27/12/2009

Cinemas clássicos são uma raridade

Ir ao cinema em Lisboa é, hoje, uma experiência radicalmente diferente do que há uns anos. São muitos os antigos cinemas que entretanto foram desactivados e muitos espaços encontram-se, inclusive, ao abandono.

Os antigos cinemas de Lisboa vivem actualmente três cenários distintos: uma ínfima parte continua em actividade, uns fecharam e viram o seu espaço reutilizado, e diversos outros encontram-se actualmente ao abandono, com situações urbanísticas indefinidas ou pendentes.

Londres, São Jorge, King e Monumental, com maiores ou menores alterações, são dos poucos espaços resistentes de outros tempos, sobrevivendo num tempo dominado pelos cinemas em grandes superfícies comerciais.

Para o crítico e divulgador de cinema João Lopes, o cinema enquanto "fenómeno de consumo mudou radicalmente" nos últimos anos, predominando actualmente um "público acidental", que consome a sétima arte "como uma variante do consumo dos grandes centros comerciais".

"As salas isoladas passaram a ser pouquíssimas porque cinema passou a ser concebido como uma variante do género de oferta comercial dos grandes espaços", frisou o crítico, distinguido este ano pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) pela sua actividade como divulgador de cinema.

O antigo Condes, que fechou em 1996, foi transformado em 2003 no Hard Rock Café, que alterou radicalmente o espaço da Avenida da Liberdade.

O Cinema Império, por seu turno, foi adquirido no começo dos anos 1990 pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Já o Olympia, inaugurado em 1911, foi um espaço que viveu diferentes etapas: foi um local cultural por excelência, até que no pós-25 de Abril começou a projectar filmes pornográficos. Foi abandonado em 2001 e, em 2008, o encenador Filipe La Féria adquiriu o espaço, que será reconvertido num espaço teatral com sala de espectáculos e uma escola de artes cénicas.

No bairro de Campo de Ourique existem dois antigos cinemas que marcaram a vida cultural de Lisboa: o Cinema Europa e o Cinema Paris. No caso do Europa, têm sido diversos os intervenientes culturais da capital a defender a reactivação do espaço como palco para um conjunto de indústrias criativas.

O caso do Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, é diferente: o espaço foi encerrado no final de 2007 por falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios. Na ocasião, o fundador do Quarteto, Pedro Bandeira Freire, tentou superar as adversidades técnicas, mas em Março de 2008 o responsável do espaço - que viria a falecer um mês depois - fechou a cadeado as portas.

In JN

3 comentários:

Julio Amorim disse...

"Londres, São Jorge, King e Monumental, com maiores ou menores alterações...."

Bem, as alterações ao Monumental foram bem profundas, pois passou de cinema....a entulho.

Filipe Melo Sousa disse...

Não vejo qualquer problema de oferta em cinemas na cidade de Lisboa. Abriram muito mais salas cinemas do que os que fecharam.

Os cinemas oferecem os filmes que a maior parte das pessoas quer ver. Pode é existir pessoas assim um pouco mais reaccionárias a quem a oferta não lhes corre de feição.

Xico205 disse...

Têm sempre o Cine 222 que dá filmes indianos. E o velhinho Cinebolso que continua a só exibir filmes pornograficos.