20/03/2019

S.O.S. Vandalismo no Palácio de Pintéus - CM Loures e DGPC


Exmo. Senhor Presidente
Dr. Bernardino Soares
Exma. Senhora Directora-Geral
Arq. Paula Silva

C.c AM de Loures, media


Como é do conhecimento de V. Exas., o Palácio de Pintéus *, sito no concelho de Loures, é de uma extrema importância histórica e arquitectónica para a região de Lisboa e para o país, nºao só enquanto criação maior do que hoje ainda possuímos de património erigido no primeiro quartel do século XVIII, designadamente pela sua pujança e beleza enquanto exemplar da arquitectura solarenga portuguesa, mas também pelas referências históricas e culturais que dele relevam, enquanto residência dos Vaz de Carvalho, a partir do seu fundador, José Vaz de Carvalho, Chanceler-mor do reino, entre outros cargos de relevo, passando pelos escritores Maria Amália Vaz de Carvalho e Gonçalves Crespo, e pelo fadista João Ferreira Rosa, seu proprietário até 2017, ano em que faleceu, e que o restaurou e reabriu à Cultura, designadamente à música, à política, à literatura.

Por isso mesmo, em 1996, foi aberto pelo então IPPAR um processo de classificação do imóvel, que, no entanto, viria a ser revogado e arquivado em 2005!

Acontece que, segundo notícias recentíssimas, o palácio tem sido alvo de desmantelamento deliberado de muitos dos seus elementos decorativos mais valiosos e que justificam os atributos arquitectónicos e históricos que relevámos acima, isto é, o seu extraordinário espólio azulejar que decora, entre outros locais, a famosíssima sala-de-jantar (juntamente com a do Correio-Mor é das primeiras em Portugal) e a extraordinária cozinha anexa; as cantoneiras em madeira que estão embutidas nos cantos dos silhares de azulejos e uma esplendorosa fonte barroca ao centro, provavelmente o melhor e mais celebrado exemplar do género entre nós.

É desse desmantelamento, a nosso ver completamente ilegal (decorre litígio de herdeiros (**) e existe penhora por um banco) e imoral (destruição propositada de um conjunto único no país, como já referimos), que aqui damos conta a V. Exas, em forma de S.O.S., solicitando os melhores esforços da Câmara Municipal de Loures e da Direcção-Geral do Património Cultural no sentido de tomarem as necessárias medidas para que os elementos “roubados“ sejam repostos nos seus locais de origem, o que neste momento ainda é perfeitamente possível, mas amanhã pode ser tarde demais, e diligenciem na classificação urgente de tão importante legado.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Cassiano Neves, Miguel de Sepúlveda Velloso, Júlio Amorim, Nuno Castelo-Branco, Ana Celeste Glória, Pedro Jordão, Virgílio Marques, Rui Pedro Martins, Filipe e Bárbara Lopes, Helena Espvall, Jorge D. Lopes, Maria do Rosário Reiche, Fernando Silva Grade, José Maria Amador, Jorge Pinto, Henrique Chaves, Fátima Castanheira e Sofia de Vasconcelos Casimiro (*)https://tvi24.iol.pt/sociedade/videos/quer-um-palacio-este-esta-a-venda
(**) Correcção: não existe qualquer litígio entre herdeiros. O nosso agradecimento ao mesmo, pelo esclarecimento.

2 comentários:

Unknown disse...

Esta notícia não é verdadeira, não há qualquer disputa entre herdeiros uma vez que só há um herdeiro, os azulejos alguns foram substituídos há anos e as cantoneiras estão em reparação lá mesmo na casa.
Parece que está carta serve outros interesses um pouco mais obscuros avaliando por algumas pessoas que a subscrevem.

Anónimo disse...

A noticia realmente em relação aos herdeiros não é verdadeira porque na habilitação só existe um. No entanto temos mais imprecisões nomeadamente no que respeita à penhora que não é só a um banco e também de notar que não se trata só de vandalismo visto que por exemplo a azulejaria foi substituída por outra de nenhum valor ou por estuque e a fonte barroca desapareceu.