07/04/2006

3 dias de inaugurações reabertura Campo Pequeno

"Três dias de inaugurações marcam a reabertura da Praça de Touros do Campo Pequeno e vão revelar a polivalência do novo espaço de entretenimento de Lisboa. No dia 16 de Maio, um espectáculo de Filipe La Féria - com entrada reservada a convidados - terá como tema a festa tauromáquica e encenação semelhante à do famoso Emoções Ibéricas, de Salvador Távora. No dia seguinte, às 10.00, abrem as portas da galeria comercial. A 18 de Maio é a vez de este local reabrir para aquele que é o seu principal objectivo: as corridas de touros. O cavaleiro João Moura deverá ser cabeça de cartaz.

Outros eventos se seguirão. A SIC está a ponderar apresentar ali o seu programa anual de prémios Globos de Ouro, no qual a cantora boliviana Shakira é apontada com a estrela principal. No final do próximo mês ou no início de Junho o cantor romântico espanhol Júlio Iglésias deve subir à arena para um concerto. Este será apenas um dos eventos culturais que devem acontecer neste espaço. É que a nova Praça de Touros do Campo Pequeno está preparada para receber concertos, programas de televisão, congressos e, claro, as tradicionais corridas de touros.

"A organização dos espectáculos tauromáquicos fica a cargo da empresa gestora da praça de touros, a Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno (SRUCP), enquanto todos os outros eventos serão da responsabilidade dos promotores que queiram alugar o espaço", segundo informou ao DN, Góis Ferreira, dirigente da SRUCP.

Novas valências da praça

Recorde-se que a monumental Praça de Touros de Lisboa foi encerrada há cinco anos para ser recuperada e reabilitada. Com capacidade para oito mil lugares, a arena foi totalmente reestruturada. O edifício, classificado como imóvel de interesse público, terá uma cobertura amovível, que lhe permite receber todo o tipo de eventos ao longo do ano. O investimento do rejuvenescido Campo Pequeno, segundo apurou o DN, é superior a 75 milhões de euros.

Com 7 mil m², a área de comércio distribui-se por dois pisos, oferecendo aos visitantes 2144 m² de restaurantes na praça e 829 m² de bares, e 60 lojas de decoração, moda, serviços e lazer, onde se destaca ainda um supermercado e oito salas de cinema. O torreão principal (virado para a Avenida da República) será ocupado por um restaurante de luxo.

Toda a área contígua ao espaço foi transformada em espaço pedonal, que terá também esplanadas, fontes com jogos de água e jardins. O novo Campo Pequeno apresenta ainda um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 1250 lugares, divididos por três pisos.

O Museu Tauromáquico, um espaço que esteve sempre previsto para o Campo Pequeno, ficará no piso térreo, na zona de entrada para os restaurantes, e por cima dos curros - local onde os touros permanecem antes de entrar na arena. Assim, os visitantes podem conhecer in loco como são os bastidores de uma corrida."


Saúda-se a reabertura da Monumental do Campo Pequeno, ainda que este projecto concreto tenha os seguintes inconvenientes:

- A rentabilidade da obra parece passar pela exploração a preços ultra-inflaccionados das galerias comerciais, no fundo de mais um centro comercial no centro da cidade;
- Não se entende a política de abertura continuada de salas de cinema multiplex, numa zona em que deixaram morrer uma série de salas de cinema;
- Os estabelecimentos de restauração, em vez de serem direccionados para a vertente "festa brava" (como por exemplo o projecto do ex-forcado Eurico Lampreia previa ... e há-de ser patrocinado por Espanha!), contempla mais pizarias, mais fast food, etc.;
- A entrada para os pisos subterrâneo, defronte à fachada principal, é um perfeito exagero e atenta contra a estética do edifício e da praça envolvente;
- À custa das obras foram derrubadas dezenas de árvores do lado nascente;
- Os elevadores do parque de estacionamento chocam e desfiguram o jardim;
- Os perfis das janelas são agora de alumínio e na maior parte delas nem sequer se respeitou a traça antiga;
- A polémica cobertura é de gosto duvidoso e está por provar a sua compatibilização com o estatudo de Imóvel de Interess Público;
- A recuperação da praça de touros trouxe, na prática, a hiper-inflacção do custo por m2 das casas da zona, que estão para arrendar e/ou vender;
- E como se tudo não bastasse, sob a capa da revitalização (efectivamente necessária) do espaço é-nos dado ver mais uma operação imobiliária de larga escala.


PF

1 comentário:

Anónimo disse...

Por um Campo Pequeno sem Touradas, livre de sofrimento, de sangue e tortura de animais.

Manifestação 18 Maio, 20h00 Campo Pequeno

www.animal.org.pt