28/07/2011

Frente Tejo SA. Governo desmantela empresa e poupa 400 mil euros anuais em salários

In I Online (28/7/2011)
por Carlos Ferreira Madeira


«A empresa criada pelo governo de José Sócrates para a requalificação ribeirinha de Lisboa tem os dias contados

O governo prepara-se para desmantelar a Frente Tejo SA, uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos constituída em Julho de 2008 pelo executivo de José Sócrates para requalificar a frente ribeirinha de Lisboa, cujo conselho de administração custou aos cofres do Estado 403 556 euros o ano passado. Este valor resulta da soma total de remunerações e contribuições sociais, subsídio de almoço, seguro de saúde, despesas com telemóvel, combustíveis e viatura de serviço.

A solução final para a Frente Tejo SA integra-se nos planos de redução de despesa pública do actual executivo para redução do défice orçamental. E este será um exemplo em que o governo pretende mostrar como é possível cortar nos gastos.

A Frente Tejo SA constitui, de resto, um caso único na administração do Estado, já que se encontra sob a tutela da presidência do Conselho de Ministros. Durante o governo socialista, Pedro Silva Pereira era o ministro que tutelava a pasta. Agora as competências passaram para o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, o braço-direito do primeiro ministro Pedro Passos Coelho. Segundo informações recolhidas pelo i, houve uma reunião entre Pedro Silva Pereira e Miguel Relvas para "passagem de testemunho" após as eleições legislativas de Junho e o dossiê Frente Tejo foi um dos que estiveram em cima da mesa.

A solução jurídica para desmantelar a Frente Tejo ainda está a ser estudada. O executivo pondera duas opções: integrar o legado da Frente Tejo na Parque Expo e distribuir os projectos pela Câmara Municipal de Lisboa, Turismo de Portugal e Ministério da Administração Interna. Isto porque a Frente Tejo ainda tem a decorrer três grandes projectos de intervenção, na Ribeira das Naus, no Terreiro do Paço e na Ajuda-Belém, todos em Lisboa.

O grande projecto da Frente Tejo é o novo Museu dos Coches (Ajuda-Belém), com um orçamento de 41,134 milhões de euros, dos quais 17,746 milhões estão executados e 36,293 milhões de euros comprometidos.

No Terreiro do Paço é preciso ainda fazer a ligação do Arsenal à Alfândega, recuperar as fachadas dos edifícios da praça, reinstalar o terceiro andar da ala nascente e completar a iluminação urbana. Já foram executados 9,030 milhões de euros e existe um orçamento de 5,68 milhões ainda por concretizar. Para a Ribeira das Naus estão orçamentados mais 11,825 milhões de euros para trabalhos no espaço público e trabalhos fluviais.

A Frente Tejo SA tem um conselho de administração presidido por João Biencard Cruz e três vogais: Rita Barata Cabral, Isabel Feijão Ferreira e Luís Pedro Catarino. Segundo o relatório de Gestão e Contas da Frente Tejo de 2010, a remuneração base de João Biencard Cruz ficou em 5871 euros mensais depois de o governo Sócrates ter cortado em 5% o vencimento dos gestores públicos, em Junho de 2010. Antes era de 6180 euros. Rita Cabral e Isabel Ferreira passaram a receber 5016 euros mensais, quando antes recebiam 5280. Já Luís Pedro Catarino recebe agora 9769 euros mensais - vencimento superior ao do presidente do conselho de administração -, quando recebia 7125 euros. Luís Catarino, que passou pela empresa Sim Tejo, optou por manter o ordenado anterior.

Aos quatro membros da administração junta-se uma estrutura de apoio com três pessoas - uma secretária, um assistente de direcção e um responsável administrativo - que custa 60 mil euros mensais.

A sociedade de capitais públicos também paga senhas de presença a três pessoas da mesa da assembleia-geral: 600 euros à presidente, Filomena Bacelar, 500 euros à vice-presidente, Clara Silva Santos, e 400 euros à secretário, Maria Pita Dias. A assembleia-geral reuniu-se 11 vezes em 2010, com um custo de 16 500 euros.»

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E também no Público, AQUI.

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A esta notícia, a confirmar-se, aplaudo-a de pé!!

7 comentários:

Anónimo disse...

Esta é uma excelente notícia!
Espero que o governo dê também uma espreitadela lá para os lados da Parque Expo, e por tudo na ordem.

Anónimo disse...

MUSEU DOS COCHES...

A maior aberração, na decisão de um governo que apenas demonstrou aquilo de que andava à procura - imagem, imagem, imagem...

Uma solução aberrante, uma péssima solução de eficiência energética que preteriu completamente o respeito pelo nosso património...

Esta nova obra destrói o casamento secular dos coches com o velho picadeiro real...

UM EXEMPLO EXTREMO DAQUILO QUE NUNCA SE DEVE FAZER - só nós Portugueses, para tolerar tanta atoarda dos nossos governantes.

