In Público (16/5/2009)
«Eventual inclusão de Sá Fernandes nas listas do PS nas próximas eleições continua a ser tema-tabu para o vereador e para António Costa
A realização de duas exposições de arte africana, orçamentadas em meio milhão de euros, vai voltar a ser discutida pela Câmara Municipal de Lisboa e explicada pela vereadora responsável pela iniciativa, Manuela Júdice, disse ontem o presidente da autarquia, António Costa.
Na quarta-feira, uma alteração orçamental de 500 mil euros que viabilizaria as exposições foi retirada da reunião semanal do executivo camarário na quarta-feira a pedido da vereadora Helena Roseta, apesar de resultar de uma proposta de Manuela Júdice, também eleita pelo movimento Cidadãos por Lisboa. "A vereadora Manuela Júdice ficou de dar explicações. Houve muita confusão e falta de informação, porventura porque nem eu nem ela estávamos na reunião", disse António Costa, citado pela agência Lusa. "Perante isso, veremos", acrescentou.
Em causa está a realização de exposições das colecções de arte africana de José de Guimarães e de Joe Berardo, no âmbito do projecto "Lisboa, Encruzilhada de Mundos", da responsabilidade de Manuela Júdice. Subscrita pelo vereador das Finanças, Cardoso da Silva, a alteração orçamental continha uma rubrica de meio milhão de euros destinada à realização das duas exposições. Foi esse o custo que tinha sido apurado pela vereadora Manuela Júdice para as duas mostras, depois de o presidente da câmara lhe ter pedido um orçamento.
A necessidade de instalar no Pátio da Galé, local do Terreiro do Paço onde as exposições iriam realizar-se este Verão, um sistema de ar condicionado é um dos motivos do elevado custo da iniciativa. "Pedimos para a proposta ser retirada e foi. Com o nosso apoio não será aprovada com este valor. Quando vier outra proposta veremos em que termos e com que montantes", disse na quarta-feira Helena Roseta aos jornalistas. "Não era uma proposta dos Cidadãos por Lisboa. Foi uma indicação pedida pelo senhor presidente à senhora vereadora Manuela Júdice", argumentou. Contactada pela Lusa, Manuela Júdice negou qualquer desentendimento com Helena Roseta, mas afirmou que o valor de 500 mil euros corresponde às "necessidades" daquelas exposições. "Não posso dizer que seja excessivo, embora num contexto de carência possa ser muito. Se as prioridades forem outras, não se faz", afirmou.
Gasto excessivo
Não foi apenas Helena Roseta que considerou o gasto excessivo. Também os vereadores comunistas Ruben de Carvalho e Rita Magrinho mostraram alguma estupefacção perante a intenção de gastar meio milhão em duas exposições.
"Aparentemente, a vereadora Manuela Júdice terá negociado essa verba com o presidente da câmara e com o vereador das Finanças. Ficámos com a ideia de que os restantes vereadores dos Cidadãos por Lisboa nem tinham tido conhecimento do assunto, ou, se sabiam alguma coisa, era muito pela rama", descreveu Ruben de Carvalho. "Helena Roseta começou por dizer que, como era um custo elevado, podia ser pago em duas vezes. Mas isso não faria reduzir o custo!", prosseguiu o vereador comunista. "Só depois sugeriu a retirada da proposta. Foi uma situação um bocado bizarra."
Parceiro de coligação dos socialistas na Câmara de Lisboa, também o vereador independente José Sá Fernandes não se mostrou adepto deste gasto imprevisto. "Parece-me um pouco excessivo", observou.
Entretanto, tanto Sá Fernandes como António Costa continuam a manter o tabu sobre a eventual inclusão do primeiro nas listas socialistas que concorrerem às próximas eleições autárquicas em Lisboa. O vereador viu o Bloco de Esquerda retirar-lhe a confiança há alguns meses. Questionado sobre o assunto, o presidente da autarquia respondeu apenas que "o essencial é trabalhar sobre um programa" eleitoral para a cidade. PÚBLICO/Lusa»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Um único comentário .... antes tarde do que nunca.
Com as carências da cidade de Lisboa e a falta de dinheiro para questões realmente importantes, um gasto desses é um insulto a todos os munícipes.
Luís R.
«Tabu», uma coisa que está na cara?
Ora bolas, usem o termo para tabus propriamente ditos.
Uma questão de acento agudo no u.
Isto seria cleptocracia ao melhor estilo africano...
O idota do Zé, noutros tempos, embargava.
Hoje limita-se a achar «um pouco excessivo». Talvez só um bocadinho, apenas.
Desculpem, esse põe-me fora de mim, com o seu comportamento de concordar agora com todos os atropelos e tropelias.
Enviar um comentário