15/12/2009
Uma questão de Educação e Formação Humana
Em cidades como Genebra e Viena, esta é uma forma de vender jornais. Confesso que a primeira vez que vi estas caixas pensei que haveria um mecanismo tipo "insere a moeda - abre a porta". Fiquei surpreendido ao constatar que não existe mecanismo algum. Quem deseja comprar um jornal, insere o valor numa caixa mais pequena e retira o jornal. Alguém mal intencionado pode retirar os jornais que desejar sem colocar qualquer valor na caixa. Mas não estamos em Portugal. Retornando ao momento em que me apercebi que estas caixas estão à mercê de pessoas mal educadas e de deficiente formação humana, pensei logo que em Portugal nasceria uma nova classe profissional, tipo "arrumadores de carros", que todos os dias de manhã aguardaria pela chegada dos jornais para os retirar e vender noutro local qualquer. E por isso mesmo, não temos neste momento qualquer hipótese de atingir o mesmo patamar de desenvolvimento e qualidade de vida que estes paises. Simplesmente estamos num indíce de desenvolvimento mais atrasado. Ainda teremos de esperar algumas gerações.
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15 comentários:
ha varios paises/cidades onde usam sistemas semelhantes, seja para vender jornais, bolos, ou fruta e legumes.
não sei como fazem para funcionar, mas tem piada ver como funciona e ninguem rouba.
Eu cá sempre prefiro o modelo português que sempre dá para dar trabalho a alguém. Pelo contrário esses "desenvolvidos" procuram todos os meios para poupar em recursos humanos.
Já o Salazar mandava fazer buracos nas ruas para "criar" empregos. Bela filosofia.
estou a ver. olhaste para aquilo tipo boi olha para um palácio... também eu gostava de ir ao estrangeiro para ter essas experiências.
aqui temos jornais grátis (metro, destak, ..., que não são piores que aqueles que encontras nas caixas de Genebra) e jovens a ser pagos para os distribuir...
Caro Carlos Leite de Sousa,
[Antes de mais: não conheço os números austríacos; refiro-me apenas aos suíços.]
Fico sempre um bocadinho incomodado quando vejo referências à nossa "falta de civilização" e outros males nacionais nos termos em que o faz. Por qualquer razão, foge-me irremediavelmente o pensamento para quando se dizia que em Portugal não podia haver democracia "porque os portugueses não estão preparados".
A maioria dos comportamentos dos portugueses tem duas origens: o baixo poder de compra e a impunidade. Ou seja: os comportamentos dos portugueses são iguais aos de qualquer outro povo que esteja nas mesmas circunstâncias (pense aliás no comportamento de muitos estrangeiros "civilizados" residentes em Portugal e verá que a maioria adoptou o "nível de civilização" português - por causa da impunidade, que a eles parece uma lufada de ar fresco e nós, legitimamente, criticamos).
Vamos a factos, quer? Nas "caissettes" de jornais em Genève há cerca de 15% de roubos. A maioria dos jornais só as mantém por questões de imagem. Não têm moedas porque as diferentes experiências que foram feitas nesse sentido falharam: ou as "caissettes" se transformavam em caixas-fortes e o aumento de custo não compensava os roubos (os jornais põem quantidades relativamente pequenas de exemplares em cada "caissette"), ou as faziam relativamente simples e os roubos continuavam. Aliás, o último quotidiano de qualidade a aparecer em Genève - o Le Temps - optou por ter uma quantidade muito reduzida de "caissettes".
Dir-me-á "pois, mas a população de Genève é composta por 39% [38,9%, se quisermos ser exactos] de estrangeiros, dos quais a maioria (isto é o maior grupo: c. 19%) é portuguesa".
Eh ben, non: os roubos são maioritariamente perpretados por suiços - é um facto que reaparece a cada votação em que os estrangeiros são visados.
