, e noutras salas. O mais recente espaço, de onde saiu em Fevereiro último, foi uma garagem na Avenida Cidade de Luanda, nos Olivais.

Passaram quase dez anos, mas a história volta várias vezes ao ponto zero. E o ponto zero é A Capital, sonho acabado. "Isso nunca mais vai voltar a existir", diz. Para aí, Silva Melo chegou a pensar numa sala grande (com mais de 150 lugares), outra média e, ainda, uma pequena. No Teatro da Politécnica, a sala terá 110 lugares e um só cenário.

Antiga cantina

Já aqui houve teatro. Em 2008 foi um dos palcos do Alkantara Festival e, até 2008, esteve alugado ao Teatro Nacional D. Maria II. O espaço foi a cantina da Faculdade de Ciências, local de exposições e debates, de música com Lopes Graça e o seu coro da Academia dos Amadores de Música. No pós-guerra, final dos anos 40, quando Rui Mário Gonçalves e José Gil eram directores da parte cultural da Associação de Estudantes, Nikias Skapinakis teve aqui a primeira exposição com 17 anos. Aqui também se fizeram as primeiras conferências em defesa da arte abstracta e mais tarde se juntavam estudantes para a conspiração política.

O edifício tem uma história para ser contada. E Jorge Silva Melo também vai querer contá-la. Algumas das ideias que tem para o espaço traduzem-se em palavras num texto que escreveu sobre o novo teatro, e ao qual se colam palavras - como "juventude". Mas também nomes de autores contemporâneos com quem o encenador vai trabalhar. E de amigos, que Silva Melo filmou, como os pintores Angelo de Sousa e Álvaro Lapa: "Disponível, disponível é a juventude. Mesmo que seja incapaz, incompetente, estouvada, destrutiva. Mas é disponível", disse Álvaro Lapa. Silva Melo lembra isto a propósito da peça de estreia do espaço, em que Alfred de Musset, depois de um desgosto de amor, "inventa a juventude". Mais tarde, e depois de um clássico, o encenador voltará aos seus autores contemporâneos preferidos. Enda Walsh (n. 1967, Irlanda) com A Farsa da Rua W ou Giovanni Testori (1923- 1993), autor das novelas que deram origem a Rocco e os Seus Irmãos, de Visconti. Dias de Vinho e Rosas, de Owen McCafferty (n. 1961, Irlanda do Norte), é outras das peças já programadas até Dezembro.»

30/07/2008

Carlos Fragateiro exonerado do D. Maria II

In Diário de Notícias (30/7/2008)

«Teatro. Despacho conjunto das Finanças e Cultura

Decisão, formalizada na segunda-feira, só ontem comunicada ao encenador

O Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), presidido por Carlos Fragateiro, foi dissolvido por despacho conjunto dos ministérios da Cultura e das Finanças. Formalizada na segunda-feira, com efeitos práticos imediatos, a decisão só ontem foi comunicada ao encenador, pelo chefe de gabinete de José António Pinto Ribeiro. (...)»

Só uma breve nota para dizer que achoo este processo da substituição da direcção do Dona Maria II o grau zero da credibilidade, com contornos de ficção dignos de produções fictícias.

02/10/2007

D. Maria II procura um mecenato dinâmico

In Diário de Notícias (2/10/2007)
TIAGO PEREIRA

«O Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) reúne-se hoje com representantes de empresas nacionais de diferentes sectores para estabelecer acordos de mecenato. O objectivo, revelado ao DN pelo administrador do teatro, Amadeu Basto de Lima, não passa por um entendimento com um possível mecenas exclusivo mas sim por um "mecenato dinâmico, com vários mecenas oficiais e outros que colaborem com o D. Maria II em actividades pontuais". O administrador do TNDM adiantou também que os apoios que o teatro procura angariar (cerca de 1,5 milhões de euros) têm como objectivo "a contínua internacionalização das nossas actividades", com atenções concentradas sobretudo nos países da "nova Europa", no Brasil e nos PALOP. (...)»

E eu digo que ele precisa é de correr dali para fora com aquele espectáculo deprimente que é ver-se um teatro nacional transformado em café-esplanada, e de arranjar repertório, com urgência. Teatro de saltimbancos e pavilhão multi-usos na sala Garrett, não, obrigado.

17/07/2007

O D. Maria II tornou-se um autêntico mausoléu

In Correio da Manhã (17/7/2007)
Pedro Catarino

«Carlos Fragateiro, director do teatro nacional D. Maria II, entrou no Rossio em Janeiro de 2006 no meio de uma enorme polémica. Ano e meio depois não poupa os seus críticos e a gestão de António Lagarto. Diz que não pertence a um meio que vive fechado nele próprio e que cada vez mais vive dependente do Estado. Sobre o D. Maria II, afirma que o teatro estava parado há dez anos e que se transformou num mausoléu. Com a sua entrada, afirma, quebrou-se um ciclo. Quer chegar aos cem espectadores, transformar o teatro no farol do Rossio, levar as peças a todo o País e manter relações com África e Brasil. ...»

Ora, e agora é o quê?