In Público (4/5/2006)
"A vereadora da Mobilidade, Marina Ferreira, anunciou ontem, em conferência de imprensa, a instalação de dois radares na Avenida de Ceuta. "Já foram colocadas lombas e uma passagem superior de peões. Vamos colocar agora dois radares. Vai ser a única zona de Lisboa com todo este conjunto de medidas", disse. Marina Ferreira aproveitou também a ocasião para acusar o vereador do PS Manuel Maria Carrilho de "leviandade política". Este usou, no seu entender, o caso do atropelamento na quinta-feira passada de uma criança naquela artéria para criticar o actual executivo camarário.
A vereadora explicou que só agora se referiu ao que se passou na semana passada na Avenida de Ceuta por uma questão de contenção e respeito. " Ficámos chocados e comovidos e por isso mantivemos contenção. Infelizmente, o mesmo não aconteceu com alguns colegas da vereação", afirmou. "Manuel Maria Carrilho disse que o actual executivo não tem em devida atenção a segurança dos peões. Eu relembro que em Dezembro de 2005 apostei no Plano Cidade Segura e que na última semana de Março, em sessão pública da câmara, apontei como prioridade a segurança dos peões em Lisboa", disse ainda Marina Ferreira. "Quem urbanizou aqueles bairros de um lado e do outro da Avenida de Ceuta tem um nome e é importante ter memória das práticas políticas do passado em vez de responsabilizar o actual executivo", afirmou.
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) atravessa hoje a Av. de Ceuta para colocar uma coroa de flores no local do atropelamento e alertar as autoridades para a insegurança da via. Em declarações à Agência Lusa, o presidente da ACA-M, Manuel João Ramos, congratulou-se com a rapidez com que a Câmara de Lisboa tomou medidas para minimizar o risco no local, mas considerou que é preciso fazer mais. Manuel João Ramos lembrou que o problema na Avenida de Ceuta começou com a construção das urbanizações gémeas da Quinta da Cabrinha e da Quinta do Loureiro para alojar os moradores do bairro do Casal Ventoso, atravessadas por uma via rápida com 11 faixas."
Com efeito, trata-se de uma medida necessária para evitar mais casos como o que vitimou aquela menina. Mas é apenas uma medida, pelo que tem que ser acompanhada por outras (lombas mais destruidoras de chassis, mais tempo para passagem de peões, sanções pecuniárias e judiciais pesadas para quem prevaricar, e construção de passagens de peões subterrâneas), caso contrário de nada servirá porque haverá sempre quem continue a acelerar na Avenida de Ceuta.
Mas, há que afirmá-lo sem rodeios: aqueles bairros foram efectivamente mal concebidos, e esse erro não se traduz somente pelos atropelamentos, como se sabe. Que fazer?
PF
04/05/2006
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