Os portugueses não vêm, feliz ou infelizmente (deixo-lhe o cuidado da escolha) de outro planeta. E respondem a estímulos semelhantes da forma semelhante à dos outros povos. A civilização mede-se pela maneira como as sociedades decidem organizar-se, e não nos comportamentos individuais.
O melhor comentario que vi ate hoje neste blog!
Parabens Luis Serpa.
Caro Luis Serpa
Em primeiro lugar agradeço o comentário construtivo. É o objectivo deste espaço de opinião. Tentarmos melhorar o que está mal, ou pelo menos, arranjar soluções exequiveis. Como me diziam na Andersen Consulting (actual Accenture) - "Não tentes inventar a roda". Se alguém faz melhor em alguma parte do mundo, vai buscar essa solução. E a verdade é que na Suiça a qualidade de vida é muito superior á nossa. Como tal não penso que o correcto seja essa justificação da mediocridade, mas sim copiar o que os outros fazem de melhor. O Japão evoluiu assim.
V. diz "A civilização mede-se pela maneira como as sociedades decidem organizar-se, e não nos comportamentos individuais". Mas o que é uma sociedade, caro Luis Serpa ? Ou pergunto-lhe de outra forma. Quem compõe a "sociedade"? Percebe que está a seguir a eterna desculpabilização.
Em relação a esta forma de vender jornais, não conheço os números que referiu e duvido que qualquer estatistica indique que os roubos, a haver, sejam perpetrados pelos Suiços. Já agora o número de estrangeiros, segundo o site oficial da cidade é de 45 % da população, e não o número que referiu. A verdadade é que continuo a ver não só o Le Temps, mas também o Le Matin ou a Tribune de Geneve a utilizarem este meio. E vejo as pessoas a comprarem os jornais desta forma. Mas o cerne da questão não é este, mas sim o facto de em Portugal jamais num futuro próximo, se poder implementar algo de idêntico. E como o titulo que escolhi indica, apenas demonstra falta de educação e formação humana. E isso incomóda-me profundamente, tal como devia incomodar á maioria, o que não parece ser o caso. Por vezes penso em duas fotografias lado a lado, uma de Genebra e outra de Kabul. E penso que nós estamos algures pelo meio. Só que uma maioria continua a empurrar para Kabul e apenas uma pequena minoria empurra em sentido contrário. Por mim vou continuar a lutar pela cidade onde nasci e sempre vivi, porque é onde gosto de estar.
Então não queira impingir para essa cidade onde nasceu e sempre viveu medidas estranhas à mesma.
1º Em Lisboa há distribuição de jornais gratuitos, quem quer vai lá buscá-los.
2º Os jornais pagos têm a edição online, quem não os quer comprar lê na net à borla. Porque o que paga os jornais é a publicidade. O que se paga pelo jornal de papel só serve para a despesa do papel e tinta.
3º Essa medida ia destruir o negócio das papelarias e quisoques de jornais.
Prefiro que fique tudo na mesma.
Quanto ao estarmos entre Genève e Kabul, tudo se resume ao sitio de compração que faz. Dentro de Lisboa consegue ter uma fotografia identica a Kabul e outra identica a Genève. Se não acredita, é porque não conhece assim tão bem Lisboa, e eu indico-lhe os sitios a tirar essas fotografias.
Caro Carlos leite de Sousa,
a) Comecemos pelo menos importante, se não se importa: "Quel est le pourcentage d'étrangers dans la population genevoise ?
38,9 % de la population résidante totale (453 439 habitants), soit 176 390 étrangers à fin 2008"
(http://www.ge.ch/integration/immigration-en-questions/)
b) De onde vêm os dados sobre a percentagem de roubos? dos jornais eles mesmos,
c) E de quem os rouba? Da polícia - fazem frequentemente controles às "caissettes" e as pessoas apanhadas pagam uma multa (elevada - a memória diz-me 140 Francos; não posso confirmar agora) no local e, naturalmente, os dados são-lhe transmitidos;
d) Quanto ao debate sobre a civilização et al.: podemos deixar para outra ocasião?
e) Quanto á luta pela cidade onde vivemos, e que amamos: estou inteiramente de acordo consigo. É por Lisboa que devemos lutar.