A IMPLOSÃO DAS OBRAS QUE SE ENCONTRAM A DECORRER SERIA A LIÇÃO ADEQUADA PARA OS POLITIQUEIROS que para aí temos a tomar este tipo de decisões estúpidas e terceiro-mundistas... e conservavamos o património, respeitando-o, e valorizando a jóia preciosa que são as actuais instalações. Essas sim fazem a diferença entre o turismo internacional, com receitas de que tanto precisamos...

COM ESTA OBRA MATAMOS A GALINHA DOS OVOS DE OURO...

Anónimo disse...

Fina<lmente um GRANDE CORTE, nas despesas e na destruição do Património de Lisboa

- A notícia é incorrecta, pois a DESCARACTERIZAÇÃO DA RIBEIRA DAS NAUS ainda não foi iniciada (repuxos, lazers, palhaçadas do lóbi dos arquitectos-construtores), e tem de ser CANCELADA. Sugiro posição nesse sentido do Fórum a enviar ao Governo.

- Também no Palácio da Ajuda nada foi começado (projecto de adulteração de G Byrne (que nome fino ...). Deve ser cancelado

- E também cancelar a continuação das obras do MAMARRACHO DOS COCHES, as verbas do Casino eram para reabilitação e foram desviadas para esse monstro.


Apelo ao Governo para outra medida urgente : a DEMISSÃO da Admninistação do Porto de Lisboa, que anda a gastar à rédra solta ...

Viva a nossa querida Lisboa !

Anónimo disse...

e falta desmantelar a fraude da empresa equivalente da margem sul com o pseudo objectivo de reabilitar e construir no arco ribeirinho.

lmm disse...

Bilbau também deve ter aturado umas quantas opiniões semelhantes às do anónimo da 1:20 e 11:20

Ferreira arq. disse...

o lmm vive ainda no século passado... e anda a confundir o Rossio com a Betesga...

A questão ambiental e energética põe-se agora numa escala que não se antevia há anos atrás. Nessa data havia já suspeitas fundadas. Agora há certezas quanto à incapacidade de sobrevivência humanas ao nível dos consumos e eficiências energéticas comuns.

Há uma alteração dos valores de referência ao conceber e projectar novos edifícios, que não pode ser descurada numa obra pública tão referencial.
Para além da questão ambiental, a questão energética e funcional, completamente descuradas no edifício, são um péssimo exemplo num país despesista, no limiar da falência, em grande parte por vaidade e incúria.

A humildade na acção e o respeito pelo património, de facto não cabem no saco de algumas pessoas, principalmente de muitos dos nossos políticos...

Bilbau teve a sua "escultura" e todo o mérito; não desmobilizou qualquer jóia preciosa para esse efeito!

A avareza dos nossos políticos pela imagem, por marcarem o território... acabam a gastar o que não temos, nem podemos manter. Nem se gere a economia, nem se implementam obras que sirvam de exemplo, nem se respeita devidamente o património promovido pelos nossos antepassados que sabiam o que faziam...

TALVEZ TENHAMOS O QUE MERECEMOS...

Anónimo disse...

Bom dia
Talvez valesse a pena, pelas noticias absurdas que por vezes se publicam e depois se comentam sem conhecimento de causa, saber agora o seu autor o que realmente aconteceu ... (perguntar ao famoso MR que tanto apoio teve aqui dos comentaristas!)
Quando foi então extinta a Frente Tejo?
Quem a esteve a extinguir? (advogado? nome? amigo de quem? Quanto tempo depois do anuncio aqui apresentado e elogiado? O que esteve lá a fazer? quanto custou sem fazer uma obra?
Quando foi extinta a Parque Expo anunciada então pelo Dr(?) MR aqui tão apoiado?
quanto derraparam as obras da Frente Tejo? (0?)
Quanto derraparam as obras, em média, quando geridas pelas tradicionais instituições publicas?
Descaraterizar a Ribeira das Naus foi dar-lhe uma imagem do que era no seu início e para que fosse vivida pela população como vem acontecendo?
Que resultados teve até hoje para Lisboa?
O que aconteceu ao Cais do sodré?
Quem apareceu no Terreiro do Paço desde a notícia? (milhares de pessoas / estrangeiros diariamente?)
A Frente Tejo ter dinamizado toda a baixa, tendo conseguido animar e concessionar os edifícios publicos para zona de lazer ... potenciando o turismo ... não se apresentam resultados ao dia de hoje? (onde estão os H e M autores destas notícias?)
Ninguém se questiona o que faz ali o museu dos coches "fechado por fora" , mas pronto a abrir desde o dia da publicação desta notícia em 2011? (o que fez o Dr MR tão amigo destes comentaristas para o abrir com tantos interessados em pagar ao estado para o explorarem?)
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Enfim, são mesmo lamentáveis os artigos "gratuitos" ou as vozes do "desconhecimento" ...