22/12/2009

Arquitecto holandês quer praça subterrânea na colina do castelo

In Público (22/12/2009)



«Lieuwe Op"t Land idealizou um grande átrio debaixo da terra encimado por uma cúpula gigantesca, com lojas, restaurantes e elevadores para o castelo de S. Jorge

Um projecto de risco com custos exorbitantes


Um arquitecto holandês propôs à Câmara de Lisboa a construção de uma grande praça subterrânea e de elevadores em fossos escavados na rocha, no interior da colina do Castelo de S. Jorge, em Lisboa, como solução urbanística para o acesso da Baixa ao monumento.

Numa publicação que entregou por sua iniciativa na autarquia lisboeta, e a que a agência noticiosa Lusa teve acesso, o arquitecto de 86 anos Lieuwe Op"t Land, radicado em Portugal, defende a construção de um átrio subterrâneo ao nível da Baixa, por baixo do castelo, comunicando com este através de elevadores.

Além da construção de um grande átrio no interior da colina, encimado por uma cúpula de 20 mil metros quadrados de área, o arquitecto sugere que a rocha seja perfurada com furos verticais para aí serem montados vários elevadores, não só para visitantes e habitantes como também para o transporte de mercadorias.

Lieuwe Op"t Land propõe que este átrio seja "um local de encontro e de convívio social", com uma estação de metro, lojas e restaurantes em redor dos acessos aos elevadores. E planeou um túnel para o ligar ao Martim Moniz, com entrada pelo antigo Salão Lisboa. O projecto prevê a retirada de um milhão de metros cúbicos de terra da colina. O arquitecto, que reside na Ericeira, faz depender a viabilidade desta ideia de estudos geológicos destinados a determinar se existem condições de segurança, nomeadamente em termos de solidez da rocha, que permitam executar a obra. Mas considera esta uma solução arquitectónica exequível, graças às técnicas modernas da engenharia. Por decorrerem no subolo, estas obras não iriam trazer transtornos para os moradores nem fechar temporariamente o castelo, argumenta.

A Câmara de Lisboa confirmou ontem ter recebido a sugestão de Lieuwe Op"t Land, mas esclareceu desde logo que não a aproveitará. Quer pelos custos e pelos riscos a ela associados, quer porque está a preparar uma outra solução que passa pela colocação de escadas rolantes e elevadores dentro de dois edifícios já existentes, um prédio na Rua dos Fanqueiros e o mercado do Chão de Loureiro. A obra não ficará pronta antes do final de 2010. PÚBLICO/Lusa»

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A ideia de aproveitamento da rocha por debaixo do castelo, mais precisamente por baixo do terreiro da estátua a D.Afonso Henriques, não é nova.

Com efeito, já dois dos nossos colunistas o tinham feito, os Arq. Alves Coelho e Arq. Formozinho Sanchez, há anos, respectivamente, por perfuração do maciço logo à entrada da R. Costa do Castelo, depois das escadinhas do Chão de Loureiro, e por perfuração da rocha, junto ao terreno vazio (e, aparentemente, sem dono), defronte à porta do Chapitô.

Compreende-se a ideia: para se ter um acesso facilitado ao Castelo (monumento, bairro, freguesia) desde a Baixa, não chegam os elevadores e escadas-rolantes dentro de prédios, desde a Rua dos Fanqueiros até Chão do Loureiro e daqui à Costa do Castelo. Falta o resto.

Só que o resto é perigoso, muito caro e envolveria um projecto muito demorado com todo o transtorno que daí adviria. Por isso, acho que é melhor deixarmos o último troço de acesso ao cimo do monte para as ... pernas. É um óptimo exercício.

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Por outro lado, há sempre a tentação de intervir do lado do Martim Moniz. Por isso o estapafúrdio elevador de João Soares. Também aqui a solução poderia passar por percursos complementares de elevadores e escadas rolantes em prédios e terrenos municipais, embora já sejam poucos. Mas ainda há essa possibilidade: facilitar as pessoas a subirem até à Rua Costa do Castelo, mais uma vez. Além disso o Teatro Taborda agradeceria.

Contudo, o melhor meio de acesso "lá acima" desde o Martim Moniz continua a ser o eléctrico. Que se tirem de vez os carros que impedem a circulação dos eléctricos. Que as carreiras sejam mais frequentes.



Nota: Esta notícia também foi publicada no DN.

5 comentários:

Lesma Morta disse...

ele há cada um.

HOMOSAPIENS disse...

Mas que ideia mais estúpida desse arquitecto mais os outros dois aqui citados. Parece que querem tirar autênticidade a cidade, e mostrar aos que nos visitam que somos um povo que nem tão pouco sabe utilizar as pernas para andar e que adora descaracterizar os seus centros históricos.

"Construção de uma grande praça subterrânea e de elevadores em fossos escavados na rocha, no interior da colina do Castelo de S.Jorge, em Lisboa, como solução urbanística para o acesso da Baixa ao monumento" WHAT THE F***.

Isto só mesmo para rir, porque o projecto em si é SUPER MAU, mas se viesse a ser construído( rezo que não, mas com os políticos que temos, e aquela igreja a ser construída no restelo tudo é possível), teria defeciências estruturais. Se houvesse outro terramoto igual ao de 1755, que aconteceria. Nem quero imaginar e nem imagino porque este projecto nunca ira avante.

Cumpts.

Unknown disse...

epá! o que era mesmo bom era uma passagem aérea entre o bairro alto e o castelo... bastava subir uma vez e ainda se tinha uma bela visão do cimo do rossio... seria ultra-mega moderno.. e a passagem teria de ser com uma passadeira rolante..

isto das colinas até dá um bonito postal mas atrapalha..

Filipe Melo Sousa disse...

um milhão de metros cúbicos? ah valente! quem propuser o maior elefante branco leva alguma espécie de prémio?

Anónimo disse...

Que idéia mais descabida. Num clima económico e social como o actual, era mesmo disso que estávamos a necessitar.
Isto até faz todas as outras idéias mirabolantes parecerem razoáveis.
Luís Alexandre