Um abraço cordial,
Luís
Caro Luis Serpa
Concordo com a menor importância da percentagem de estrangeiros. Mas apenas um pequeno reparo. V. está a confundir o Cantão de Geneve com a cidade de Geneve. São coisas distintas quer em termos populacionais quer territoriais.
Quanto ao debate da civilização, obviamente pode ser debatido em qualquer ocasião, mas é precisamente este o ponto fulcral e não as caixas de jornais. É uma questão de foco.
Caro Xico205
V. não compreendeu de todo o objectivo deste post.
Mas fiquei curioso em saber que sitios em Lisboa compara com Geneve e Kabul. Talvez me possa esclarecer.
Melhores Cumprimentos.
Compreendi sim senhor. Quer matar as tradições do que se faz em Lisboa, para pôr modas suiças!
Parecido com Geneve, o que para si deve significar arranjado, central e com lojas (não deve conhecer o resto de Geneve) poderá ser por exemplo a zona da Praça de Londres em Lisboa.
Parecido com Kabul, que para si deve significar, ser desorganizado com muito lixo e muito pó, pode ser por exemplo a zona industrial do Bº dos Sete Ceus na Charneca.
Por acaso até aprecio mais a vielle ville ou Carouge. E continua a não compreender.
Por acaso até aprecio mais a vielle ville ou Carouge. E continua a não compreender.
-Caros companheiros de blog, de dizer que genebra desde alguns anos(poucos) vem a mudar essas "caissettes" tradicionais, para meter tipo aquelas de Nova-Iorque. Só existe alguns(mas poucos exemplos)dessas "caissettes" à moda antiga.
-Caro Carlos Leite de Sousa, por favor não faça comparação entre Lisboa e as duas cidades que você mencionou, comparação que eu acho desnecessaria, por si só utilizar este "mobiliario urbano" como exemplo, para falar de mentalidades ou civismo.
Cada país tem a sua maneira de pensar, de ser, de sentir as coisas, por isso não existe comparação entre qualquer uma cidade europeia, mundial. Agora sim existe em Portugal exemplos de incivilidades( como em qualquer parte do mundo). Incivilidades como carros em cima dos passeios, Isso sim enerva-me ao mais alto ponto. Problema que espero que os políticos venham a resolver, muito em breve( deixem-me sonhar,loooool).
-Agora aquela parte do texto que diz que "Simplesmente estamos num indice de desenvolvimento mais atrasado". Atrasado em quê?!?! Porque somos menos ricos que a Austria ou Suiça, se for isso pode-se dizer que somos economicamente atrasados, isso sim. Agora não faça dessa palavra uma globalidade/generalidade. Porque em muitos aspectos somos mais evoluídos que esses dois países. Tomo disso como exemplo as nossa cultura riquíssíma, a nossa gastronomia, a nossa gente calorosa, etc,etc,etc...
-Parem de denigrar a vossa terra, e começem a respeitá-la, se isso acontecer já será meio caminho feito para a felicidade( mesmo que a economia nacional não ajude) :).
-Permitem-me dizer que aqui é CidadaniaLX e não CidadaniaMundus, se já existem problemas que chegue aqui, não é preciso ir buscar lugares ditos "perfeitos" para fazer comparações com Portugal/Lisboa.
-Gostaria eu de saber uma coisa, será que alguém sabe como estão os projectos do RENZO PIANO, AIRES MATEUS, JEAN NOUVEL, NORMAN FOSTER, MARIO SUA KAY e PAULO MENDES DA ROCHA, é que não encontro informação de como está a situação dos projectos destes arquitectos para a frente ribeirinha de Lisboa. Será que alguém me pode informar sobre esse assunto. Estaria grato.
Cumpts.
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