30/07/2011

A nova vida do jardim lisboeta da Tapada das Necessidades


A nova vida do jardim lisboeta da Tapada das Necessidades
Por Inês Boaventura in Publico

Depois de recuperados os caminhos, foi lançado um concurso para transformar um antigo jardim zoológico num restaurante

A Tapada das Necessidades é ainda um tesouro escondido de Lisboa, mas aos poucos este lugar com uma riqueza histórica e ambiental ímpar começa a fazer parte da vida de quem mora na cidade e não só. Em boa parte devido à intervenção da autarquia lisboeta, a quem não faltam planos para dar uma nova vida a este oásis.
Esta semana a câmara lançou um concurso público para a exploração de um restaurante na Tapada das Necessidades, um jardim com dez hectares ao qual se acede através do largo com o mesmo nome ou do recém-aberto portão na Rua do Borja. O estabelecimento, que a autarquia pretende que tenha um "nível de exigência superior", irá funcionar num conjunto de edifícios onde chegou a haver um jardim zoológico.
Aí, em seis torreões rodeados por gradeamentos de ferro, eram albergados animais, como aves raras e macacos, "mandados vir de diversos lugares propositadamente para este local por D. Fernando II, para desenvolvimento dos conhecimentos sobre fauna dos príncipes D. Pedro e D. Luís". A explicação é de uma nota camarária, que sublinha a "enorme importância histórica" de que este conjunto, erguido entre 1848 e 1856, se reveste.
Cinco desses torreões, e um edifício construído mais recentemente no meio deles, vão ser concessionados a um privado, que terá de realizar os trabalhos de reabilitação e reconversão. E uma visita à Tapada das Necessidades é suficiente para perceber a dimensão da empreitada: a degradação do património edificado é evidente e o recinto do antigo zoológico está repleto de ervas daninhas e de entulho.
A câmara, que assumiu a gestão deste jardim há menos de três anos (no âmbito de um protocolo com o Ministério da Agricultura), ficará com o sexto torreão, para instalar "um espaço de exposição permanente dedicado à Tapada das Necessidades e à sua história e/ou para prestação de informações sobre assuntos relacionados com agricultura".

Primeira fase pronta
"A curto prazo", refere o assessor do vereador dos Espaços Verdes, a autarquia vai lançar outros concursos públicos, para a conservação e restauro do edifício da Estufa Circular, do muro da alameda e da Casa do Fresco, bem como do Largo Circular. Enquanto isso não acontece, foi já concretizada a primeira fase da recuperação dos caminhos e da rede de drenagem. E estão também a ser feitos estudos para a recuperação do antigo moinho e dos edifícios encostados à Rua do Borja.
João Pinto Soares, do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, reconhece que há melhorias visíveis no espaço e diz que ultimamente há "muito mais gente" a calcorrear o jardim. O próprio grupo e a Junta de Freguesia dos Prazeres têm dinamizado uma série de actividades, como visitas guiadas no primeiro domingo do mês, comemorações dos dias da criança e da árvore, piqueniques e aulas de tai chi chuan para crianças.
Ao fim da manhã de quinta-feira, uma família preparava-se para almoçar no espaço e por lá também passeavam um casal de idosos e dois jovens espanhóis. Pinto Soares garante que as visitas guiadas têm estado cheias e que ao fim-de-semana "a miudagem" enche o grande relvado existente. "E há festas e tudo", diz, feliz por ver que há cada vez mais gente a render-se aos encantos da Tapada das Necessidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Fui hoje passear à Tapada das Necessidades. É uma maravilha mas há ainda muito trabalho a fazer.